Neste 28 de julho de 2023, o cantor, compositor e um dos maiores hitmakers da história da MPB – Guilherme Arantes – que completa 70 anos de idade! Autor de vários sucessos, o artista celebra 50 anos de carreira.
Com 50 anos de carreira, Guilherme é autor de uma série de grandes clássicos da MPB, que fizeram sucesso na sua própria voz e na voz de outros importantes nomes como: Caetano Veloso, Elis Regina, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Roberto Carlos e Belchior, influenciando toda uma geração da música popular brasileira que veio depois.
Por tudo isso e por muito mais, nós preparamos esta matéria especial para celebrar a vida e a carreira de Guilherme Arantes!
No fim desta matéria, você encontra uma playlist com os maiores sucessos do artista, em ordem cronológica de lançamento, para que você faça um passeio pela obra do aniversariante do dia! Escolhemos 50 sucessos em 50 anos de carreira.
O mestre do pop brasileiro
Nos anos 80, com seu dom para criar melodias cativantes e letras extremamente fortes e sensíveis, Guilherme Arantes chegou a colocar 12 músicas em primeiro lugar nas paradas de sucesso do país. Foi chamado pela Revista Rolling Stone Brasil de mestre do pop brasileiro.
A mesma revista colocou Guilherme na lista dos 100 maiores artistas brasileiros de todos os tempos, em 2008, ocupando a posição 93. Além disso, ele é um dos 20 artistas que mais tiveram canções incluídas nas trilhas sonoras de novelas brasileiras, com 27 músicas suas embalando as tramas das telinhas.
Crítico contundente e inteligentíssimo no que diz respeito a cultura de massas e ao mercado fonográfico, sempre defendeu os seus ideais dentro da música popular brasileira. Guilherme Arantes acredita que o verdadeiro artista existe para desafiar, oferecendo para um mundo preguiçoso a incerteza do novo, mesmo que para poucos.
Um dos maiores pianistas do país, também é um dos poucos brasileiros a integrar o hall da fama da tradicional fabricante americana de pianos Steinway & Songs e contribuiu decisivamente para o surgimento do estilo New Wave no Brasil, compondo – em 1981 – a canção Perdidos Na Selva, considerada a primeira música do gênero no país, junto com Júlio Barroso e Márcio Vaccari.
New Wave é uma vertente do rock, surgida no fim da década de 1970, com traços de pop e da música eletrônica e disco. Dançante e alegre, foi o gênero musical mais popular e influente do mundo na década de 1980, até o início da década de 1990.
Guilherme Arantes
Infância, juventude e influências musicais
Nascido em São Paulo, em 1953, Guilherme Arantes estudou piano quando criança e conta que não era um aluno excelente, daqueles estudiosos, mas acabava tirando as músicas de ouvido, com uma facilidade tremenda. Antes do piano, já tocava cavaquinho e bandolim.
Seu pai, médico, teve um papel determinante na sua formação musical: tocava violão super bem, com uma linguagem bem brasileira, regional/tradicional, com sambas, sambas-canção e chorinhos. Também levava pra casa discos do momento, da bossa-nova aos Beatles, sempre antenado às novidades.
Guilherme Arantes conta em seu site, que os discos mais ouvidos e que tornaram-se influência para ele foram: em primeiro lugar, Chega de Saudade, de João Gilberto; depois, Edu Lobo, Baden Powell, Elis e Tom (aliás, Guilherme cita Tom Jobim como seu “Rei Absolutíssimo”), Chico, Caetano, Gil, Milton e os mineiros do Clube da Esquina.
De internacionais, gostava de Glenn Miller, Ray Charles, The Beatles, Rolling Stones, Santana, The Who, Eric Clapton e muitos outros artistas da década de 60.
Guilherme Arantes conta também da sensação maravilhosa de presenciar o novo, com os Festivais de Música Popular Brasileira dessa época, vendo com os próprios olhos a chegada de uma geração de ouro da MPB. Ainda adolescente, fundou o seu primeiro conjunto, com amigos da escola, o Polissonante.
O início da carreira profissional de Guilherme Arantes
Em seguida, estreou como músico profissional, tocando na banda que acompanhava Jorge Mautner, apresentado por seu primo, Solano Ribeiro, e pelo maestro e seu grande incentivador, Rogério Duprat.
Guilherme Arantes acabou prestando Arquitetura e entrando na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a FAU.
Mas, já no segundo ano, conheceu o violonista Cláudio Lucci e se juntou a ele e ao baterista Diógenes para formar a banda Moto Perpétuo, que unia o rock progressivo à MPB, principalmente a música mineira que se fazia no Clube da Esquina, movimento com o qual Guilherme Arantes tem uma grande identificação. Logo, disse adeus à Arquitetura.
Em 1974, chegou a lançar um álbum com a banda, em que atuava como tecladista, pianista e vocalista. No disco Moto Perpétuo – que depois tornou-se um álbum clássico cult da MPB – compôs nove das onze canções, entre elas: Mal o Sol, Matinal e Os Jardins. Também faziam parte da banda: Gerson Tatini, no baixo, e Egídio Conde, na guitarra.
Meu Mundo e Nada Mais: a estreia em carreira solo
No ano seguinte, 1975, Guilherme Arantes já saiu em carreira solo e estourou imediatamente com o seu super hit Meu Mundo e Nada Mais, incluído na trilha da novela Anjo Mau, da TV Globo. Com o sucesso da canção, lançou – em 1976 – o seu primeiro álbum, Guilherme Arantes, aclamado pelo público e pela crítica.
No álbum de estreia, além de Meu Mundo e Nada Mais, estão os sucessos:
- Cuide-se Bem;
- e Nave Errante.
Em 2009, a Revista Rolling Stone Brasil colocou a canção Meu Mundo e Nada Mais na lista das 100 maiores músicas brasileiras de todos os tempos, na posição 87. Guilherme Arantes compôs essa canção sete anos antes dela estourar, em 1969, com apenas 16 anos.
Guilherme Arantes e sucessos
Em 1977, o artista lançou o seu segundo disco, Ronda Noturna, que conta com o super hit Amanhã e o sucesso Baile de Máscara.
Ainda nos anos 70, lançou os discos A Cara e a Coragem (1978) e Guilherme Arantes (1979), que conta com a clássica canção Êxtase.
No ano de 1980, Guilherme gravou o disco Coração Paulista e escreveu duas canções especialmente para Elis Regina e a pedido da cantora: Aprendendo a Jogar e Só Deus é Quem Sabe, que entram para o disco Elis e são um sucesso imediato na voz da Pimentinha.
Em 1981, Guilherme compôs a canção Deixa Chover, que explodiu como trilha da novela Baila Comigo. No mesmo ano, escreveu um dos maiores sucessos da sua carreira e uma das músicas mais importantes da nossa MPB, além de uma das principais canções nacionais que trata da questão do meio ambiente: Planeta Água. Com a canção, ficou em segundo lugar no Festival MPB Shell 81.
Nosso hitmaker participava do mesmo festival com a canção Perdidos na Selva (aquela que introduziu o estilo New Wave no Brasil), em parceria com Júlio Barroso e Márcio Vaccari. Mas, como não era permitido participar com duas canções do mesmo festival, a música ficou creditada somente ao Júlio.
Ainda em 1981, Guilherme participou da trilha sonora do filme nacional Menino do Rio, com a canção Sob o Azul do Mar, em parceria com Nelson Motta. Na continuação do filme – Garota Dourada, de 1984 – compôs três canções da trilha e ainda participou como ator.
Em 1982, lançou o disco Guilherme Arantes, muito bem recebido pelo público e pela crítica e que conta com os super sucessos:
- Lance Legal;
- O Melhor Vai Começar;
- e O Amor Nascer (Prelúdio).
Ainda em 1982, compôs a canção de sucesso Lindo Balão Azul, para o especial infantil Pirlimpimpim, da Rede Globo, interpretada por Moraes Moreira, Baby do Brasil, Bebel Gilberto, Ricardo Graça Mello e Aretha.
Em 1983, é a vez do álbum Ligação, com o qual emplacou os sucessos Pedacinhos (Bye Bye, So Long), Grávida e Grafitti.
No mesmo ano, Guilherme compôs – com Jon Lucien – a inesquecível canção Brincar de Viver – interpretada magistralmente por Maria Bethânia e um dos maiores sucessos de ambas as carreiras, que também entrou para o especial infantil Plunct Plact Zum, da Rede Globo.
Em 1984, Guilherme Arantes compôs – em parceria com o poeta Paulo Leminski – todas as canções para o especial infantil Pirlimpimpim II. E também lançou a música Fio da Navalha, que entrou para a trilha da novela Partido Alto.
Mais da Discografia de Guilherme Arantes
Despertar
Em 1985, Guilherme Arantes lançou o disco Despertar, que – além do hit Brincar de Viver – também conta com os sucessos;
- Cheia de Charme;
- Olhos Vermelhos;
- e Fã Nº 1.
Com esse disco, Guilherme entrou de vez no topo da cena pop brasileira, que contava com outros novos nomes como as bandas RPM, Rádio Taxi e Metrô, Baby do Brasil, Pepeu Gomes e Richie.
Calor
No ano seguinte, o Guilherme Arantes lançou o álbum Calor, trazendo os sucessos:
- Loucas Horas;
- Calor;
- e Coisas do Brasil, essas duas últimas, com o já mais constante parceiro Nelson Motta.
É de 1987 o disco Guilherme Arantes, que traz a canção Marina no Ar, parceria com Nelson Motta, em homenagem à cantora Marina Lima.
Também estão neste disco os sucessos: Ouro e Um Dia, Um Adeus. Esta última foi regravada por Vanessa da Mata, Leila Pinheiro, Isabella Taviani e Fagner.
Guilherme conta que escreveu a canção para a sua esposa na época, que ficou com ciúme por ele ter que gravar um clipe em que beijava a mocinha, vivida por Silvia Pfeifer:
“O que que eu faço para você me perdoar? / Eu sei te amar como ninguém jamais te amou”.
Romances Modernos
Em 1989, Guilherme lançou o álbum Romances Modernos, gravado na Califórnia e com os sucessos Raça de Heróis, Bom Humor e Muito Diferente.
Pão
Em 1990, foi a vez do álbum de inéditas Pão e, em 1991, o disco duplo gravado ao vivo Meu Mundo e Tudo Mais, com os maiores sucessos de sua já consagrada carreira.
Crescente
Em 1991, veio o disco Crescente, que Guilherme Arantes considera um dos melhores de sua carreira e que conta com os sucessos Sob Efeito de um Olhar, Sonho Latino e Ready For Love, esta última em parceria com Nelson Motta.
Castelo
Em 1992, o artista lançou o álbum Castelo, com o hit Lágrima de Uma Mulher e a canção O Espírito Secreto de Uma Vida (versão da música The Secret Life of Plantes, de Stevie Wonder), que contou com a participação de Gilberto Gil.
Clássicos
Em 1994, Guilherme Arantes gravou o disco Clássicos, produzido em Londres e com versões de grandes clássicos da música internacional dos anos 60 e 70, como Killing Me Softly (de Norma Gimbel e Charles Fox) e It’s Too Late (de Carole King e Toni Stern).
Outras Cores
Em Outras Cores, disco de 1996, ele retoma o seu trabalho mais pop e traz canções como Marca de Uma Estrela, Meteoros e Hora de Partir o Coração. Gravado na Califórnia, o disco também marca a estreia de Guilherme Arantes como videomaker, nos clipes de duas dessas suas canções.
Maioridade
Em 1997, lançou o disco acústico Maioridade, com uma revisão sonora e acústica de seus principais hits, incluindo duas inéditas: Mágica em Mim e Quando o Amor Falar Mais Alto. No mesmo ano, inaugurou o seu estúdio próprio, em São Paulo.
E ele não pára!
Guilherme Arantes
Em 1999, o artista lançou o disco Guilherme Arantes e, em 2000, entrou com tudo no terreno dos temas instrumentais, lançando um CD de solos de piano, chamado New Classical Piano Solos, com temas delicados e intensos, por meio de seu selo Verde Vertente Audio.
O disco teve o endosso da Steinway & Sons – uma das principais fabricantes de piano do mundo, localizada em Nova York. Tal fato abriu novas possibilidades a Guilherme Arantes e lhe rendeu um reconhecimento importantíssimo.
Em seguida, foi convidado para uma festa que marcava o centenário do nascimento de Wladimir Horowitz, uma das maiores lendas do piano de todos os tempos e também foi chamado para fazer um mini concerto para uma seleta plateia, no Steinway Hall, sala de concertos da Steinway & Sons em NY, acompanhado de músicos da Juilliard School.
Instituto Planeta Água de Pesquisas Educacionais e Ambientais
No ano 2000, mudou-se para a Bahia, para tocar o seu projeto social: o Instituto Planeta Água de Pesquisas Educacionais e Ambientais, uma fundação com proposta social e ecológica.
Dentro do projeto de Guilherme Arantes, estão o Instituto Planeta Água – que trabalha com plantio e replantio de mudas, conservação de manguezais, atividades de artesanato e educação ambiental com jovens e senhoras e a Pousada Estúdio Planeta Água – Produtora Coaxo do Sapo – que recebe músicos, com estrutura de estúdio, equipamentos e instrumentos para produção musical.
DVD ao vivo
Ainda em 2000, Guilherme lançou um disco ao vivo, gravado na Bahia, com seus maiores sucessos.
No ano seguinte, em comemoração aos seus 25 anos de carreira, lançou outro disco ao vivo, desta vez gravado em um show épico em São Paulo, resgatando a veia pop de seus sucessos já consagrados, além de apresentar as inéditas Prontos para Amar e Vai Ficar pra Mim. O disco também virou DVD.
Aprendiz
Em 2003, Guilherme Arantes lançou o álbum de inéditas Aprendiz, com sucessos como Casulo e Luar do Amor Misterioso. Em 2007, foi a vez do disco Lótus, que une pop, bossa nova, rock’n roll, com destaque para a música Blue Moon Para Sempre.
Condição Humana
Em 2013, já pelo seu selo Coaxo do Sapo, Guilherme Arantes o aclamadíssimo álbum Condição Humana, que conta uma série de canções inéditas, compostas já em sua fase na Bahia, como:
- Você em Mim;
- Cruzeiro do Sul;
- e O Que Se Leva (Temor ao Tempo), com participação de Marcelo Jeneci.
Em 2019, o álbum Condição Humana foi eleito, por absoluta unanimidade, o álbum da década – de 2010 a 2020 – na votação pública do site da Red Bull Brasil.
Flores & Cores e A Desordem dos Templários
Antes, Guilherme Arantes lançou os seus dois mais recentes álbuns, Flores & Cores – eleito o 13º melhor disco brasileiro de 2017 pela revista Rolling Stone Brasil – e A Desordem dos Templários, de 2021, em que mescla as várias nuances de seus trabalhos anteriores: rock progressivo, synth-pop e baladas.
Uma Viajante Alma Paulistana
Em 2018, também lançou o DVD triplo – Uma Viajante Alma Paulistana – dividido em 7 temporadas, em que conta as histórias dos então 40 anos de carreira e contextualiza, em depoimentos e músicas, a construção de sua discografia icônica.
Gostou de saber mais sobre a vida, a obra e os sucessos de Guilherme Arantes? Então escute também o nosso podcast original Novabrasil Acervo MPB, uma série de audiobiografias de grandes artistas da música popular brasileira, entre eles, o aniversariante do dia.