Aniversário de Ney Matogrosso: confira vida e obra do artista

Hoje é aniversário de um dos maiores, mais completos e mais talentosos artistas do Brasil: Ney Matogrosso faz 82 anos! Por isso, preparamos uma matéria especial em comemoração a esse ícone da música popular brasileira. Aproveite cada detalhe e faça um passeio pela vida, obra e sucessos de Ney Matogrosso!

Ney Matogrosso é um dos mais talentosos e completos artistas do Brasil | Foto: Marcos Hermes/Divulgação

 A voz de Ney Matogrosso é considerado a terceira maior voz da MPB de todos os tempos

Uma das mais belas vozes do Brasil – considerado pela Revista Rolling Stone como a terceira maior voz da MPB de todos os tempos e o trigésimo maior artista brasileiro de todos os tempos – Ney é múltiplo, praticamente um showman: cantor, compositor, bailarino, ator e diretor.

Sua presença e performance de palco brilhantes e marcantes, sua voz precisa – doce e ao mesmo tempo cortante – e sua versatilidade inigualável, fazem de Ney Matogrosso uma referência mundial no que diz respeito à música, estética artística e comportamento, deixando-nos hipnotizados por seu talento a cada vez que sobe em um palco, até nos dias atuais.

Com mais de 50 anos de carreira, e mais de 40 álbuns lançados, Ney é considerado um dos intérpretes brasileiros mais importantes e produtivos no cenário artístico e já gravou canções de grandes nomes de nossa música como:

  • Chico Buarque;
  • Milton Nascimento;
  • Cartola;
  • Tom Jobim;
  • Rita Lee;
  • Caetano Veloso;
  • Noel Rosa;
  • e Gilberto Gil

Ney coloca a sua personalidade em tudo o que grava.

Ney Matogrosso

O início de tudo

Nascido Ney de Souza Pereira, no Mato Grosso do Sul, em 1941, nosso aniversariante do dia já cantava, dançava e interpretava desde criança e, na adolescência, passou a cantar em bares da sua cidade natal, Bela Vista, e em cidades próximas, com um grupo de amigos. 

Aos 17 anos, decidiu deixar a casa dos pais para ingressar na Aeronáutica, mas desistiu e decidiu mudar-se para Brasília, onde trabalhou no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base do Distrito Federal.

Filho de pai militar, nesta época Ney Matogrosso já havia assumido a sua homossexualidade e sentia-se incompreendido pela família, rigorosa e conservadora, então qualquer pretexto para sair de casa e ganhar sua independência era importantíssimo para ele.

A paixão pela arte sempre falou mais alto e Ney, alguns anos depois, foi convidado para participar de um festival universitário de Brasília, onde chegou a formar um quarteto vocal. Depois do festival, atuou dançando e cantando em um programa de televisão da época.

Em 1966 mudou-se para o Rio de Janeiro decidido a ser ator. Nessa época, adotou a filosofia hippie e trabalhou com confecção e vendas de roupas e artesanato para se manter. 

Secos & Molhados

Neste período, viveu entre o Rio, São Paulo e Brasília, até ser apresentado pela amiga, a cantora e compositora Luhli para o músico, produtor musical, cantor e compositor João Ricardo, que procurava uma voz masculina aguda para compor um conjunto musical que estava formando e que já tinha quase todas as canções compostas especialmente para uma voz como a de Ney Matogrosso.

Foi aí que Ney ingressou para o icônico grupo Secos & Molhados, do qual fez parte por dois anos e com quem lançou dois discos de muito sucesso.

Adotou o nome artístico Ney Matogrosso em 1971, quando mudou-se para São Paulo para integrar o Secos & Molhados, uma das bandas mais importantes da história do nosso país, que trazia algo completamente inovador, apesar de ter influências tanto do rock’n roll quanto da MPB – principalmente da Tropicália – do pop psicodélico, do folk e de elementos rítmicos da música latina.

Apesar do curto período de duração, a banda transformou-se em um fenômeno de público e crítica.

Em sua formação original, o conjunto contava com Ney nos vocais, João Ricardo nos vocais, violão e gaita e Gérson Conrad nos vocais e violão. Eles começaram se apresentando em uma sala do Teatro Ruth Escobar e lotando os espetáculos com um público ávido por suas performances. Foi assim que receberam o convite para gravarem seu primeiro disco.

Capa do LP “Secos & Molhados” (1973) | Foto: Reprodução

Com seu visual andrógeno – uma novidade para o Brasil da época – suas maquiagens e figurinos super modernos, a performance da banda impressionava além da qualidade vocal e musical, mas também na atitude no palco.

Foram um dos primeiros a trazer o estilo chamado glam rock pro Brasil – muito comum na Inglaterra e popularizado por David Bowie – marcado por roupas extravagantes, pela androginia e por performances teatrais com muitos trajes futuristas, esbanjando energia sexual.

O grupo surgiu em meio a um tempo de repressão da Ditadura Militar no Brasil, com o cerceamento das liberdades democráticas, de expressão e das criações libertárias. Suas canções trazem também temas como a liberdade, pautas sociais e a paz, servindo como um respiro de alívio e esperança para o sufocamento vivido na época.

O primeiro disco do Secos & Molhados, com título homônimo, de 1973, vendeu mais de um milhão de cópias e conta com várias canções de João Ricardo, principal compositor do grupo. O álbum une a poesia de grandes autores com canções do folclore português e de tradições brasileiras.

Os sucessos de Secos & Molhados

Nos apresentou os mega sucessos:

  • O Vira e Fala (ambas de João e Luhli);
  • Sangue Latino (de João e Paulinho Mendonça);
  • Rosa de Hiroshima (versão de Gérson Conrad para o poema de Vinicius de Moraes);
  • Amor (versão de João Ricardo e João Apolinário);
  • Assim Assado (de João Ricardo);
  • Mulher Barriguda (de João e Solano Trindade);
  • e Róndo do Capitão (versão do artista para o poema de Manuel Bandeira).

O disco mudou para sempre a história da MPB e é considerado pela Revista Rolling Stone Brasil como o quinto maior álbum da história da música popular brasileira. Também está na lista dos 250 álbuns essenciais de todos os tempos de rock latino, elaborada pela revista norte-americana Al Borde.

Considerado uma obra-prima, criativo e experimental, o disco e a banda possibilitaram uma reinvenção da música pop nacional e sua estética traz algo que nunca existiu igual na música brasileira, nem antes, nem depois dos Secos & Molhados.

O álbum também foi lançado em Portugal, no México e na Argentina. Em 1997, com o relançamento do LP em formato CD, as mais de 250 mil cópias vendidas levaram o álbum a receber certificação de Disco de Platina.

Em 1974, a banda lançou o seu segundo disco, Secos & Molhados, na mesma linha do anterior, mesclando estilos e influências diversas e trazendo adaptações de poemas. Entre as principais canções estão:

  • Flores Astrais (versão de João Ricardo para o poema de João Apolinário);
  • Não Não Digas Nada (versão de João para o poema de Fernando Pessoa);
  • e O Hierofante (também versão do artista para o poema de Oswald de Andrade).

Neste mesmo ano, fizeram um show no Maracanãzinho que bateu todos os índices de público do local e atingiu a lotação máxima de 30 mil pessoas, deixando outras 90 mil do lado de fora. Também em 1974, o grupo saiu em turnê internacional. 

Logo em seguida ao lançamento desse disco, o grupo se separou e seus integrantes saíram em carreira solo. Ney Matogrosso já estava no caminho de se tornar uma das maiores vozes do Brasil.

A carreira solo de Ney Matogrosso

Em suas apresentações solo, o artista continuou usando e abusando das maquiagens cênicas e dos figurinos modernos e super ousados e assim é até hoje, um artista muito à frente de qualquer tempo. 

Em seu antológico primeiro espetáculo em carreira solo, ele aparecia na abertura vestindo em uma capa de papelão cru, pintado, com pelos de macaco, chifres e pulseiras de dentes de boi. O show apresentava uma sonoridade moderna, com músicas interligadas por sons de floresta.

Em 1975, o artista lançou o seu primeiro álbum solo, Água do Céu-Pássaro (referente ao show citado acima), em que interpreta composições de diversos artistas.

Entre as principais faixas, destacam-se o sucesso América do Sul (de Paulo Machado) e as canções:

  • Corsário (de João Bosco e Aldir Blanc);
  • Bodas (de Milton Nascimento e Ruy Guerra);
  • o mambo Cubanacan (de Moiséis Simon, Salvat e Chamfleury);
  • e a canção que abre o disco e abria o espetáculo: Homem de Neandertal (de Luís Carlos Sá, da dupla Sá & Guarabyra).

Em 1976, veio o segundo disco, Bandido, que consagra a sua carreira solo, com o super hit Bandido Corazion (de Rita Lee). Entre as faixas, também estão as canções:

  • Cante Uma Canção de Amor (de Odair José e Maxine);
  • A Gaivota (de Gilberto Gil);
  • e a clássica Mulheres de Atenas (de Chico Buarque e Augusto Boal).

O show do álbum Bandido é considerado um dos espetáculos mais ousados e performáticos da carreira do artista e algumas das músicas apresentadas no show entraram no próximo disco de Ney, de 1977, Pecado.

Entre as faixas desse disco – que traz a versatilidade de Ney Matogrosso e mistura gêneros musicais diferentes como o rock, a bossa nova e a música latina, estão:

  • Metamorfose Ambulante (de Raul Seixas);
  • Desafinado (de Tom Jobim e Newton Mendonça);
  • Tigresa (de Caetano Veloso);
  • San Vicente (de Milton Nascimento e Fernando Brant);
  • Com a Boca no Mundo (de Rita Lee, Lee Marcucci e Luiz Carlini);
  • Da Cor do Pecado (de Bororó);
  • além da já consagrada Sangue Latino.

Transgressor e revolucionário

No ano seguinte, Ney lançou o álbum Feitiço, também muito versátil no que diz respeito à mistura de ritmos e gêneros. Entre as canções: o super sucesso e clássico na voz de Ney Matogrosso, Bandoleiro (de Luhli e Lucina); as canções:

  • Sensual (de Belchior e Tuca);
  • e Angra (de João Bosco e Aldir Blanc).

Ney aparecia com o peito nu na capa do disco e a censura considerou o encarte “escandaloso” e “provocante”, mandando recolher todos os discos imediatamente e depois passando a vendê-los em um saco preto. Curiosamente, isso fez o álbum vender mais do que com a capa original.

Outra coisa que impulsionou as vendas do disco, foi a gravação da canção Não Existe Pecado ao Sul do Equador (de Chico Buarque e Ruy Guerra), que havia sido censurada cinco anos antes, no álbum da peça Calabar, de Chico.

Transgressor e revolucionário, Ney Matogrosso foi muitas vezes ameaçado pelo regime militar. Sempre apresentou no palco comportamentos, figurinos, canções e coreografias que expunham a sua masculinidade e sexualidade de forma livre e ousada, como um contraponto à repressão dos tempos de chumbo. Com seus posicionamentos e sua estética artística, Ney influenciou toda uma geração de artistas.

Mais discos

Em 1979, lançou o disco Seu Tipo, que traz – além da faixa título (de Eduardo Dusek e Luís Carlos Góes); as canções:

  • Falando de Amor (de Tom Jobim);
  • Ardente (de Joyce Moreno);
  • e a já consagrada Rosa de Hiroshima.

Em 1980, é a vez do álbum Sujeito Estranho, com destaque para a faixa título (de Oswaldo Montenegro);

  • Napoleão (de Luhli e Lucina);
  • Ando Meio Desligado (dos Mutantes);
  • Doce Vampiro (de Rita Lee);
  • Balada da Arrasada (de Ângela Ro Ro);
  • Rio de Janeiro (de Ary Barroso);
  • Um Índio (de Caetano Veloso) e O Seu Amor (de Gilberto Gil), ambas do disco Doces Bárbaros, de 1976.

No ano seguinte é a vez do disco Ney Matogrosso – 1981, com destaque para o hit consagrado na voz do artista, Homem Com H, forró de Antônio Barros, que traz uma reflexão acerca das convenções sociais manifestadas nos estereótipos de masculinidade; além das canções:

  • Deixa a Menina (de Chico Buarque);
  • Vida, Vida (de Moraes Moreira, Zeca Barreto e Guilherme Maia);
  • e Amor Objeto (de Rita Lee e Roberto de Carvalho).

Em 1982, lança o álbum Mato Grosso, com destaque para outros super sucessos de sua carreira:

  • Por Debaixo dos Panos (de Cecéu);
  • e Tanto Amar (de Chico Buarque).

Também estão no disco as canções:

  • Uai Uai (de Rita Lee e Roberto de Carvalho e com participação da cantora);
  • a clássica Promessas Demais (de Moraes Moreira, Zeca Barreto e Paulo Leminski).

A faixa icônica John Pirou, versão de Leo Jaime e Tavinho Paes para a canção Johnny B Good, de Chuck Berry, e que fala sobre a paixão de dois homens durante um jogo do Flamengo, foi proibida pela censura na época.

Em 1983, Ney se apresentou no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, ao lado de Caetano Veloso e João Bosco e a apresentação transformou-se em um disco com grandes sucessos das carreiras dos três artistas.

No mesmo ano, lançou o disco Pois É e a faixa que abre o álbum traz um pot-pourri com canções emblemáticas dos seus 10 anos de carreira. A faixa título (de John Neschling e Geraldo Carneiro), foi um grande sucesso, além das canções Até o Fim (de Chico Buarque); e Babalu (de Margarita Lecuona).

É ainda desse disco a gravação de Ney para a canção Pro Dia Nascer Feliz (de Cazuza e Frejat), responsável por lançar um ainda pouco conhecido Barão Vermelho ao estrelato, depois de projetada nacionalmente na voz do já consagrado Ney Matogrosso.

Em 1984, é a vez do disco Destino de Aventureiro, que traz outro sucesso de Cazuza, Frejat e Ezequiel NevesPor Que A Gente É Assim? – além da canção Pra Virar Lobisomem (de Cecéu); e do bolero Vereda Tropical (de Gonzalo Curiel).

Saiba mais sobre Ney Matogrosso e Cazuza
Ney Matogrosso e Cazuza. | Foto: Instagram/@neymatogrosso

Ney compositor, ator e diretor 

No ano seguinte, Ney lançou o álbum Bugre, com uma sonoridade pop e eletrônica, em que mostra o seu lado compositor, na canção que abre o disco, Dívidas de Amor, em parceria com Leoni, e também na música que vem na sequência, Vertigem, em parceria com o RPM.

É também deste disco a clássica versão de Balada do Louco (de Arnaldo Baptista e Rita Lee), além do samba-enredo História do Brasil (de Jorge Aragão e Nilton Barros).

Em 1987, Ney Matogrosso adota um tom mais sóbrio para o disco Pescador de Pérolas, gravado ao vivo na temporada do projeto A Luz do Solo, em que abandonava as maquiagens e usava um terno no lugar de seus figurinos característicos.

O repertório do elogiadíssimo disco conta com clássicos da música popular brasileira como:

  • O Mundo É Um Moinho (de Cartola);
  • Tristeza do Jeca (de Angelino de Oliveira);
  • Dora (de Dorival Caymmi);
  • Besame Mucho (de Consuelo Velazquez);
  • e Aquarela do Brasil (de Ary Barroso).

No ano seguinte, segue no mesmo tom, mais denso, com o disco Quem Não Vive Tem Medo da Morte, que traz entre as canções:

  • Tudo É Amor (de Cazuza e Laura Finocchiaro);
  • e Chavão Abre Porta Grande (de Itamar Assumpção e Ricardo Guará).

Em 1987, Ney atuou como ator no longa Sonho de Valsa, de Ana Carolina, e – em 1988 – no curta Caramujo Flor, de Joel Pizzini.

Em 1988, dirigiu os espetáculos Ideologia e O Tempo Não Pára, de Cazuza.

Em 1989, voltou para o seu estilo original, com o álbum Ney Matogrosso Ao Vivo, em que apresenta canções já consagradas em sua voz, além de gravações dos sucessos:

  • Comida (dos Titãs, Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto);
  • O Beco (dos Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna e Bi Ribeiro);
  • Andar com Fé (de Gilberto Gil);
  • e Morena de Angola (de Chico Buarque).

Em 1991, o artista lançou o álbum ao vivo, em parceria com o violonista Raphael Rabello, À Flor da Pele, com sucessos já consagrados de sua carreira, além de releituras de canções clássicas da MPB como:

  • Modinha (de Tom Jobim e Vinicius de Moraes);
  • Retrato em Preto e Branco (de Tom Jobim e Chico Buarque);
  • Último Desejo (de Noel Rosa);
  • Na Baixa do Sapateiro (de Ary Barroso);
  • As Rosas Não Falam (de Cartola);
  • Negue (de Adelino Moreira e Enzo Almeida Passos);
  • e No Rancho Fundo (de Ary Barroso e Lamartine Babo).

Ney dirigiu também o espetáculo Sou Eu, da cantora Simone, em 1992.

Mais e mais sucessos em sua voz

Em 1993, é a vez do disco As Aparências Enganam, ao lado do grupo Aquarela Carioca, que conta com o grande sucesso, clássico na voz de Ney, Pavão Mysteriozo (de Ednardo); além de outros clássicos como:

  • A Tua Presença Morena (de Caetano Veloso);
  • e Vendedor de Bananas (de Jorge Ben Jor).

Em 1994, o artista lançou o álbum Estava Escrito, com repertório composto somente por canções originalmente gravadas por Ângela Maria, em canções como:

  • Só Vives Pra Lua (de Oyhon Russo e Paulo Marques, e com participação da cantora);
  • Nem Eu (de Dorival Caymmi);
  • Recusa (de Herivelto Martins);
  • e Escuta (de Ivon Curi).

Em 1996, Ney Matogrosso lançou o disco Um Brasileiro, dedicado à obra de Chico Buarque, com canções como:

  • Construção;
  • Roda Viva;
  • Homenagem ao Malandro;
  • A Banda;
  • Partido Alto;
  • e Valsinha (essa última em parceria com Vinicius de Moraes).

Em 1997, o álbum Cair da Tarde, faz homenagem à obra de Tom Jobim e Heitor Villa-Lobos. Entre as canções, de Tom:

  • Tema de Amor de Gabriela;
  •  Águas de Março;
  •  e Pato Preto.

De Villa-Lobos:

  • Veleiro (Dora Vasconcelos);
  • Modinha (Manuel Bandeira);
  • e O Trenzinho do Caipira (Ferreira Gullar).

Em 1998, o artista comemorou seus 25 anos de carreira com o disco Olhos De Farol, que une canções de compositores de longa data com compositores novatos, como:

  • Miséria No Japão (de Pedro Luís);
  • Gotas do Tempo Puro (de Moska);
  • Vira-Lata de Raça (de Rita e Beto Lee);
  • a clássica e bela Poema (de Cazuza e Frejat);
  • Bomba H (de Alzira Espindola e Itamar Assumpção);
  • O Som do Mundo (de Samuel Rosa e Chico Amaral);
  • e Mais Além (de Lenine, Lula Queiroga, Bráulio Tavares e Ivan Santos).

No ano seguinte, Ney lançou o disco Vivo, do espetáculo originado do disco anterior, com sucessos novos e antigos de sua carreira.

Em 2001, foi a vez do álbum Batuque, com repertório formado por canções compostas entre as décadas de 1920 e 1940, incluindo clássicos originalmente interpretados por Carmem Miranda. Entre elas:

  • Tico-Tico no Fubá (de Zequinha de Abreu e Eurico Barreiros);
  • O Que é Que a Baiana Tem? e Vatapá (de Dorival Caymmi);
  • Adeus Batucada (de Synval Silva);
  • e E O Mundo Não se Acabou (de Assis Valente).

As luzes e cenários do espetáculo de Batuque foram dirigidos pelo próprio Ney Matogrosso, sendo definido por ele como “de teatro de revista’. 

No ano seguinte, lançou o álbum Ney Matogrosso interpreta Cartola, com canções do artista já gravadas por ele em outros discos, além das clássicas O Sol Nascerá (A Sorrir) e Peito Vazio (parcerias com Élton Medeiros); e Ensaboa. Em 2003, saiu o álbum ao vivo da turnê deste disco e o também o DVD.

Também em 2003, foi lançado o disco Assim Assado – Tributo ao Secos & Molhados, com versões das músicas do disco de 1973 na voz de outros artistas da MPB como:

  • Nando Reis;
  • Pitty;
  • Arnaldo Antunes;
  • e Toni Garrido.

Em 2004, Ney lançou o projeto Vagabundo, em parceria com Pedro Luís e a Parede. Entre as canções:

  • A Ordem é Samba (de Jackson do Pandeiro e Severino Ramos);
  • Seres Tupy (de Pedro Luís);
  • Transpiração (de Alzira Espíndola e Itamar Assumpção);
  • Disritmia (de Martinho da Vila);
  • Noite Severina (de Lula Queiroga e Pedro Luís);
  • Tempo Afora (de Fred Martins e Marcelo Diniz);
  • O Mundo (de André Abujamra);
  • e a faixa título, de Antônio Saraiva.

Sucesso de público e crítica, o álbum originou um espetáculo homônimo, do qual foram produzidos um disco ao vivo e um DVD, dois anos depois. Na versão ao vivo, ainda estão as canções:

  • Caio no Suingue (de Pedro Luís);
  • e Fé Cega, Faca Amolada (de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos).

Em 2005, Ney lançou o CD e DVD Canto em Qualquer Canto, com  regravações dos antigos sucessos  e duas canções inéditas Uma Canção Por Acaso e Duas Nuvens, ambas de autoria de Pedro Jóia e Tiago Torres da Silva.

Em 2007, estreou um dos espetáculos mais comentados de sua carreira, Inclassificáveis, que deu origem a um CD e DVD homônimo e permaneceu em cartaz até 2009, contando com apresentações pelo Brasil inteiro, com visual impactante e andrógeno, e sonoridade que trazia apenas guitarra, violão, percussões, programações e baixo.

Entre as canções do disco:

  • a clássica O Tempo Não Para (de Cazuza e Arnaldo Brandão);
  • a faixa título (de Arnaldo Antunes);
  • Veja Bem Meu Bem (de Marcelo Camelo);
  • Mal Necessário (de Mauro Kwito);
  • Existem Coisas na Vida (de Alzira Espíndola e Itamar Assumpção);
  • Divino Maravilhoso (de Caetano e Gil);
  • e o super sucesso Um Pouco de Calor (de Dan Nakawaka).

Em 2008, Ney atuou no curta-metragem Depois de Tudo, dirigido por Rafael Saar e, em 2009, protagonizou o filme Luz Nas Trevas, de Helena Ignez.

Ainda em 2009, lançou o álbum Beijo Bandido, com faixas como:

  • Fascinação (versão de Armando Louzada para a canção de Fermo Dante Marchetti, sucesso na voz de Elis Regina);
  • Nada Por Mim (de Herbert Vianna e Paula Toller);
  • A Bela e A Fera (de Chico Buarque e Edu Lobo);
  • Mulher Sem Razão (de Bebel Gilberto, Cazuza e Dé Palmeira);
  • Distância (de Roberto e Erasmo Carlos);
  • e Bicho de Sete Cabeças II (de Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e Renato Rocha).

O sucesso do disco gerou uma versão ao vivo, em CD e DVD, lançada dois anos depois

Em 2011, o artista participou do curta-metragem  Fca Carla, dirigido por Natal Portela; em 2012, atuou no filme Gosto do Fel, de Beto Besant; e lançou o documentário Olho Nu, dirigido por Joel Pizzini, um autorretrato em terceira pessoa que atravessa a carreira de Ney e reúne um rico acervo audiovisual.

Em 2013, lançou o álbum Atento aos Sinais e, em 2014, Atento aos Sinais ao Vivo, em CD e DVD, com composições de artistas diversos, como:

  • Roendo as Unhas (de Paulinho da Viola);
  • Oração (de Dani Black);
  • Freguês da Meia Noite (de Criolo);
  • Ex-Amor (de Martinho da Vila);
  • e Rua da Passagem (de Lenine e Arnaldo Antunes).

Em 2013, Ney Matogrosso participou como convidado do CD e DVD Infernynho, da cantora Marília Bessy, que traz canções sensuais e divertidas como:

  • Conga Conga Conga (de Santiago Malnati);
  • Fogo e Paixão (de Rose);
  • Bem-me-quer e Banho de Espuma (de Rita Lee e Roberto de Carvalho).

Ainda em 2013, Ney dirigiu e fez a iluminação do show Coração Inevitável, da cantora Ana Cañas.

Em 2019, o multiartista lançou o álbum Bloco na Rua – em plena forma vocal e física, no auge dos seus quase 80 anos – com canções como:

  • Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua (de Sérgio Sampaio);
  • Jardins da Babilônia (de Rita Lee);
  • Tua Cantiga (de Chico Buarque e Cristóvão Barros);
  • A Maçã (de Raul Seixas, Paulo Coelho e Marcelo Motta);
  • Yolanda (versão de Chico Buarque para a canção de Pablo Milanés);
  • Corista de Rock (de Rita Lee e Carlini);
  • O Último Dia, (de Moska e Billy Brandão);
  • e Como 2 e 2 (de Caetano Veloso).

Em 2021, ano em que completou 80 anos de idade, Ney lançou o seu mais recente álbum – Nu Com a Minha Música – com a faixa-título composta por Caetano Veloso, e outros sucessos como:

  • Quase Um Segundo (de Herbert Vianna);
  • Espumas Ao Vento (de Accioly Neto);
  • e Sua Estupidez (de Roberto e Erasmo Carlos).

Ney Matogrosso também é coreógrafo, iluminador e dançarino, atuando como diretor geral de seus espetáculos musicais e de outros artistas.

Quando mudou-se para o Rio de Janeiro, lá no fim de 1960, conseguiu com um amigo que trabalhava na Sala Cecília Meirelles o emprego de iluminador. Começou com um canhão de luz que usava para acompanhar os artistas no palco. Tempos depois, dirigiu as luzes de espetáculos de Chico Buarque, Cazuza, Nana Caymmi e Nelson Gonçalves.

Ney Matogrosso teve diversos sucessos em sua voz como temas de novelas.

Viva a potência que é Ney Matogrosso!

Escute também o Acervo MPB especial Ney Matogrosso, o podcast original da Novabrasil, que traz audiobiografias de grandes nomes da nossa música. Uma verdadeira enciclopédia da MPB!

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