Aniversário de Tom Zé: a vida e obra de um dos mais inventivos e criativos nomes da MPB

Tom Zé, um dos maiores, mais inventivos e criativos nomes da música popular brasileira de todos os tempos, completa 87 anos hoje, e nós preparamos uma matéria especial com parte da sua biografia para homenagear esse artista gigante.

Aproveite!

Foto: Murilo Alvesso / Divulgação

Tom Zé

O cantor e compositor baiano nasceu António José Santana Martins, em 1936, em Irará, interior da Bahia, a 120 quilômetros de Salvador. Sempre muito curioso, já criança tudo remoía seu pensamento, tanto os problemas, quanto os deslumbramentos do mundo.

Aprendeu a gostar de música ainda pequeno, ouvindo Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, samba-de-roda e os grandes cantores do rádio. A primeira música que aprendeu a tocar foi Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, na gaita. Aos 17 anos, descobriu o violão e sua vida mudou.

Em seu site oficial, conta que, ainda na adolescência, descobriu o livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, que lhe mostrou com uma amplitude nova o que era o seu Nordeste e o povo nordestino, algo que passou a permear muito o seu trabalho artístico.

Irará, a universidade e o encontro com outros grandes músicos

Logo depois, a música tornou-se mais central em sua vida e, em 1961, Tom Zé mudou-se para Salvador para iniciar profissionalmente como músico. Tornou-se diretor de música do CPC (Centro Popular de Cultura), onde ficou até 1964. 

Aos 26 anos, em 1962, passou em primeiro lugar no vestibular da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia e teve o privilégio de ser aluno da nata da vanguarda musical européia, como H. J. Koellreutter e Ernst Widmer. Na universidade, foi um dos membros fundadores do Grupo de Compositores da Bahia, de música erudita. 

Ainda em 1962, o jornalista Orlando Senna apresentou Tom a Caetano Veloso. Em 1964, o baiano participou do show Nós, Por Exemplo, junto com Caetano, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia.

O espetáculo inaugurou o Teatro Vila Velha de Salvador com um repertório de canções da bossa nova, de Dorival Caymmi e de cada um dos compositores do elenco. O espetáculo foi um marco e influenciou muito do que veio a ser produzido no eixo Rio-São Paulo em seguida. 

Arena Canta Bahia

Com o sucesso das apresentações, os artistas foram convidados para criar outro show no Teatro de Arena de São Paulo, em 1965, intitulado Arena Canta Bahia. Apesar do êxito dos músicos baianos no eixo Rio-São Paulo, Tom Zé quis terminar seus cursos na UFBA: voltou para Salvador e continuou a estudar, trabalhando também como jornalista no Jornal da Bahia

Em 1967, depois de se formar, foi professor de Contraponto e Harmonia na própria Escola de Música (onde deu aulas para Moraes Moreira, e inclusive, apresentou-o a seu maior parceiro de composição, o poeta Luiz Galvão, também dos Novos Baianos).

Tom atuou também como violoncelista da Orquestra Sinfônica e da Orquestra de Estudantes da Universidade. 

Mudança para São Paulo, Tropicália e primeiros álbuns 

Só em 1968, mudou-se definitivamente para São Paulo e venceu o 4º Festival de Música Popular Brasileira com a canção São São Paulo Meu Amor, ganhando ainda o prêmio de melhor letra com 2001, parceria com Rita Lee, que recebeu a interpretação dos Mutantes

Nesta época, Tom Zé iniciou – junto com outros grandes nomes da música popular brasileira como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Torquato Neto, Rogério Duprat, Capinam e Os Mutantes – o Movimento Tropicalista: movimento de contracultura, que transcendeu tudo o que já havia em termos de produção artística no Brasil. A Tropicália contemplou e internacionalizou a música, o cinema, as artes plásticas, o teatro e toda a arte brasileira. 

O movimento surgiu sob a influência das correntes artísticas da vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira, como o rock e o concretismo, misturando manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais, para criar algo inovador, que interviesse na cena de indústria cultural e de cultura de massas da época. E que representasse uma mudança de parâmetros, que atendesse também aos anseios da juventude da época.

Tropicália ou Panis Et Circense

Ainda em 1968, Tom lançou – ao lado de seus companheiros de Movimento Tropicalista – o álbum Tropicália ou Panis Et Circense. O baiano participou com a faixa Parque Industrial, uma crítica aos meios de comunicação de massa.

Gilberto Gil, Caetano Veloso, Rita Lee e outros grandes artistas na capa do disco ‘Tropicália ou Panis Et Circensis’ em 1968
Gilberto Gil, Caetano Veloso, Rita Lee e outros grandes artistas na capa do disco ‘Tropicália ou Panis Et Circensis’ em 1968. | Foto: Reprodução

Tropicália foi eleito o segundo melhor disco de música brasileira da história, pela Revista Rolling Stone Brasil, em 2007.

E para fechar 1968 com chave de ouro, Tom Zé lançou também seu primeiro disco solo, que levou seu nome e o subtítulo de Grande Liqüidação. As canções revelam o conteúdo de reflexão sobre a vida urbana, sobre a acelerada transformação de costumes na vida brasileira.  Entre os destaques (todas composições solo do artista.):

  • São Paulo, São Paulo;
  • Namorinho de Portão;
  • Profissão de Ladrão;
  • Catecismo, Creme Dental e Eu;
  • Parque Industrial;
  • e Não Buzine, Que Eu Estou Paquerando

Em 69, com Gal Costa, Tom Zé apresentou o show O Som Livre de Tom Zé e Gal Costa, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Tom e Gal namoraram por um curto período no início de suas carreiras.

Em 1970, o artista lançou o seu segundo álbum, Tom Zé, que trouxe músicas importantes como:

  • Qualquer Bobagem (parceria de Tom com os Mutantes Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias);
  • O Riso e a Faca;
  • e Dulcinéia Popular Brasileira.

No ano seguinte, seu terceiro disco, trouxe a clássica Menina Amanhã de Manhã (O Sonho Voltou), parceria com Perna Fróes; e Senhor Cidadão (parceria com Augusto de Campos).

Um artista único e inventivo: genialidade difícil de ser compreendida

O Tropicalismo permitiu que Tom Zé levasse para o movimento sua forma de compor, sua ruptura de padrões, que juntavam o folclore riquíssimo do sertão baiano, um certo primitivismo atemporal e uma elaboração extremamente avançada, à frente de seu tempo.

“Procuro fazer a antimúsica, porque se é pra fazer o que já está feito…”, diz o artista.

Isso tornou sua produção difícil de classificar, os rótulos não se colam a ela de maneira precisa, propõe problemas críticos e de conceituação. Seu quarto disco, o experimental Todos os Olhos, de 1973, comprova essa dificuldade de classificação e mostra o que Tom Zé buscava.

Sem ter como enquadrar sua música, as emissoras de rádio se afastaram e levaram Tom Zé ao esquecimento por parte do grande público. Pelos próximos 17 anos, ele sobreviveu fazendo shows em universidades pelo Brasil. 

Em Todos os Olhos, para afrontar a censura imposta pela ditadura militar da época, que barrava muitas capas de disco, Tom simulou uma bolinha de gude sendo segurada por um ânus.

A capa passou batida pelos censores, e só muitos anos depois se soube que aquela foto era a de uma boca segurando a bolinha de gude e não de um ânus. Entre as canções do disco estão a faixa-título, Quando Eu Era Sem Ninguém e Augusta, Angélica E Consolação

Em 1975, o artista trabalhou como ator e cantor na peça Rocky Horror Show, dirigida por Rubens Correia, no Teatro da Praia, no Rio de Janeiro.

Tom Zé (re)descoberto por David Byrne

No ano seguinte, o inventivo disco Estudando o Samba, traz faixas como , Dói e (parceria com Elton Medeiros).

O álbum foi redistribuído no final da década de 1980 – quando Tom Zé se preparava para deixar a carreira musical, por dificuldade de sobrevivência – pelo ex-Talking Head, David Byrne, que teria sido “fisgado” pela capa inusitada ao entrar numa loja no Rio de Janeiro em 1986, procurando discos e artistas para o seu próprio selo independente, Luaka Bop, que iria lançar em breve. 

A capa é quase inteiramente em branco, exceto pelo próprio nome da obra e do artista (bem menor) e por uma corda e um arame farpado que aparecem no rodapé.

Tom Zé queria, com essas linhas, fazer uma referência à ditadura militar então vigente no Brasil, e também à maneira rígida como o samba era executado, com seu ritmo sempre ditado pelos diretores de escolas de samba.

O álbum foi relançado no mercado internacional pelo selo de Byrne – por meio da gravadora Warner Music, em 1990 – em uma compilação chamada The Best of Tom Zé – Massive Hits.

35º melhor disco brasileiro de todos os tempos

O disco acabou sendo aclamado pela imprensa internacional, encantada com a inovação do músico, como os jornais norte-americano The New York Times e francês Le Monde; e a revista especializada norte-americana Rolling Stone, provocando uma reviravolta na carreira do baiano.

Depois, em 2007, Estudando o Samba foi eleito em uma lista da versão brasileira da revista Rolling Stone como o 35º melhor disco brasileiro de todos os tempos.

Antes disso, em 1978, lançou o álbum Correio da Estação do Brás – que conta com canções como:

  • Menina Jesus;
  •  Pecado Original;
  • Na Parada de Sucesso (parceria com Vicente Barreto);
  •  e a faixa-título. 

Tom Zé também trabalhou alguns meses na agência publicitária DPZ, responsável pela capa polêmica do seu disco, Todos os Olhos. Em 1978, em pleno ostracismo, deu um grande passo artístico, colocando sobre o palco do Teatro da Fundação Getúlio Vargas, em um show memorável, os instrumentos que construiu, como o hertzé, o enceroscópio e o buzinório. O primeiro, o hertzé, antecipou o que seria, em concepção geral, o sampler.

Em 1984, lançou o disco Nave Maria, ponto de partida para novos caminhos musicais posteriores, que traz canções como a faixa-título, Mamar no Mundo, Teu Olhar e Conto de Fraldas.

Ainda em 1990, o baiano lançou um disco em parceria com o violonista Gereba, seu conterrâneo, gravado ao vivo no Teatro Caetano de Campos, em São Paulo, para o Projeto Adoniran Barbosa: Cantando com a Plateia.

Em 1992, veio o segundo disco de Tom Zé na gravadora internacional, pelo selo de David Byrne – Brazil Classics, Vol. 5: The Hips of Tradition – The Return of Tom Zé – que apresentou canções como:

  • Ogodô Ano 2000;
  • Fliperama;
  • O Amor É Velho – Menina e Feira de Santana.

O artista fez shows em toda a Europa e Estados Unidos, onde colheu resenhas elogiosas. 

Sucesso internacional (mas, e o Brasil?)

Mas, o reconhecimento no Brasil estava difícil e shows em grandes capitais do país ainda não aconteciam. Após participar como ator do longa Sábado, de Ugo Giorgetti, Tom Zé começou os trabalhos para o lançamento do álbum Com Defeito de Fabricação, em que cada faixa traz um defeito, como: Burrice, Curiosidade, Politicar e Cedotardar.

O disco foi eleito pela revista americana Rolling Stone como um dos melhores da década de 90, e pelo jornal The New York Times como um dos dez melhores álbuns do ano. Tom Zé passou a ser chamado, nos Estados Unidos, de ”O Pai da Invenção”.

O álbum projetou o cantor e compositor também como performer, em uma turnê americana. As turnês européias confirmavam autor e repertório como alvo de interesse do público e da grande crítica internacional. O disco recebeu remixes de artistas como Sean Lennon, Tortoise e Stereo Lab.

No Brasil, o álbum foi lançado pela gravadora Trama, em 1998, e as portas para o cenário musical brasileiro seriam – finalmente e atrasadamente – reabertas para o baiano a partir deste trabalho. 

Antes disso, em 1997, Tom Zé compôs – em parceria com José Miguel Wisnik – a brilhante trilha sonora do espetáculo Parabelo, da renomada companhia de dança brasileira, Grupo Corpo.

Ainda em 1998, veio o disco No Jardim da Política, que conta com faixas como Democracia e Sobre a Liberdade (parcerias com Vicente Barreto), Classe Operária e Dólar. 

Em 2000, Tom Zé lançou o álbum Jogos de Armar (Faça você Mesmo), que não é um CD duplo, mas que vem com dois discos: um contém as músicas gravadas pelo artista e o outro (chamado CD Auxiliar – Cartilha de Parceiros), contém as bases para que o ouvinte remixe e crie suas próprias canções. 

O primeiro lançamento de Tom Zé por uma gravadora brasileira

Esse foi o primeiro lançamento do artista por uma gravadora brasileira – a Trama – depois de mais de 20 anos. Nele estão registrados, finalmente, seus instrumentos experimentais e ousadias formais que o colocam mais uma vez como desafio à criatividade musical de seu tempo.

Enceradeiras e cantos de lavadeiras nordestinas, expressões verbais contundentes e sonoridades remetendo a Cage e música medieval, recursos costurados numa força brasileira explosiva. Depois, foi lançado também em DVD, em 2003.

Entre as canções do disco:

  • Passagem De Som (parceria com Gilberto Assis);
  • Chamegá (parceria com Vicente Barreto);
  •  A Chegada De Raul Seixas E Lampião No Fmi;
  • e Perisséia (parceria com Capinan).

Em 2001, Tom Zé compôs mais uma trilha para o Grupo Corpo: Santagustin , desta vez em parceria com Gilberto Assis; e – em 2003 – lançou o disco Imprensa Cantada, expressando o que o artista chama de jornalismo cantado, quando os acontecimentos do presente são o motor das composições. Entre as faixas:

  • Língua Brasileira;
  • Requerimento À Censura;
  • Desenrock-se;
  • e Urgente, Pela Paz.

O próximo disco, de 2005, é uma opereta popular, Estudando o Pagode – Na Opereta Segregamulher e Amor (que remete ao Estudando o Samba, de 1976), as relações entre homem e mulher tomam a frente, sob a forma de duetos/duelos rítmicos e provocativos, divididos em três atos. Entre as faixas:

  • Estúpido Rapaz;
  • Mulher Navio Negreiro;
  • e Prazer Carnal.

O álbum conta com a participação de Jair Oliveira, Luciana Mello, Edson Cordeiro, Suzana Salles, Patrícia Marx e Zélia Duncan.

Mais álbuns de vanguarda

No ano seguinte, o disco Danç-Êh-Sá – Dança dos Herdeiros do Sacrifício,  tem como tema rebeliões e levantes das populações negras e indígenas do Brasil, não muito destacados pela história oficial.

Tom Zé fala desses acontecimentos em um disco eminentemente musical, fortemente rítmico, cujas vocalizações são formadas unicamente por onomatopéias e sonoridades verbais, sem recorrer a versos explícitos.

“Somos um país negro, somos herdeiros do trabalho e da cultura dessa raça que nos formou”, afrima o artista, falando sobre o Brasil.

O álbum – que conta com parcerias e com a produção de Paulo Lepetit – foi escolhido como o melhor de MPB em 2007, em votação popular.

Disco “Danç-Êh-Sá – Dança dos Herdeiros do Sacrifício” (2006), de Tom Zé | Foto: Reprodução

Fabricando Tom Zé

Em 2006 foi lançado o filme Fabricando Tom Zé, um documentário de Décio Matos Jr, sobre a vida e obra do músico, tendo como fio condutor sua turnê pela Europa, em 2005. O longa mistura diferentes formatos de vídeo, película e animação, para mostrar uma detalhada visão do universo musical e genial de Tom Zé. Em entrevistas bem intimistas, ele narra diversas fases de sua vida e conta como começou sua carreira na década de 60, o ostracismo nos anos 70 e seu ressurgimento no início dos anos 90. 

O filme ainda conta com entrevistas de Gilberto Gil, Caetano Veloso, David Byrne e outros. Com 70 anos na época, Tom Zé, seguia sendo considerado um músico de vanguarda, que produz um estilo único de música, altamente original.

Em 2008, foi lançada uma versão ao vivo de Danç-Êh-Sá e também – completando a trilogia “Estudando” – o disco Estudando a Bossa, com participações de Fernanda Takai, Arnaldo Antunes e David Byrne, entre outros artistas. Tom Zé descreve o álbum como um “pensamento musical de um tropicalista admirador da bossa nova”. 

Em 2009, o álbum Pirulito da Ciência, lançado em CD e DVD ao vivo, foi cuidadosamente elaborado por Charles Gavin (ex-Titãs), reunindo canções expressivas da carreira de Tom Zé.

Studies of Tom Zé – Explaining Things So I Can Confuse You

Em 2010, a Luaka Bop lança a caixa Studies of Tom Zé – Explaining Things So I Can Confuse You,  com LPs e CDs agrupados pela aprovação da crítica internacional.

Em 2012, o disco Tropicália Lixo Lógico, com o apoio do projeto Natura Musical, define musicalmente o Tropicalismo, movimento do qual Tom Zé foi nome tão importante.

O disco contou com participações especiais de Mallu Magalhães, Emicida e Rodrigo Amarante, e trouxe canções como Apocalipsom A (O Fim No Palco do Começo), Capitais E Tais e Debaixo da Marquise do Banco Central.

O EP Tribunal do Feicebuqui, lançado em 2013, trouxe parcerias com Emicida, Tim Bernardes e Tatá Aeroplano, entre outros.

Vira Lata na Via Láctea

Em 2014, o álbum Vira Lata na Via Láctea, trouxe a primeira parceria em canção de Tom Zé e Caetano Veloso: A Pequena Suburbana, e conta com a participação de Caetano na gravação. Tom Zé compara o disco – que também traz composições de Tim Bernardes e Criolo, que também participa do disco, bem como Milton Nascimento – a templos românicos, em que pluralidade de ângulos se casa, musicalmente, à pluralidade de enfoques musicais das canções. 

Em 2016, foi lançado o disco Canções Eróticas para Ninar – Urgência Didática, que ganhou o Prêmio de Música Popular Brasileira. Ainda em 2016, o artista – que completava 80 anos – ganhou o Prêmio de Melhor Show da Década em Portugal, se apresentou nos Festivais WOMAD (Chile) e MIMO (Portugal) e teve uma exposição homenageando suas oito décadas de vida.

No ano seguinte, Tom Zé lançou, em parceria com o desenhista Elifas Andreato (responsável por diversas capas de discos antológicos da MPB), o álbum feito para crianças Sem Você Não A.

Em 2019, apresentou-se no Moers Festival de Vanguarda da Alemanha e também no Japão. Na Itália, foi lançada a sua biografia: Tom Zé – l’ultimo Tropicalista, escrita por Pietro Scaramuzzo

Relação com São Paulo e com a cultura brasileira

Tom Zé é o compositor que, segundo o pesquisador Assis Ângelo, mais canções compôs para São Paulo, cidade onde vive há décadas.

Seu álbum mais recente é Língua Brasileira, lançado em 2022, pelo Selo Sesc, que recebe o mesmo nome do espetáculo teatral que o artista estreou em janeiro de 2022, no Sesc Consolação, fruto de uma parceria entre o músico e o diretor teatral Felipe Hirsch, que também assina a direção artística do álbum, com produção musical de Daniel Ganjaman e Daniel Maia

Língua Brasileira apresenta dez canções inéditas, nascidas desse mergulho em águas teatrais, profundas e estimulantes, tendo como single de lançamento a canção Os Clarins da Coragem.

O álbum propõe-se a investigar a língua e a cultura brasileiras, celebrando suas especificidades e riquezas, em contraponto à narrativa colonial e simplificadora da “descoberta” do Brasil e da disseminação da língua portuguesa. Segundo descreve o artista:

“Os episódios de massacre e anulação das diferenças sempre existiram, mas não foram suficientes para impedir a mistura do idioma português (ele próprio já fruto de um processo milenar de miscigenação) com a multiplicidade de línguas africanas e indígenas faladas por muito tempo em território nacional”.

O resultado são obras inventivas, características do artista único que é Tom Zé.

Casado com Neusa Martins desde 1971, Tom Zé a conheceu durante uma entrevista que ela fez de favor para um amigo do Rio de Janeiro, e a tem como musa inspiradora até os dias de hoje.

Em entrevistas, o músico sempre ressalta que foi ela quem o apoiou nos momentos mais difíceis da sua vida – os anos em que esteve no ostracismo – e não o deixava desanimar. Neusa também é produtora de Tom Zé.

Quer saber mais sobre a vida e a obra do gênio aniversariante do dia? Acesse o nosso podcast exclusivo Novabrasil – Acervo MPB Tom Zé, que traz a audiobiografia desse e de vários outros grandes nomes da nossa música, uma verdadeira enciclopédia da MPB! 

Por: Lívia Nolla

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