Roncar não é normal e pode ser perigoso Você ronca? Com que frequência? Sente cansaço mesmo depois de acordar? Você sabia que pode ter apnéia do sono?
A apnéia obstrutiva do sono (AOS) é uma condição em que ocorrem paradas respiratórias repetidas durante o sono, levando à queda da oxigenação e a despertares frequentes — muitas vezes imperceptíveis para quem dorme.
Esses episódios fragmentam o sono e provocam cansaço diurno, irritabilidade, lapsos de memória e até aumento da pressão arterial.
De acordo com a AHA/ACC (American Heart Association/American College of Cardiology, 2023), a apnéia do sono é um importante fator de risco cardiovascular, associada à hipertensão resistente, fibrilação atrial, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio e AVC (acidente vascular cerebral, o famoso “derrame”).
Obesidade, síndrome metabólica e apnéia: uma conexão perigosa
A nova Diretriz Brasileira de Obesidade 2025 (SBC/ABESO/SBEM) reforça que a apnéia está intimamente relacionada à síndrome metabólica, frequentemente associada a obesidade abdominal, hipertensão e diabetes tipo 2.
A gordura localizada no pescoço e no abdômen favorece o colabamento das vias aéreas, enquanto a inflamação sistêmica e a resistência à insulina agravam o risco de doenças cardiovasculares.
Segundo a diretriz, a perda de peso é a principal medida terapêutica: reduções de apenas 5% a 10% do peso corporal já melhoram significativamente o quadro da apnéia e o controle da pressão arterial.
Tratamento tradicional: o papel do CPAP
O CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) continua sendo o padrão-ouro para o tratamento da apnéia moderada e grave.
O dispositivo mantém as vias respiratórias abertas durante o sono, melhora a oxigenação, reduz os despertares e diminui o risco de complicações cardiovasculares.
De acordo com a AHA/ACC (2023), o uso regular do CPAP está associado à melhora da qualidade de vida, redução da sonolência diurna e controle da pressão arterial.
Novo tratamento aprovado pela Anvisa
Na última segunda-feira (20), a Anvisa aprovou o uso da tirzepatida (nome comercial Mounjaro) medicamento já indicado para diabetes tipo 2 e obesidade também para o tratamento da apnéia obstrutiva do sono em adultos obesos.
A decisão foi baseada nos resultados do estudo SURMOUNT-OSA, publicado no New England Journal of Medicine em 2024, que mostrou que o medicamento reduziu de forma significativa o índice de apnéia-hipopnéia a principal medida de gravidade da doença, além de promover perda de peso expressiva e melhora metabólica.
A tirzepatida, um agonista duplo de GIP/GLP-1, passa a ter indicação formal para apnéia do sono, ampliando as opções terapêuticas especialmente para pacientes com obesidade e sintomas persistentes, mesmo com o uso do CPAP.
Sono, peso e coração: tudo está conectado
Tratar a apnéia do sono é muito mais do que eliminar o ronco.
É reduzir o risco de infarto, AVC (“derrame”) e insuficiência cardíaca, além de melhorar energia, memória e qualidade de vida.
Dormir bem é um pilar essencial da saúde cardiovascular — e o diagnóstico precoce, feito por meio da polissonografia, pode transformar o futuro de quem convive silenciosamente com a doença.
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