Arte, educação e política com Erica Malunguinho, no Mais Preta

Erica Malunguinho é artista visual, ativista, pensadora e a primeira deputada transgênero da Assembleia Legislativa de SP. No +Preta com Adriana Couto, Erica relembra a diversidades dos ritmos nordestinos em suas memórias de vida.

Nascida e criada em Pernambuco, Erica Malunguinho vem de uma família de militantes, presentes em movimentos populares, e que acreditavam na política institucional como posição importante para construir um projeto de sociedade justa.

Foi em Recife que, aos 17 anos, iniciou sua pesquisa em artes performáticas, elaborando questões de construção de identidades transvestigeneres. Ao chegar a São Paulo, aos 20 anos, continuou a pesquisa, adentrando o universo da educação e movimentando as relações raciais; até então, por ter uma família, amigos, escola e professores negros, essas relações se davam em outras atmosferas.

Na educação, trabalhou como professora e como agente cultural. Por mais de uma década, seguiu na formação de docentes e gestores de escolas, creches, ONGs e da rede de circos escolas, para compartilhar o que chamavam de “ampliação do universo cultural”.

Naquele momento, as investigações de Erica estavam no âmbito das artes, culturas e políticas a partir dos fundamentos de raça e de gênero. Ao passo que trabalhava oficialmente na educação, estava envolvida como ser político e politizado em todos os pleitos.

Erica Malunguinho fala sobre a importância da música como forma de resistência | Foto: Divulgação/Montagem

Assim também, como artista e cidadã, construiu em conjunto diversas ações performáticas que afrontavam as estruturas de poder. Continuou a estudar e se tornou Mestra em Estética e História da Arte.

Então, caminhou à margem para fortalecer a construção de um projeto político profundo que estivesse disposto a destrinchar e encarar com coragem as ramificações do projeto colonialista.

Nesse anseio, foi criado o quilombo urbano de nome Aparelha Luzia, em 2016, espaço cultural pensado nas negritudes como fundamento para continuidade de uma narrativa coerente para o enfrentamento das questões e resoluções das violências estruturais.

“Nós (pessoas pretas) fundamos a cultura brasileira a despeito de toda a opressão.” diz Erica Malunguinho

Em conversa com Adriana Couto, Erica Malunguinho ressalta a importância da música para cultura e sociedade:

(…) a música e a cultura nos traz para um lugar de humanidade no qual nossa experiência humana pode ser explorada de forma poética, afetiva, também baseada em luta, mas não apenas na luta, enquanto enquanto confronto, mas sim enquanto pertencimento de si. É o senso de coletividade.

Além disso, refletiu sobre a música como ferramenta para resistência:

Não vou dizer mais importante, mas toda vez que a gente fala em resistência na vida das pessoas pretas, a gente pensa na luta, naquela luta que foi feita no Quilombo dos Palmares, nos quilombos, a luta que ela é uma luta política naquele sentido da “porrada’ efetivamente tentando se libertar.

(…) Então se tem muitas formas de construir essa resistência e uma das principais e primordiais é a música.

Erica Malunguinho | Foto: Divulgação

Ouça o episódio na íntegra:

Sobre o ‘+Preta’

+PRETA coloca no dial da Novabrasil músicas cantadas e/ou compostas por artistas negros e negras brasileiras de diferentes gerações. O programa embarca na diversidade da produção contemporânea, mas não perde a chance de apresentar clássicos e raridades.

Sem preconceitos e com muito afeto o +PRETA celebra a beleza e força criativa da música brasileira a partir da experiência de uma pessoa negra.

A cada edição, um/uma artista, personalidade, ou intelectual negra divide com o público suas memórias musicais + pretas em quadros especiais como: o samba da vida, a música da família, o som revolucionário, o hit que inspirou uma mudança.

No comando do microfone, a apresentadora Adriana Couto, uma das profissionais mais conhecidas do jornalismo cultural.

Confira a playlist oficial do programa:

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