Apesar de vender mais do que compra do exterior, o Brasil continua gastando mais dólares do que recebe. A explicação está na diferença entre a balança comercial e a balança de pagamentos, como explicou o economista Simão Silber, professor da USP, em entrevista à NovaBrasil.
A balança comercial considera apenas exportações e importações de mercadorias. Já a balança de pagamentos inclui também serviços, juros, dividendos e fretes, áreas em que o Brasil é deficitário. Segundo Silber, enquanto o saldo comercial anual pode chegar a US$ 80 bilhões, o déficit na balança de pagamentos fica entre US$ 50 e US$ 60 bilhões.
Didática
Ele comparou a situação ao orçamento de uma pessoa que gasta mais do que ganha, recorrendo a empréstimos. Historicamente, o Brasil sempre teve déficit nessas contas, mas desde meados da década passada acumulou reservas internacionais de cerca de US$ 330 bilhões, contra uma dívida externa de US$ 30 bilhões, tornando-se credor líquido.
O professor lembra que o déficit pressiona o câmbio: com menos dólares entrando, o preço da moeda tende a subir. “Se tivéssemos mais entrada de dólares, o valor poderia ser menor que os atuais R$ 5,50”, afirma. Todas as operações internacionais, de grandes transações a compras de moeda para viagens, passam pelo Banco Central, que monitora e divulga os dados.



