Neste fim de semana, um jovem de 20 anos morreu após passar mal enquanto corria Maratona Internacional de Porto Alegre. Conforme a Brigada Militar, ele foi atendido no local, mas não resistiu. Segundo organização do evento, a causa da morte foi uma parada cardiorrespiratória.
Nos últimos anos, as corridas de rua se popularizaram no Brasil. São provas de 5 km, 10 km e até 21 km, organizadas por empresas, grandes marcas esportivas e iniciativas locais. Há corridas de dia, de noite, para todos os perfis e idades. Mas, em meio à empolgação, uma pergunta essencial precisa ser feita: todo mundo pode sair correndo por aí?
Apesar de parecer inofensiva, a prática de exercícios físicos — especialmente em ambientes competitivos — exige atenção e preparo do coração. E, muitas vezes, essa etapa fundamental é negligenciada.
Risco real: doenças cardíacas ocultas podem causar morte súbita
Embora a maioria das provas não exija avaliação cardiológica no momento da inscrição, diretrizes nacionais e internacionais orientam que qualquer pessoa que vá iniciar uma atividade física estruturada — especialmente de intensidade moderada a alta — realize uma avaliação médica completa antes de começar.
Essa avaliação inclui:
• Levantamento do histórico clínico e familiar
• Identificação de fatores de risco cardiovasculares
• Exame físico e eletrocardiograma
• Testes adicionais como o teste ergométrico ou avaliação cardiopulmonar, quando indicados
O objetivo é identificar precocemente doenças que, mesmo silenciosas, podem provocar arritmias graves e morte súbita durante a prática esportiva.
As principais causas de morte súbita em atletas
Entre os jovens com menos de 35 anos, as principais causas de morte súbita associadas ao esforço físico intenso são:
• Miocardiopatia hipertrófica
• Miocardite (inclusive viral ou pós-infecção)
• Doenças congênitas cardíacas não diagnosticadas
Já em pessoas com mais de 35 anos, a principal causa passa a ser a doença arterial coronariana (infarto agudo do miocárdio).
Atividade física é recomendada — mas com segurança
A boa notícia é que mesmo pessoas com problemas cardíacos podem e devem praticar atividades físicas, desde que bem orientadas. Quando o objetivo envolve competições, corridas de rua ou treinos de alta performance, algumas recomendações médicas são essenciais:
• Avaliação cardiológica regular com liberação semestral
• Treinamento dentro dos limites definidos por exames
• Evitar provas com risco de trauma ou impacto
• Alimentação e hidratação adequadas antes e depois do exercício
• Respeitar os sintomas e sinais de alerta, como dor no peito, falta de ar ou tontura
E a vacina contra COVID-19?
Circula entre grupos de corredores e praticantes de atividades físicas a dúvida sobre o risco cardíaco relacionado à vacina contra a COVID-19. Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, não há evidências científicas que associem a vacinação ao aumento de mortes súbitas em atletas ou esportistas.
Fica o alerta
Antes de calçar o tênis e se inscrever para a próxima prova, agende uma consulta com seu cardiologista. Prevenir é mais importante do que competir.



