Você sabia que o estresse, depressão e ansiedade podem aumentar o risco de um problema do coração? No Congresso Europeu de Cardiologia 2025, em Madrid, foi apresentado o 2025 ESC Clinical Consensus Statement on Mental Health and Cardiovascular Disease, foi apresentado o primeiro grande consenso sobre saúde mental e doenças do coração.
A mensagem é clara: a relação é de mão dupla.
De um lado, pessoas que vivem com depressão, ansiedade ou estresse crônico têm risco maior de sofrer infarto, derrame cerebral (AVC), pressão alta, arritmias e insuficiência cardíaca.
De outro, pacientes que já enfrentam uma doença do coração apresentam mais chances de desenvolver transtornos emocionais — principalmente após eventos graves, como um infarto ou insuficiência cardíaca.
Números que chamam atenção
• Quase 1 em cada 5 pacientes cardíacos tem depressão, especialmente mulheres e adultos jovens.
• Quem desenvolve transtorno de estresse pós-traumático após um infarto tem o risco de nova internação duplicado.
• Pessoas com doenças mentais graves, como esquizofrenia ou bipolaridade, vivem em média 10 a 15 anos menos e apresentam até 3 vezes mais risco de problemas no coração.
• Até mesmo familiares e cuidadores sofrem: apresentam mais ansiedade e depressão, mostrando que o impacto vai além do paciente.
ACTIVE: um guia para integrar mente e coração
O consenso europeu resumiu as recomendações no acrônimo ACTIVE, um guia prático para médicos e pacientes:
• Reconhecer que mente e coração estão conectados.
• Checar sinais de tristeza, ansiedade ou estresse nas consultas, e também avaliar risco cardíaco em consultas de saúde mental.
• Usar ferramentas simples — como questionários e exames — para identificar problemas cedo.
• Intervir com apoio psicológico, atividade física, técnicas de relaxamento e, quando necessário, medicação.
• Validar o sofrimento do paciente, mostrando que não é fraqueza, mas parte da doença.
• Engajar o paciente e a família, criando redes de apoio e incentivando a adesão ao tratamento.
Não existe saúde do coração sem saúde mental. Cuidar do corpo significa também cuidar da mente — com sono de qualidade, boa alimentação, atividade física, vínculos sociais e apoio psicológico quando necessário.
Prevenção cardiovascular é também prevenção emocional. E esse cuidado pode ser a chave para viver mais e melhor.



