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Bruna Hernares: “Você é hipocondríaco”

Preocupar-se com a própria saúde é natural. Mas quando esse cuidado vira medo constante, sofrimento e busca repetida por exames, estamos diante de um quadro cada vez mais comum: a ansiedade de doença, conhecida popularmente como hipocondria.

E, na era do Google, das redes sociais e, agora, das ferramentas de inteligência artificial como o ChatGPT, esse fenômeno ganhou força e afeta cada vez mais pessoas.

Quando o medo vira rotina

Quem sofre desse transtorno tende a interpretar qualquer sintoma como algo grave.
Uma dor de cabeça vira “tumor”.
Um incômodo no peito vira “infarto”.
Um formigamento vira “AVC”.

O problema não está no sintoma, mas no significado que a mente atribui a ele.

No DSM-5, essa condição recebe o nome de Transtorno de Ansiedade de Doença, e não é frescura: é um transtorno real, reconhecido pela ciência.

Por que isso acontece?

Vários fatores podem contribuir:

  • histórico de ansiedade
  • experiências traumáticas na família
  • medo intenso de adoecer
  • atenção exagerada ao corpo
  • dificuldade de lidar com incertezas
  • personalidade mais vigilante

A pessoa vive em estado de alerta.
E o corpo vira um “mapa” permanente de ameaças.

A internet mudou tudo e nem sempre para melhor

Antes, surgia um sintoma → consulta médica.
Hoje, surgem os sintomas → pesquisa imediata na internet.

Isso inclui:

  • Google
  • vídeos e posts em redes sociais
  • fóruns de saúde
  • “listas de sintomas”
  • e agora, ferramentas de inteligência artificial como o ChatGPT

O problema não está na tecnologia mas no uso que fazemos dela.

A disponibilidade infinita de informação leva à infoxicação: excesso de dados, pouca clareza e muito medo.

O papel da inteligência artificial: ajuda ou atrapalha?

Ferramentas como o ChatGPT podem ser úteis para explicar conceitos médicos de forma simples, mas elas não substituem avaliação clínica.

IA não:

  • examina sinais vitais
  • avalia a evolução dos sintomas
  • conhece seu histórico médico
  • diferencia sintomas ansiosos de sinais reais de doença
  • entende o contexto emocional do paciente

Quando alguém já ansioso usa IA para tentar se autodiagnosticar, pode receber informações genéricas ou graves que não se aplicam ao caso, aumentando ainda mais o medo.

Por isso, a tecnologia deve ser usada para aprender, nunca para diagnosticar.

O ciclo da ansiedade de doença
1. nasce um sintoma
2. surgem o medo e a dúvida
3. a pessoa pesquisa na internet ou pergunta à IA
4. lê sobre doenças graves
5. fica apavorada
6. procura exames
7. alivia por algumas horas
8. o medo volta

E o ciclo se repete.

A confiança no médico é parte do tratamento

Em um mundo com excesso de informação, a relação com o médico ganha um papel ainda mais importante.

Confiar no profissional que acompanha sua saúde faz diferença porque:

  • reduz a ansiedade
  • evita exames desnecessários
  • traz segurança
  • cria continuidade de cuidado
  • organiza as dúvidas
  • interrompe o ciclo da catastrofização

A consulta presencial continua insubstituível.

Quando procurar ajuda

É hora de buscar apoio quando:

  • a preocupação com doenças domina seus pensamentos
  • você pesquisa sintomas várias vezes ao dia
  • sente medo antes de consultas ou exames
  • não acredita quando o médico diz que está tudo bem
  • evita atividades por medo de adoecer
  • a ansiedade interfere na rotina

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem mais eficaz para esse tipo de ansiedade, e o suporte psiquiátrico pode complementar quando necessário.

Cuidar da saúde é fundamental.
Mas viver em alerta permanente desgasta, paralisa e adoece.

Tecnologia ajuda mas não substitui cuidado médico, diagnóstico clínico e acompanhamento emocional.

Se a ansiedade está consumindo sua paz, peça ajuda.
Existe tratamento.
Existe saída.
E você não precisa enfrentar isso sozinho.

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