Cecília Meireles: Obras e melhores poemas da jornalista brasileira

Cecília Meireles é um dos maiores nomes da literatura brasileira do século XX. Nascida no Rio de Janeiro em 1901, ela demonstrou talento para escrita desde a infância e revolucionou a literatura com seus livros e poemas que refletiam sobre diversos aspectos da vida. 

A fim de combater a discriminação de gênero no meio literário, a escritora não gostava de ser chamada de “poetisa” e dizia ser “poeta”. Além disso, ela também era jornalista, pintora e professora. Tendo em vista a dimensão de sua trajetória literária, Cecília Meireles é nossa escolhida da vez nesta temporada do “Foras de Série”, série de matérias que homenageiam grandes personalidades brasileiras. 

Neste episódio, vamos destacar as principais obras de Cecília Meireles, além de seus melhores poemas. Ficou curioso(a)?

Continua com a gente que vamos te contar tudo! 

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Confiras as principais obras e poemas de Cecília Meireles. | Foto: Montagem.

Principais obras de Cecília Meireles 

Cecília Meireles publicou diversas obras marcantes ao longo de sua carreira, sendo seu primeiro livro, “Espectrro”, que ela lançou em 1919, quando tinha apenas 18 anos. Veja outras obras que marcaram a carreira literária da escritora: 

  • Criança, meu amor, 1923;
  • Nunca mais, 1923;
  • Poema dos Poemas, 1923;
  • Baladas para El-Rei, 1925;
  • O Espírito Vitorioso, 1929;
  • Saudação à menina de Portugal, 1930;
  • Batuque, samba e Macumba, 1933;
  • A Festa das Letras, 1937;
  • Viagem, 1939;
  • Olhinhos de Gato,1940;
  • Vaga Música, 1942;
  • Poetas Novos de Portugal, 1944;
  • Mar Absoluto, 1945;
  • Rute e Alberto, 1945;
  • Rui — Pequena História de uma Grande Vida, 1948;
  • Retrato Natural, 1949;
  • Problemas de Literatura Infantil, 1950;
  • Amor em Leonoreta, 1952;
  • Doze Noturnos de Holanda e o Aeronauta, 1952;
  • Romanceiro da Inconfidência, 1953;
  • Poemas Escritos na Índia, 1953;
  • Batuque, 1953;
  • Pequeno Oratório de Santa Clara, 1955;
  • Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro, 1955;
  • Panorama Folclórico de Açores, 1955;
  • Canções, 1956;
  • Giroflê, Giroflá, 1956;
  • Romance de Santa Cecília, 1957;
  • A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957;
  • A Rosa, 1957;
  • Obra Poética,1958;
  • Metal Rosicler, 1960;
  • Poemas de Israel, 1963;
  • Antologia Poética, 1963;
  • Solombra, 1963;
  • Ou Isto ou Aquilo, 1964;
  • Escolha o Seu Sonho, 1964;
  • Crônica Trovada da Cidade de San Sebastian do Rio de Janeiro, 1965;
  • O Menino Atrasado, 1966;
  • Poésie (versão francesa), 1967;
  • Antologia Poética, 1968;
  • Poemas Italianos, 1968;
  • Poesias (Ou isto ou aquilo & inéditos), 1969;
  • Flor de Poemas, 1972;
  • Poesias Completas, 1973;
  • Elegias, 1974;
  • Flores e Canções, 1979;
  • Poesia Completa, 1994;
  • Obra em Prosa – 6 Volumes – Rio de Janeiro, 1998;
  • Canção da Tarde no Campo, 2001;
  • Poesia Completa, edição do centenário, 2001, 2 vols. (Org.: Antonio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira);
  • Crônicas de educação, 2001, 5 vols. (Org.: Leodegário A. de Azevedo Filho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira);
  • Episódio Humano, 2007.

11 poemas de Cecília Meireles 

Confira 11 poemas de Cecília Meireles: 

“Serenata”

“Permita que eu feche os meus olhos,

pois é muito longe e tão tarde!

Pensei que era apenas demora,

e cantando pus-me a esperar-te.

Permita que agora emudeça:

que me conforme em ser sozinha.

Há uma doce luz no silêncio, e a dor é de origem divina.

Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,

e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo”; 

“Fio” 

“No fio da respiração,

rola a minha vida monótona,

rola o peso do meu coração.

Tu não vês o jogo perdendo-se

como as palavras de uma canção.

Passas longe, entre nuvens rápidas,

com tantas estrelas na mão…

— Para que serve o fio trêmulo

em que rola o meu coração?”; 

“Lua Adversa” 

“Tenho fases, como a lua.

Fases de andar escondida,

fases de vir para a rua…

Perdição da minha vida!

Perdição da vida minha!

Tenho fases de ser tua,

tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,

no secreto calendário

que um astrólogo arbitrário

inventou para meu uso.

E roda a melancolia

seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém

(tenho fases como a lua…)

No dia de alguém ser meu

não é dia de eu ser sua…

E, quando chega esse dia,

o outro desapareceu…”;

“Retrato” 

“Eu não tinha este rosto de hoje,

Assim calmo, assim triste, assim magro,

Nem estes olhos tão vazios,

Nem o lábio amargo.Eu não tinha estas mãos sem força,

Tão paradas e frias e mortas;

Eu não tinha este coração

Que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança,

Tão simples, tão certa, tão fácil:

— Em que espelho ficou perdida

a minha face?”;

“Canção” 

“Pus o meu sonho num navio

e o navio em cima do mar;

– depois, abri o mar com as mãos,

para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas

do azul das ondas entreabertas,

e a cor que escorre de meus dedos

colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,

a noite se curva de frio;

debaixo da água vai morrendo

meu sonho, dentro de um navio…

Chorarei quanto for preciso,

para fazer com que o mar cresça,

e o meu navio chegue ao fundo

e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;

praia lisa, águas ordenadas,

meus olhos secos como pedras

e as minhas duas mãos quebradas”. 

“A Bailarina” 

“Esta menina

tão pequenina

quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré

mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá

Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,

mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar

e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu

e diz que caiu do céu.

Esta menina

tão pequenina

quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,

e também quer dormir como as outras crianças.”

“Leilão de Jardim” 

“Quem me compra um jardim com flores?

Borboletas de muitas cores,

lavadeiras e passarinhos,

ovos verdes e azuis nos ninhos? Quem me compra este caracol?

Quem me compra um raio de sol?

Um lagarto entre o muro e a hera,

uma estátua da Primavera? Quem me compra este formigueiro?

E este sapo, que é jardineiro?

E a cigarra e a sua canção?

E o grilinho dentro do chão?(Este é o meu leilão.)”

“Para ir à Lua” 

“Enquanto não têm foguetes

para ir à Lua

os meninos deslizam de patinete

pelas calçadas da rua. Vão cegos de velocidade:

mesmo que quebrem o nariz,

que grande felicidade!

Ser veloz é ser feliz. Ah! se pudessem ser anjos

de longas asas!

Mas são apenas marmanjos.”

“O Eco” 

“O menino pergunta ao eco

Onde é que ele se esconde.

Mas o eco só responde: Onde? Onde? O menino também lhe pede:

Eco, vem passear comigo!

Mas não sabe se o eco é amigo

ou inimigo. Pois só lhe ouve dizer: Migo!”

“Colar de Coralina” 

“Com seu colar de coral,

Carolina

corre por entre as colunas

da colina.

O colar de Carolina

colore o colo de cal,

torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor

do colar de Carolina,

põe coroas de coral

nas colunas da colina.”

“Interlúdio” 

“As palavras estão muito ditas

e o mundo muito pensado.

Fico ao teu lado.

Não me digas que há futuro

nem passado.

Deixa o presente — claro muro

sem coisas escritas.

Deixa o presente. Não fales,

Não me expliques o presente,

pois é tudo demasiado.

Em águas de eternamente,

o cometa dos meus males

afunda, desarvorado.

Fico ao teu lado.”

Apresentando a você as melhores obras e poemas de Cecília Meireles, uma mulher marcante para nossa sociedade, uma jornalista, escritora e poetisa. 

Curtiu conhecer essas obras e poemas de Cecília Meireles?! Então não deixe de acompanhar os próximos episódios do Foras de Série sobre a escritora na Novabrasil! 

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