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Cidades brasileiras: museus e galerias de arte a céu aberto

O Brasil é um país onde arte, cultura e história estão vivas nas ruas. De centros urbanos repletos de grafites a cidades coloniais cujas construções parecem obras de arte, ao viajar pelo país é fácil se deparar com verdadeiros museus a céu aberto.

Reunimos 20 cidades brasileiras que transformam suas ruas, prédios e paisagens em galerias de arte ao ar livre. Cada cidade da lista oferece uma experiência única, seja por meio de grafites e murais urbanos, arquitetura histórica, instalações ao ar livre, festivais de arte ou museus integrados à paisagem.

Descubra quais atrações artísticas os visitantes não podem perder em cada destino.

São Paulo – SP

São Paulo é frequentemente chamada de capital da arte de rua no Brasil. A metrópole está coberta de grafites e murais coloridos, como um museu a céu aberto para quem passeia por suas vias.

O famoso Beco do Batman, na Vila Madalena, exibe desenhos de diversos artistas urbanos, já o Viaduto do Minhocão e as colunas da Avenida 23 de Maio abrigam o Museu Aberto de Arte Urbana (MAAU) com mais de 70 painéis de grafite expostos ao público.

Caminhar pela capital paulista é topar a cada esquina com arte. Não é exagero dizer que São Paulo possui milhares de obras espalhadas pela cidade, entre murais, esculturas e projetos arquitetônicos, que formam um acervo integrado à vida urbana.

Isso significa ter acesso livre a obras de artistas renomados, como os painéis dos grafiteiros OsGemeos e Eduardo Kobra, e a espaços culturais como o Parque do Ibirapuera, onde arte e natureza convivem em harmonia.

Rio de Janeiro – RJ

A cidade maravilhosa se destaca por murais e intervenções a céu aberto tão famosos quanto suas praias. Imperdível, por exemplo, é visitar a colorida Escadaria Selarón, nos Arcos da Lapa, uma obra de arte feita com mosaicos de azulejos pelo artista chileno Jorge Selarón, que se tornou parada obrigatória para turistas.

Outro símbolo da arte urbana carioca é o gigantesco mural “Etnias”, pintado pelo artista Eduardo Kobra no Boulevard Olímpico, na região portuária. Com cerca de 3.000 m², esse mural multicolorido entrou para o Guinness Book como um dos maiores do mundo. A cena de grafite flui pelas zonas boêmias e comunidades traz cores aos muros da cidade.

Mas não é só de grafite que vive o Rio: sua própria arquitetura e monumentos ao ar livre são obras de arte. O Cristo Redentor no topo do Corcovado e as curvas futuristas do Museu do Amanhã na Praça Mauá são exemplos de atrações integradas à paisagem que misturam arte, arquitetura e natureza.

Do Parque Lage com esculturas e jardins, à Pedra do Sal com seus murais afro-brasileiros, o Rio se revela um grande museu aberto onde em cada canto, a cidade respira arte e cultura, seja pelas pinturas de rua, seja pelos cenários históricos e naturais que servem de moldura para essa galeria a céu aberto.

Belo Horizonte – MG

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Conjunto Moderno da Pampulha. | Foto: Reprodução/ CAU/MG.

Nos últimos anos, o centro de BH foi transformado em um museu a céu aberto graças a iniciativas como o festival CURA – Circuito Urbano de Arte, que, desde 2017, já entregou dezenas de murais de grafite em empenas de prédios pela cidade.

Hoje, mais de 60 obras de arte urbana estão espalhadas por Belo Horizonte, cobrem fachadas antes cinzentas com cores e criatividade. Uma simples caminhada pelo hipercentro, especialmente na região da Rua Sapucaí (que ganhou até lunetas para observação), permite avistar um verdadeiro acervo de painéis gigantes pintados por artistas locais, nacionais e internacionais.

Entre os murais de destaque estão obras inspiradas na cultura mineira e em temas sociais contemporâneos, que podem ser apreciadas livremente pelos pedestres.

Além da arte urbana, BH também se destaca pela arquitetura integrada com arte, exemplificada no Conjunto Moderno da Pampulha, projeto de Oscar Niemeyer com jardins de Burle Marx e painéis de Portinari. A Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, é uma joia da arquitetura modernista e dos azulejos artísticos. No coração da cidade, o Circuito Liberdade reúne museus e centros culturais em belos prédios históricos.

Curitiba – PR

Foto: Roberto Dziura Jr./AEN

No centro da capital paranaense, um percurso de 600 metros entre o Paço Municipal e o Bondinho da Leitura foi revitalizado com murais e revela uma galeria de arte a céu aberto no Calçadão da Rua XV de Novembro. Ali, cinco enormes painéis homenageiam personalidades da cultura local, como a poeta Helena Kolody e a escritora Luci Collin, cujos rostos e versos agora estampam as fachadas de prédios históricos.

Já o Parque Passaúna tem esculturas ao ar livre integradas à natureza. A arquitetura também é protagonista, o Museu Oscar Niemeyer, com seu design de “Olho” futurista, é por si só uma obra de arte que chama atenção na paisagem urbana.

Sem esquecer o lado histórico, Curitiba preserva construções como o Paço da Liberdade e casas antigas no Largo da Ordem. Seja pelas intervenções modernas ou pelo casario preservado, a cidade convida todos a percorrer suas ruas com um novo olhar, afinal, basta uma caminhada atenta para revelar uma galeria de arte a céu aberto em pleno Centro de Curitiba.

Brasília – DF

Palácio da Alvorada. Foto: Divulgação.

Brasília é uma cidade única: planejada como obra de arte, ela própria funciona como um museu de arquitetura moderna a céu aberto. A capital federal, concebida pelo urbanista Lúcio Costa e pelo arquiteto Oscar Niemeyer, reúne um conjunto de palácios, monumentos e edifícios futuristas que impressionam visitantes do mundo inteiro.

Ao percorrer o Eixo Monumental, o viajante se depara com as formas curvas da Catedral Metropolitana, as colunas desenhadas do Palácio da Alvorada, a silhueta do Congresso Nacional e tantos outros ícones, todos projetados por Niemeyer, que imprimiu neles sua visão artística.

Nos detalhes, a capital ostenta também a arte integrada de outros mestres, como os painéis de azulejos de Athos Bulcão, presentes em diversas construções (do exterior da Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima aos interiores de palácios e prédios públicos).

Esculturas monumentais completam esse acervo, com destaque para os Dois Candangos (estátua “Os Guerreiros” de Bruno Giorgi) na Praça dos Três Poderes, e a escultura da Justiça de Alfredo Ceschiatti em frente ao STF, símbolos em bronze que se tornaram parte da identidade visual de Brasília.

Salvador – BA

Pelourinho em Salvador | Foto: Tripadvisor
Pelourinho em Salvador | Foto: Tripadvisor

Salvador é um mergulho vivo na arte barroca e na cultura afro-brasileira, onde o Centro Histórico do Pelourinho se revela como um verdadeiro museu a céu aberto. Andar pelas ladeiras de paralelepípedos do Pelourinho, tombado como Patrimônio Mundial pela UNESCO, é como voltar aos séculos XVII e XVIII: são mais de 800 casarões coloniais coloridos, igrejas ricamente ornamentadas e praças onde a história se desenrolou.

As fachadas multicoloridas e os sobrados com sacadas de ferro forjado encantam pela uniformidade planejada, em muitas ruas, as casas têm altura semelhante para não obstruir a vista das igrejas ao final, e compõem um cenário urbano de época cuidadosamente preservado.

Salvador foi concebida como um anfiteatro barroco” ao ar livre, e de fato a cidade exibe a riqueza desse estilo artístico em templos como a Igreja e Convento de São Francisco, com interiores revestidos de ouro talhado, e a Catedral Basílica, onde é possível apreciar altares de diferentes fases do barroco.

Além da arquitetura histórica, Salvador traz a arte para o cotidiano de outras formas. No Dique do Tororó, por exemplo, oito esculturas gigantes dos orixás flutuam sobre o lago, uma homenagem às raízes africanas.

As ruas de Salvador também são tomadas por manifestações culturais, do Carnaval do Pelourinho com seus blocos e fantasias, às apresentações de capoeira e dança afro nas praças.

Olinda – PE

Foto: Divulgação.

Vizinha à capital pernambucana, Olinda é uma joia colonial onde a arte transborda das paredes das casas às tradições nas ruas. Reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO desde 1982, Olinda preserva até hoje o charme e a história dos tempos coloniais, com suas ladeiras históricas, igrejas barrocas e casarões coloridos.

Caminhar por Olinda é fazer uma viagem no tempo, as construções dos séculos 16 e 17, cuidadosamente restauradas, fazem cada esquina parecer um cenário de época pronto para contar uma história.

A cidade respira arte em cada detalhe, e não apenas dentro dos museus. Ateliês de artistas locais, centros culturais e galerias se espalham pelas ruas de Olinda, com pinturas, esculturas e artesanato que celebram a riquíssima cultura nordestina.

Esse ambiente artístico se mistura à tradição: todos os anos, no icônico Carnaval de Olinda, as ladeiras se enchem de foliões que acompanham orquestras de frevo e os famosos bonecos gigantes.

Entre as atrações imperdíveis estão o Alto da Sé, com vista panorâmica para Olinda e Recife, o Convento de São Francisco, um dos mais antigos do Brasil, e a Igreja da Sé de Olinda, marco religioso e arquitetônico da cidade.

Ao pôr do sol, as fachadas coloridas de Olinda ganham uma luz especial, que reforça a sensação de que estamos em uma galeria ao ar livre. Olinda mostra que a cidade não é apenas cenário histórico, mas um organismo cultural vivo. Da arte sacra nas igrejas aos artistas de rua vendendo gravuras e esculturas em cada ladeira, tudo converge para que o visitante se sinta dentro de um museu a céu aberto.

Ouro Preto – MG

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Cidade de Ouro Preto. | Foto: Reprodução/ Wikipedia.

Entre as cidades históricas de Minas Gerais, Ouro Preto se destaca como um verdadeiro museu de arte barroca. Fundada no final do século 17, durante o ciclo do ouro, a cidade preservou sua arquitetura colonial de forma exemplar e foi reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO.

Percorrer as ruas íngremes e calçadas de pedra de Ouro Preto é vivenciar séculos de história. A cada esquina, casarios bem preservados e igrejas monumentais revelam um pouco mais do passado glorioso do Brasil colonial.

A cidade abriga o maior acervo de igrejas barrocas do país, testemunhas do talento de artistas como Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho) e Manoel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde). Esses mestres deixaram sua marca em obras-primas como a Igreja de São Francisco de Assis, famosa pela portada esculpida e pelo teto pintado por Ataíde, e a Igreja do Carmo, entre muitas outras.

Cada igreja traz sua peculiaridade, altares folheados a ouro, imagens sacras detalhadamente entalhadas e painéis pintados que contam passagens bíblicas, tudo acessível ao público, muitas vezes com guias locais explicando as curiosidades.

Além das igrejas, Ouro Preto conserva pontes de pedra, chafarizes esculpidos e antigas minas, que compõe um cenário único.

No coração da cidade, a Praça Tiradentes concentra construções como o Museu da Inconfidência (antiga Casa de Câmara e Cadeia) e o Museu de Ciência e Técnica (antigo Palácio dos Governadores), ambos instalados em prédios coloniais.

Paraty – RJ

Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, é uma cidade colonial onde arte, história e paisagem natural se encontram em perfeita harmonia. Com seu centro histórico fechado para carros e calçamento “pé-de-moleque” original, Paraty manteve intocado o visual dos séculos 18 e 19.

As casinhas brancas de portas coloridas, preservadas conforme a arquitetura colonial, são cenário de inúmeras galerias de arte, ateliês e lojas de artesanato que floresceram ali graças à vocação artística da cidade.

Caminhar pelo centro histórico é como folhear um livro de história ilustrado, com igrejas centenárias, como a da Santa Rita (de 1722) e a de Nossa Senhora do Rosário, dividem espaço com ateliês de artistas locais e centros culturais.

Paraty tornou-se um polo criativo, especialmente após o sucesso da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), um festival de literatura que todo ano atrai escritores, artistas e turistas e acaba trazendo intervenções artísticas, shows e exposições à cidade.

Mesmo fora dos festivais, Paraty mantém programação cultural constante. Há museus como o Museu de Arte Sacra, instalado na Igreja de Santa Rita, cinemas de rua e feiras artesanais que animam suas praças. Muitos artistas visuais e artesãos escolheram Paraty para morar, o que significa que é comum encontrar oficinas abertas e poder acompanhar de perto o trabalho sendo criado ali mesmo.

Além da riqueza cultural urbana, Paraty ainda oferece belas paisagens naturais, cercada por montanhas da Mata Atlântica e banhada pelo mar da Baía de Ilha Grande, a região proporciona trilhas a antigos caminhos do ouro, praias e cachoeiras. Essa combinação de natureza e patrimônio construído valeu a Paraty, junto com a vizinha Ilha Grande, o título de Patrimônio Mundial (Cultura e Biodiversidade).

São Luís – MA

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Centro Histórico de São Luís. | Foto: Reprodução/ Volto Logo.

Conhecida como a “Cidade dos Azulejos”, São Luís do Maranhão tem um centro histórico tão rico que é considerado um museu a céu aberto da arquitetura luso-brasileira.

Ao caminhar pelo bairro Praia Grande e adjacências, o visitante fica cercado por fileiras de casarões coloniais revestidos de azulejos coloridos, muitos importados de Portugal no século 19, que dão um charme todo especial às ruas.

Estima-se que, no centro histórico de São Luís, haja cerca de 3.500 sobrados e casarões tombados pelo IPHAN, dos quais aproximadamente 1.000 integram o Patrimônio Mundial reconhecido pela UNESCO.

Essa vasta coleção de edificações históricas torna o passeio pelo centro uma aula de história e arte. Os azulejos geométricos, florais e monocromáticos que decoram as fachadas não serviam apenas de adorno estético, mas de solução prática para refletir a luz do sol forte e amenizar o calor tropical.

Cada azulejo conta um pedaço da cultura e do cotidiano de épocas passadas, que transformam as ruas em um grande painel de arte e memória. Entre os marcos imperdíveis estão o Palácio dos Leões, antiga fortaleza colonial que hoje é sede do governo, aberta a visitações algumas vezes por semana, a Igreja da Sé, Catedral de São Luís, originalmente dos jesuítas, com elementos que vão do barroco ao neoclássico e ruas como a Rua Portugal, famosa pelos sobrados azulejados com balcões de treliça de madeira.

São Luís também se destaca pela vida cultural: em junho, durante o São João, o centro se anima com apresentações do Bumba-Meu-Boi, uma festa popular repleta de dança, música e fantasias artesanais, que por si só já são manifestações artísticas a céu aberto. Além disso, a cidade tem espaços culturais como o Museu Histórico e Artístico e o Centro de Cultura Popular, mas o grande museu mesmo é a própria cidade, com suas sacadas de ferro trabalhado, calçadas de pedra de cantaria e casarões que guardam lendas e histórias.

Apesar de alguns desafios na conservação de parte desse acervo (muitos imóveis carecem de restauração), São Luís mantém um charme decadente que conquista visitantes.

Goiânia – GO

Estação Ferroviária de Goiânia: Iphan | Reprodução

A capital de Goiás abriga um dos maiores acervos de arquitetura Art Déco do mundo. Planejada e construída nos anos 1930 para ser a nova capital estadual, Goiânia nasceu no apogeu da estética Art Déco, caracterizada por linhas geométricas, formas simétricas e motivos decorativos estilizados.

O resultado é que, até hoje, o centro da cidade preserva dezenas de edifícios, monumentos e detalhes urbanísticos desse período, o que confere à paisagem urbana uma identidade muito particular.

Com 22 edificações tombadas pelo IPHAN e mantidas em sua forma original, Goiânia possui o maior conjunto arquitetônico Art Déco do Brasil e o segundo do mundo, ficando atrás apenas do acervo de Miami, nos EUA.

Uma caminhada pela região central, especialmente pela Praça Cívica e ao longo da Avenida Goiás, permite contemplar joias como o Palácio das Esmeraldas, sede do governo, inaugurado em 1937, com suas linhas retas e fachada verde, o Coreto da Praça Cívica, de 1942, palco de eventos políticos e culturais nos primórdios da capital e a Torre do Relógio, marco vertical que se tornou símbolo da modernidade pretendida nos anos 1930.

Outros destaques incluem o Grande Hotel (1937), o Teatro Goiânia (1942) e a antiga Estação Ferroviária (início dos anos 1950), todos exemplares elegantes do Déco, com seus relevos, colunas e esquadrias características, muitos dos quais restaurados e adaptados para uso cultural atual.

Goiânia não vive só do passado: ao lado desse patrimônio arquitetônico, a cidade também investe em arte urbana contemporânea. Por exemplo, o Beco da Codorna, no centro, foi transformado em uma galeria de grafite, com mais de 70 murais de artistas goianos.

Recife – PE

Marco Zero, principal cartão postal do Recife. (Foto: Sol Pulquério/PCR)

A capital pernambucana, além de belas praias e do frevo contagiante, tem arte em suas ruas, avenidas e praças. Esculturas imponentes, murais coloridos e intervenções urbanas criativas transformam o cenário urbano recifense em uma galeria permanente, acessível a todos.

Um passeio pelo Recife Antigo e pelo centro da cidade revela, desde os gigantescos painéis do projeto Olhar de Peixe, pintados em empenas de prédios por artistas como Josenildo do Vale, até as esculturas abstratas do mestre Francisco Brennand espalhadas em locais como o Pátio do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM) e o Parque das Esculturas, instalado em arrecifes em frente ao Marco Zero, onde se destaca a torre de cristal de Brennand.

Cada obra conta uma história. Na Praça da República, por exemplo, está o Monumento ao Frei Caneca e a escultura O Guerreiro de Torel que homenageiam personagens históricos locais. Já na Praça do Marco Zero, além do rosa-dos-ventos em mosaico no chão criado pelo artista Cícero Dias, encontram-se letreiros e obras que simbolizam a cultura recifense.

O Recife também democratiza a arte por meio de projetos comunitários, iniciativas como o “Arte na Rua” levam esculturas, performances e murais a bairros periféricos, e festivais de graffiti colorem os muros da cidade.

Para quem quer explorar esse acervo, a Prefeitura oferece até mapa interativo das obras públicas, o que evidencia a importância dada à preservação e divulgação desse patrimônio artístico urbano.

Claro, não se pode esquecer que Recife, como cidade histórica, também guarda arquitetura secular: igrejas barrocas, fortes holandeses, o casario colorido da Rua do Bom Jesus, onde fica a primeira sinagoga das Américas, todos compondo o pano de fundo sobre o qual a arte contemporânea se sobrepõe.

Niterói – RJ

Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC)
Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). | Foto: Instagram.

Do outro lado da Baía de Guanabara, Niterói brilha como um destino de arte e arquitetura integrado à paisagem. A cidade é internacionalmente conhecida pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC), projetado por Oscar Niemeyer, aquela estrutura futurista em forma de disco voador, branca e circular, que parece flutuar sobre o Mirante da Boa Viagem.

O MAC Niterói é um ícone arquitetônico e um cartão-postal, combina arte e cenário natural. Sua rampa em espiral conduz os visitantes a um mirante 360° que enquadra a vista do Rio de Janeiro ao fundo, unindo arte, arquitetura e natureza em uma única experiência.

Além de apreciar o edifício escultural por fora, o público pode conferir dentro do museu um acervo importante de arte contemporânea brasileira, mas muitos dizem que a própria visita ao MAC já vale pela obra arquitetônica em si e pela vista panorâmica.

Niterói abraçou o legado de Niemeyer através do Caminho Niemeyer, um conjunto de equipamentos culturais projetados pelo arquiteto ao longo da orla, incluindo o Teatro Popular, com sua fachada colorida e linhas sinuosas, o Memorial Roberto Silveira e a Fundação Oscar Niemeyer. Esse circuito transforma a paisagem urbana local numa exposição a céu aberto de arquitetura moderna.

Porém, Niterói não se resume a Niemeyer, a cidade também investe em arte urbana. Em 2018, inaugurou a Galeria Urbana de Niterói, um espaço de 1.400 m² de grafites ao ar livre no centro, resultado de parceria entre a Prefeitura e artistas de rua. Os murais de lá, criados em projetos como o “Arte na Rua”, contam histórias da cidade e embelezam áreas antes degradadas.

Outro diferencial cultural é o Circuito das Fortalezas Históricas, antigos fortes militares, como o Forte de Santa Cruz e o Fortim do Gragoatá, que hoje funcionam como espaços de visitação, muitos com peças de artilharia e exposições sobre história.

Brumadinho (Instituto Inhotim) – MG

Instituto Inhotim | Foto: Divulgação

Em meio às montanhas de Minas Gerais, a cerca de 60 km de Belo Horizonte, encontra-se uma experiência singular de arte integrada à natureza: o Instituto Inhotim, localizado no município de Brumadinho.

Embora não seja uma cidade no sentido tradicional, Inhotim é um dos maiores museus de arte contemporânea a céu aberto do mundo, e transformou a região em destino artístico internacional.

Ocupando uma área de mais de 140 hectares de jardins botânicos exuberantes, lagos e mata nativa, o instituto abriga dezenas de pavilhões e instalações monumentais de arte espalhados pela paisagem.

A proposta de Inhotim é justamente ser museu integrado à paisagem, onde o passeio pelos caminhos floridos leva a surpresas artísticas a cada passo, seja uma escultura gigante ao ar livre, seja uma galeria envidraçada em meio ao verde com obras de renome.

Entre as obras mais famosas estão a “Verdadeira Roupa do Imperador” (um complexo de espelhos d’água) e os penetráveis de Hélio Oiticica, o “Sonic Pavilion” de Doug Aitken (um poço sonoro que ecoa sons da terra) e “Inmensa” de Cildo Meireles (um imenso caleidoscópio de madeira).

O acervo de Inhotim conta com obras de artistas brasileiros e internacionais dos anos 1980 em diante, e o ambiente natural magnificamente planejado pelo paisagista Roberto Burle Marx (e continuado por seu discípulo) é parte essencial da experiência estética.

Visitar Inhotim é caminhar por trilhas onde arte e natureza dialogam: você pode, por exemplo, entrar em uma galeria subterrânea para ver a obra “Desvio para o Vermelho” e ao sair dar de cara com um jardim de palmeiras imperiais e um maciço de flores tropicais.

Além das obras fixas, Inhotim oferece programações temporárias, com performances, visitas guiadas e ações educativas, sempre valorizando a experiência imersiva do visitante. O instituto também cumpre papel botânico, com uma coleção de espécies vegetais raras e programas de conservação ambiental. Dada sua grandiosidade, reserve pelo menos um dia inteiro para explorar o local.

Embu das Artes – SP

Conhecida popularmente como “Embu das Artes”, a pequena Embu, na Grande São Paulo, é um exemplo encantador de cidade que se transformou em uma galeria de arte a céu aberto pela vocação de seus moradores.

Com um charmoso centro histórico de casinhas coloniais, ruas de paralelepípedo e igrejas dos tempos dos bandeirantes, Embu das Artes já teria apelo turístico por sua arquitetura e atmosfera bucólica.

Mas o que realmente a destaca é a forte cena artística e artesanal local. Há décadas, Embu abriga comunidades de artistas plásticos, artesãos e antiquários que encontraram na cidade um refúgio inspirador.

Aos fins de semana, as ruas se enchem de cores e formas com a famosa Feira de Arte e Artesanato de Embu das Artes, uma das maiores do Brasil. São centenas de barracas e tendas ao ar livre vendendo quadros, esculturas em madeira e pedra, cerâmica, rendas, bijuterias, móveis rústicos e toda sorte de arte popular e contemporânea.

A feira em si já é uma galeria a céu aberto, onde o visitante passeia apreciando obras e pode interagir diretamente com os artistas. Além disso, Embu conta com diversos ateliês e galerias permanentes, muitos instalados em casarões antigos, exibindo pinturas, arte sacra, arte indígena e afro-brasileira, tudo mesclado à vida cotidiana da cidade.

A cidade abraçou a arte como identidade e chega a ter eventos como a Feira do Sol e da Lua (evento noturno de artes) e festivais temáticos ao longo do ano. Entre os pontos que valem visita estão o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas, abrigado na antiga igreja e convento do século 17, e o Parque do Lago Francisco Rizzo, onde esculturas ao ar livre enfeitam a paisagem natural.

Em frente ao museu, a praça matriz frequentemente recebe apresentações de música, dança e teatro de rua, mantendo viva a tradição artística.

Porto Alegre – RS

Porto Alegre, RS, Praça da Alfândega, no bairro Centro Histórico, da capital gaúcha. Foto: Alex Rocha/PMPA

Porto Alegre, capital gaúcha, tem se reinventado como um destino de arte urbana e inclusão cultural no espaço público. Tradicionalmente reconhecida por seus museus e teatros, a cidade nos últimos anos ganhou uma coleção de murais de grafite em grande escala.

Projetos de arte urbana e intervenções comunitárias multiplicaram painéis por diversos bairros, especialmente no Centro Histórico. Um exemplo recente é a Travessa dos Venezianos, um beco de casas antigas que foi restaurado e grafitado, tornando-se uma espécie de “rua-museu” visitada por turistas.

Também em 2023, Porto Alegre inaugurou uma galeria a céu aberto na Travessa dos Cataventos (ou “Travessa Passarinho”), com murais de grafite que cobrem as paredes e transformam o local degradado em um ponto cultural revitalizado.

Além do grafite, Porto Alegre possui diversas esculturas e monumentos históricos espalhados por suas praças e parques, o que dá um aspecto de museu a céu aberto clássico também.

No Parque da Redenção (Farroupilha), por exemplo, estão o Monumento ao Expedicionário, em homenagem aos pracinhas da Segunda Guerra, e outras esculturas em meio às alamedas floridas.

Às margens do Guaíba, o Monumento ao Laçador (símbolo da cultura gaúcha) saúda quem chega do aeroporto, e recentemente a zona portuária foi revitalizada com o Cais Embarcadero, onde intervenções artísticas convivem com espaços de lazer.

Porto Alegre também tem forte cena cultural nos bairros: no boêmio Cidade Baixa, diversos painéis e lambe-lambes cobrem muros com mensagens de contestação e arte experimental; já no bairro Moinhos de Vento, murais como o da obra “Gaiteiro da Harmonia” homenageiam figuras da música local.

Manaus – AM

Teatro do Amazônia: Portal da Cultura do Amazonas | Reprodução

Conhecida por construções emblemáticas do ciclo da borracha, como o luxuoso Teatro Amazonas – um teatro de ópera inaugurado em 1896, com cúpula ornamentada com as cores da bandeira nacional –, Manaus se assemelha a um museu vivo da Belle Époque tropical.

O Teatro Amazonas, aliás, é rodeado por uma praça cujos desenhos em preto e branco do piso representam o encontro das águas dos rios Negro e Solimões, constituindo uma instalação artística permanente a céu aberto.

Mas além do patrimônio histórico, Manaus abraçou a arte urbana contemporânea como forma de celebrar e resgatar sua identidade. Nos últimos anos, vários murais de grafite surgiram nos prédios do centro histórico manauara, muitos destacando a temática indígena e cabocla da região.

Um exemplo de destaque é o mural “Guardiã da Amazônia”, uma pintura gigantesca numa empena de edifício retratando o rosto de uma mulher indígena, obra de um artista local, que chama atenção de quem passa e resgata as raízes dos povos originários.

Também foram feitos projetos para colorir viadutos e espaços públicos, por exemplo, viadutos importantes receberam painéis pintados em suas estruturas, para trazer arte onde antes havia apenas concreto.

Manaus conta ainda com espaços culturais integrados à paisagem, como o Largo de São Sebastião, onde artistas de rua se apresentam tendo ao fundo fachadas históricas, e o Palácio Rio Negro, hoje centro cultural, cuja arquitetura eclética e jardins podem ser apreciados livremente.

E não se pode esquecer das manifestações folclóricas ao ar livre, como o Festival de Parintins (Boi-Bumbá), embora ocorra na ilha de Parintins, influencia Manaus e traz para suas ruas durante o período junino desfiles e alegorias gigantes, verdadeiras esculturas em movimento.

Arte sem portas

De Norte a Sul do Brasil, nossas cidades comprovam que a arte não está restrita às paredes de museus e galerias, ela vive nas ruas, nas praças e nos monumentos ao ar livre, ao alcance de todos.

Vimos uma incrível diversidade de formas de expressão, grafites e murais que colorem metrópoles e democratizam a cultura, arquitetura histórica preservada que nos transporta no tempo, esculturas e instalações que dialogam com a paisagem, além de festivais e tradições populares que são espetáculos artísticos.

Essa riqueza reflete a pluralidade cultural do Brasil e reforça a ideia de que arte e vida caminham juntas, construindo identidades e inspirando quem passa. Ao planejar suas próximas viagens, considere incluir esses destinos no roteiro, caminhe com calma, olhe ao redor e aprecie cada detalhe.

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