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Cinco álbuns brasileiros recentes que celebram as matrizes africanas e apontam caminhos para o futuro

Letieres Leite já disse: “toda música brasileira é afro-brasileira”. A nossa música nasce e renasce das matrizes africanas — na pulsação dos tambores, na cadência dos cantos ancestrais, nos corpos que dançam e contam histórias. Nos últimos anos, uma nova geração tem reafirmado essa herança, atualizando estéticas, ressignificando tradições e produzindo obras que honram o passado ao mesmo tempo em que inventam futuros possíveis.

Selecionamos cinco álbuns brasileiros recentes de matriz africana que merecem atenção: trabalhos que combinam pesquisa, identidade, afeto, ritual e inovação sonora.

  1. Um Mar Pra Cada Um — Luedji Luna (2025)

O mais recente álbum de Luedji Luna, vencedor do Grammy Latino 2025, mergulha nas camadas mais íntimas do amor, mas o faz a partir de uma perspectiva corpo-espírito ligada às ancestralidades africanas. O disco aprofunda a sonoridade do jazz, neo-soul e ritmos afro-diaspóricos. Luedji reafirma a centralidade do feminino negro na produção contemporânea e demonstra como a música pode ser processo de cura, investigação pessoal e afirmação política. Sua obra ecoa tradições afro-baianas enquanto dialoga com o mundo.

Vale ouvir a entrevista que ela deu para o programa Vozes da Vez:

  • CAJU – Liniker (2024)

Em CAJU, Liniker celebra a ancestralidade por meio de uma estética sonora ainda mais madura e espiritualizada. O disco é atravessado por temas como cura, memória e identidade negra, com arranjos que mesclam soul, música afro-brasileira e espiritualidade. As composições ganham corpo na interpretação visceral da artista — que trata a voz como instrumento ritual.  Lançado em 2024, o disco apresenta uma Liniker disposta a compartilhar momentos mais íntimos, solares e espirituais da carreira. Em processo de cura, afirmação e movimento, costurando memórias afetivas, ancestralidade afro-brasileira e novas experimentações sonoras. Se Indigo Borboleta Anil a levou ao Grammy Latino — tornando-se a primeira artista trans a conquistar a premiação —, CAJU levou três estatuetas. Um disco que celebra a vida negra, a liberdade de existir e a potência de uma artista que segue expandindo a música brasileira com sensibilidade, coragem e inventividade.

Vale ouvir a entrevista que ela deu para o programa Vozes da Vez:

  • Hasos – Baco Exu do Blues (2025)

Cru, cinematográfico e introspectivo, Hasos mostra Baco revisitando feridas, ego, masculinidades e ancestralidade. O novo e aclamado trabalho do rapper baiano explora temas de vulnerabilidade, cura e autoconhecimento, com fortes referências à arte clássica (Caravaggio) e à cultura negra, misturando rap, R&B e MPB com participações de grandes nomes como Vanessa da Mata, Teto e Zeca Veloso, funcionando como uma jornada terapêutica e uma “nova Tropicália”. 

  • O mundo dá voltas – BaianaSystem (2025)

Um dos trabalhos mais inventivos da carreira do BaianaSystem – eles se superam a cada álbum! Neste disco, Russo Passapusso e sua trupe fazem uma imersão sonora que cruza ancestralidade afro-baiana, guitarra baiana (salve Beto Barreto), percussões pulsantes e experimentações eletrônicas. O álbum expande a estética do grupo ao abordar circularidade, movimento e transformação, temas presentes tanto nas letras quanto na arquitetura rítmica das faixas. A obra ganhou o Grammy Latino este ano, consolidando a banda como uma força criativa essencial na música brasileira contemporânea e reforçando a importância global de suas narrativas afro-diaspóricas.

  • – Improviso – Djavan (2025)

O trabalho mais recente do Djavan, Improviso, flagra o artista em liberdade absoluta, se movimentando com soberania dentro do ilimitado universo particular da sua singular obra autoral. Djavan reafirma por que é um dos grandes arquitetos da música preta brasileira. Jazz, soul, samba, R&B e os muitos sotaques do Atlântico Negro se entrelaçam em 12 faixas que tratam o amor como gesto, movimento e reinvenção constante. Djavan mergulha no improviso — essência da musicalidade negra — para criar canções que soam livres, fluidas e profundamente contemporâneas. Ao revisitar parcerias históricas, homenagear Gal Costa e até resgatar uma composição feita para Michael Jackson, o artista celebra uma linhagem que conecta Alagoas, África, Caribe e Estados Unidos. Improviso é, ao mesmo tempo, obra íntima e monumental: um tributo à ancestralidade que moldou o Brasil e uma demonstração renovada de que Djavan continua expandindo os horizontes da música negra no mundo.

Esses cinco álbuns mostram que as matrizes africanas seguem sustentando e renovando a música brasileira. São obras que celebram ancestralidade e espiritualidade afro-brasileira; ampliam estéticas e experimentações sonoras; põem artistas negros no centro das narrativas e reafirmam a música como ferramenta de memória, resistência e futuro. Em tempos de urgência social, esses discos lembram que a arte negra é força vital da nossa cultura — e que ouvir essas obras é também um gesto de reconhecimento, respeito e continuidade.

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