A cirurgia de joelho vive um salto tecnológico no Brasil e no mundo, com procedimentos menos invasivos, uso de robôs e peças feitas sob medida. “Na área ortopédica, a cirurgia do joelho é a que mais evoluiu nos últimos anos”, afirma a ortopedista Camila Cohen Kaleka, autora do artigo que embasa esta reportagem.
Robôs, navegação e cortes menores
Segundo Kaleka, as técnicas minimamente invasivas e a robótica vêm mudando a prática na sala cirúrgica. As chamadas artroscopias usam câmeras e instrumentos pequenos para intervir com mais precisão. “Permitem avaliar toda a articulação com instrumentais menores e câmeras de alta definição, possibilitando tratar lesões de menisco, cartilagem e ligamentos com menor agressão aos tecidos”, diz.
· Cirurgias por câmera (artroscopia) reduzem cortes e aceleram a recuperação.
· Próteses implantadas com ajuda de robôs têm cortes mais precisos e melhor alinhamento, reduzindo desgaste e aumentando a durabilidade.
· Sistemas de navegação funcionam como um “guia” para posicionar a prótese, garantindo mais simetria e estabilidade.

Próteses sob medida e novos materiais
A personalização também avança com a impressão 3D. “Impressoras 3D já produzem guias cirúrgicos, moldes e próteses sob medida, adaptadas à anatomia de cada paciente”, explica a ortopedista. Ela destaca ainda materiais que favorecem a integração ao osso e pesquisas que podem ampliar a vida útil dos implantes.
· Novos materiais biocompatíveis e superfícies porosas favorecem a fixação da prótese.
· Pesquisas testam enxertos de cartilagem cultivados em laboratório, biomateriais híbridos e substitutos ligamentares com células-tronco, ainda restritos a estudos clínicos.
Custo, treinamento e SUS ainda travam a adoção
Apesar do potencial, a incorporação em larga escala enfrenta obstáculos. “A adoção dessas inovações depende de investimento em equipamentos, capacitação de equipes e atualização constante dos protocolos de segurança”, afirma Kaleka. Robôs e próteses personalizadas seguem concentrados em grandes centros e hospitais privados.
No sistema público, a decisão passa por análise de custo-benefício, regulamentação e padronização de treinamentos para ampliar o acesso. “Os avanços em cirurgia de joelho mostram um caminho promissor para oferecer resultados mais precisos e duradouros”, diz a médica. “O sucesso dessas ferramentas depende de integração responsável, treinamento contínuo e políticas que garantam acesso seguro e equitativo aos pacientes brasileiros.



