Conheça a ideia que originou a música “Tico-tico no Fubá”, famosa na voz de Carmen Miranda

Hoje, 19 de setembro, seria aniversário de um dos maiores compositores de choros da história: Zequinha de Abreu. Ele foi o autor da música “Tico-Tico no Fubá”, famosa na voz de Carmen Miranda.

E, para homenagear o aniversariante do dia e seguir homenageando grandes compositores da nossa música popular brasileira – que são tão importantes e têm uma contribuição tão significativa quanto cantores, intérpretes e músicos – nós damos continuidade à série Saudando Grandes Compositores da MPB, em que contamos a história de grandes clássicos das carreiras desses artistas.

Foto: Reprodução/Internet

Zequinha de Abreu

Zequinha de Abreu nasceu em Santa Rita do Passa Quatro, no interior de São Paulo, em 1880. Desde os seis anos de idade já mostrava que tinha vocação para a música, tirando melodias da flauta. 

Ainda durante o curso primário organizou uma banda na escola, da qual ele mesmo era o regente. Com 10 anos, já tocava requinta, flauta e clarineta na banda e ensaiava suas primeiras composições. 

Em 1894, foi para o Seminário Episcopal de São Paulo, onde aprendeu harmonia. Aos 17 anos, voltou para sua cidade natal e fundou sua própria orquestra, visando se apresentar em saraus, bailes, aniversários, casamentos, serestas e em cinemas, acompanhando os filmes mudos. 

Valsas, choros, tangos, marchinhas e foxtrotes

Nessa época, fez suas primeiras valsas conhecidas, como Flor da Estrada. Passou a compor choros, tangos, marchinhas e foxtrotes. Zequinha de Abreu tornou-se  então figura decisiva da música popular brejeira e circulava bastante entre a classe média no Brasil do começo do século XX. 

Mas foi com uma gravação de Carmen Miranda que ficou internacionalmente conhecido: sua composição mais conhecida, o choro Tico-tico no Fubá, sobre o qual vamos contar a história hoje. 

Em 1918, Zequinha de Abreu compôs sua valsa mais famosa: Branca, dedicada à filha do chefe da estação ferroviária de Santa Rita do Passa Quatro.

No ano seguinte, mudou-se para São Paulo e passou a tocar piano em bailes, cabarés e casas de famílias ricas, onde também muitas vezes vendia suas partituras. Em 1933, fundou a banda Zequinha de Abreu, com 25 integrantes.

O compositor morreu em janeiro de 1935, aos 54 anos, vítima de um ataque cardíaco. Sua vida inspirou o filme Tico-tico no Fubá, de 1952, dirigido por Adolfo Celi e Fernando de Barros, e estrelado por Anselmo Duarte e Tônia Carrero.

A história da música “Tico-tico no Fubá” (1917), de Zequinha de Abreu

Em 1917, durante um baile em Santa Rita do Passa Quatro, Zequinha de Abreu apresentou um chorinho inacabado e ainda sem nome e sem letra, que – mais tarde – se tornou uma das músicas brasileiras mais gravadas em todos os países do mundo. 

Contam que, ao final da interpretação do número, impressionado com os casais dançando, que pulavam freneticamente, disse aos músicos: “Até parece tico-tico no farelo!”. Surgiu daí – pouco depois – o título definitivo, Tico-tico no Fubá.

Tico-tico

A observação do compositor era muito pertinente: o Tico-tico (Zonotrichia capensis) é uma espécie de ave das mais conhecidas do Brasil. Ele vive mesmo pulando, uma técnica usada para remover folhas ou terra que eventualmente cobrem seu alimento no solo (sementes ou insetos).

Helmut Sick, o autor do livro de referência Ornitologia Brasileira, cita que os tico-ticos chegam a pular até quatro vezes consecutivas sem alterar a posição das pernas, jogando para trás o material do solo.

Zequinha de Abreu deve ter observado muitos Tico-ticos saltitando em torno de farelos ao longo de sua vida, e fez essa rápida associação com as pessoas do baile dançando animadas ao escutarem sua música.

As letras da canção

A canção foi gravada pela primeira vez 14 anos depois dessa primeira exibição, pela Orquestra Colbaz, em 1931, em um compacto que continha Tico-tico no Fubá e Branca, os dois maiores clássicos de Zequinha de Abreu.

Em 1942, já depois da morte de Zequinha de Abreu, a cantora potiguar Ademilde Fonseca – conhecida como a Rainha do Chorinho – gravou Tico-tico no Fubá, já com versos de Eurico Barreiros, o primeiro a colocar letra na canção. 

Em 1944, com letra em inglês do compositor americano Ervin Drake, a canção foi incluída nos filmes musicais norte-americanos Escola de Sereias – da MGM, com direção de George Sidney – e Melodias Roubadas – da Columbia, direção de Del Lord. 

Em 1947, Tico-tico no Fubá, agora com uma nova letra – feita por Aloysio de Oliveira, diretamente dos Estados Unidos – foi interpretada por Carmen Miranda no filme estadunidense de comédia musical, Copacabana, da United Artists, com direção de Alfred E. Green, sendo amplamente divulgada em todo o mundo.  

Uma das músicas brasileiras mais conhecidas no mundo

Figura-chave na internacionalização da música popular brasileira, o produtor musical, cantor, compositor, dublador, músico e locutor carioca Aloysio de Oliveira participou de toda a carreira de Carmen Miranda no exterior, com o Bando da Lua, conjunto musical que fundou em 1929, e fez a essa versão de letra para Tico-tico no Fubá especialmente para a cantora, dançarina e atriz luso-brasileira, que já havia lançado a versão em inglês da canção em compacto, dois anos antes. 

Foto: Reprodução Internet/Reprodução Correio da Manhã/Acervo Arquivo Nacional/Montagem

Depois desse imenso sucesso internacional,  Tico-tico no Fubá tornou-se uma das músicas brasileiras mais conhecidas no mundo e foi regravada por nomes como:

  • Sivuca;
  • Altamiro Carrilho;
  • Paco de Lucia;
  • Raphael Rabello;
  • Armandinho;
  • Alaíde Costa;
  • Pixinguinha;
  • João Bosco;
  • Pepeu Gomes;
  • Benedito Lacerda;
  • Orquestra Filarmônica de Berlim;
  • Yamandu Costa;
  • Dominguinhos;
  • Ney Matogrosso;
  • Roberta Sá;
  • e Daniela Mercury.

​​Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante Zequinha de Abreu.

Por: Lívia Nolla

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