Cora Coralina: Poemas mais famosos e a história por trás deles

Cora Coralina, uma das mais renomadas poetisas brasileiras, deixou um legado na literatura nacional por seus poemas marcante que captura a essência da vida simples, a beleza da natureza e a força das mulheres. 

Entendendo sua relevância para a cultura brasileira, Cora Coralina não poderia deixar de ser homenageada! É por isso que ela é nossa escolhida da vez do Foras de Série, série de matérias que homenageia grandes personalidades brasileiras. 

Neste episódio do Foras de Série, vamos explorar alguns dos poemas mais famosos de Cora Coralina e contar um pouco sobre a história por trás de cada uma dessas obras. Ficou curioso(a)?! Continue com a gente!

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Confira os poemas mais famosos e a história por trás deles. | Foto: Montagem.

Quem foi Cora Coralina?

Cora Coralina, cujo nome de batismo era Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu em 20 de agosto de 1889, na cidade de Goiás, Goiás. Viveu uma vida longa e cheia de desafios, que a inspiraram a expressar sua visão de mundo por meio da poesia. 

Cora começou a escrever ainda na juventude, mas suas obras só foram publicadas tardiamente, quando ela já tinha mais de 75 anos. Essa demora em ser reconhecida não a impediu de se tornar uma das figuras literárias mais amadas do Brasil.

Seus versos são permeados por sua experiência de vida como esposa, mãe e doceira, uma profissão que exerceu por muitos anos. Cora Coralina faleceu em 10 de abril de 1985, deixando um legado poético que celebra a simplicidade da vida, a resistência feminina e a profunda conexão com a natureza.

Confira 5 poemas de Cora Coralina

Confira a seguir 5 poemas entre os mais famosos de Cora Coralina: 

“Aninha e suas pedras”

“Aninha e suas pedras” é um dos poemas mais emblemáticos de Cora Coralina. Nesse poema, a autora narra a história de uma menina que, ao invés de brinquedos convencionais, coleciona pedras. Ela valoriza cada uma delas e encontra beleza nas diferentes cores, formas e texturas. A história por trás deste poema remonta à infância de Cora, que cresceu em uma época e local onde brinquedos eram raros e a imaginação era a melhor companheira.

Cora Coralina nos leva a refletir sobre a simplicidade da infância e como a capacidade de encontrar beleza nas coisas mais simples pode enriquecer nossas vidas. “Aninha e suas pedras” é um hino à valorização das pequenas coisas e à pureza do olhar infantil.

Confira: 

“Não te deixes destruir…

Ajuntando novas pedras

e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.

Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha

um poema.

E viverás no coração dos jovens

e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.

Toma a tua parte.

Vem a estas páginas

e não entraves seu uso

aos que têm sede.”

“O Cântico da Terra”

“O Cântico da Terra” é um poema que celebra a natureza e a conexão profunda entre o ser humano e o ambiente que o rodeia. Cora Coralina, que viveu grande parte de sua vida em Goiás, tinha um profundo amor pela terra e pela vida no campo. Neste poema, ela expressa seu respeito pela natureza e sua crença na importância de cuidarmos do nosso planeta.

A história por trás deste poema está enraizada na vida rural de Cora, onde ela testemunhou a dureza do trabalho no campo, mas também a beleza da terra que recompensa o esforço humano com suas bênçãos. “O Cântico da Terra” é um chamado à consciência ambiental e uma celebração da nossa ligação intrínseca com a natureza.

Leia um trecho: 

“Eu sou a terra, eu sou a vida.

Do meu barro primeiro veio o homem.

De mim veio a mulher e veio o amor.

Veio a árvore, veio a fonte.

Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.

Sou o chão que se prende à tua casa.

Sou a telha da coberta de teu lar.

A mina constante de teu poço.

Sou a espiga generosa de teu gado

e certeza tranquila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.

De mim vieste pela mão do Criador,

e a mim tu voltarás no fim da lida.

Só em mim acharás descanso e Paz”. 

“Mulher da Vida”

“Mulher da Vida” é um poema que aborda a força e a resiliência das mulheres que enfrentam os desafios da vida com coragem e determinação. Cora Coralina, que viveu em uma época em que as mulheres tinham papéis socialmente restritos, encontrou inspiração em sua própria experiência e na de outras mulheres ao seu redor.

A história por trás deste poema é a história das mulheres que lutaram contra as adversidades, quebraram estereótipos e seguiram seus próprios caminhos. Cora Coralina exalta a “Mulher da Vida” como alguém que vive plenamente, apesar das dificuldades, e que merece respeito e admiração.

Veja: 

“Mulher da Vida,

Minha irmã.

De todos os tempos.

De todos os povos.

De todas as latitudes.

Ela vem do fundo imemorial das idades

e carrega a carga pesada

dos mais torpes sinônimos,

apelidos e ápodos:

Mulher da zona,

Mulher da rua,

Mulher perdida,

Mulher à toa.

Mulher da vida,

Minha irmã”. 

“Becos de Goiás”

“Becos de Goiás” é um poema que nos transporta para as ruas estreitas e becos da cidade natal de Cora Coralina. Neste poema, a autora descreve com carinho e nostalgia as paisagens urbanas de Goiás, onde viveu a maior parte de sua vida. A história por trás deste poema está na profunda ligação de Cora com sua cidade natal e a influência das paisagens e pessoas que ela encontrou nas ruas estreitas e becos.

Cora Coralina nos convida a apreciar a beleza nas coisas simples do cotidiano e a encontrar a poesia nas paisagens urbanas que muitas vezes passam despercebidas.

Confira um trecho a seguir: 

“Becos da minha terra…

Amo tua paisagem triste, ausente e suja.

Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.

Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.

E a réstia de sol que ao meio-dia desce fugidia,

e semeias polmes dourados no teu lixo pobre,

calçando de ouro a sandália velha, jogada no monturo”.

“Meu Destino”

“Meu Destino” é um poema que reflete sobre a passagem do tempo e a inevitabilidade da morte. Cora Coralina, em sua velhice, contemplou a finitude da vida com serenidade e sabedoria. Neste poema, ela expressa sua aceitação do destino e sua fé em algo maior que transcende a mortalidade.

A história por trás deste poema é a jornada pessoal de Cora Coralina em direção à aceitação da morte como parte natural da vida. Ela nos ensina a abraçar a vida com gratidão e a enfrentar a morte com serenidade, como um capítulo inevitável de nossa existência.

“Nas palmas de tuas mãos

leio as linhas da minha vida.

Linhas cruzadas, sinuosas,

interferindo no teu destino.

Não te procurei, não me procurastes –

íamos sozinhos por estradas diferentes.

Indiferentes, cruzamos

Passavas com o fardo da vida…

Corri ao teu encontro.

Sorri. Falamos.

Esse dia foi marcado

com a pedra branca

da cabeça de um peixe.

E, desde então, caminhamos

juntos pela vida…”

Por meio de suas poesias delicadas e inesquecíveis, Cora Coralina deixa um legado na literatura e cultura brasileira e continua sendo lembrada até os dias de hoje! 

Para conhecer mais sobre a poetisa, continue acompanhando os próximos episódios do Foras de Série na Novabrasil!

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