Hoje, dia 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Nesta data de extrema importância, saiba mais sobre a data, confira uma lista com mulheres essenciais da nossa música, além de uma playlist com 15 músicas da MPB para refletir sobre o Dia da Mulher.
Dia Internacional da Mulher
A data existe para nos lembrar e fazer refletir sobre a importância da luta das mulheres por igualdade de gênero, por direitos e por respeito na sociedade patriarcal em que vivemos, onde o machismo é uma questão estrutural e a desigualdade e a violência contra a mulher atingem índices altíssimos e inaceitáveis.
Na nossa música popular brasileira, o que não faltam são grandes mulheres fazendo história: cantoras, produtoras, instrumentistas, intérpretes e também compositoras de suas próprias músicas, que deixaram a sua marca, quebraram padrões e transformam a história do nosso país, com personalidade, força e talento, mostrando que as mulheres podem ocupar todos os espaços.
Mulheres na MPB
Seria impossível citar todas, mas podemos enaltecer alguns grandes nomes como as saudosas:
- Chiquinha Gonzaga; pioneira entre as mulheres na música, que abriu espaço para todas as que vieram depois;
- Dona Ivone Lara, primeira mulher a integrar uma ala de compositores de uma escola de samba;
- Dolores Duran;
- Elizeth Cardoso;
- Dalva de Oliveira;
- Aracy de Almeida;
- Ângela Maria;
- Inezita Barroso;
- Maysa;
- Elis Regina;
- Clara Nunes;
- Beth Carvalho;
- Nara Leão;
- Cássia Eller;
- Gal Costa;
- e Elza Soares.
Essas últimas duas, potências em forma de mulher, que perdemos recentemente.
Passando por lendas vivas como:
- Rita Lee, que foi pioneira não só em fazer rock’n roll, mas em desnudar o universo feminino em suas letras, falando de prazer e sexualidade;
- Maria Bethânia;
- Alcione;
- Gal Costa;
- Fafá de Belém;
- Ângela Rorô;
- Wanderléa;
- Elba Ramalho;
- Sandra de Sá;
- Zélia Duncan;
- Simone;
- Marina Lima.
Outras musas como:
- Marisa Monte;
- Paula Lima;
- Adriana Calcanhoto;
- Fernanda Takai;
- Vanessa da Mata;
- Ana Carolina;
- Luciana Mello;
- Daniela Mercury;
- Ivete Sangalo;
- Mart’nália.
Até chegar nos nomes mais jovens da nossa MPB como:
- Tulipa Ruiz;
- Liniker;
- Luiza Possi;
- Ana Cañas;
- Roberta Sá;
- Mariana Aydar;
- Mallu Magalhães;
- Iza;
- Pitty;
- Assucena;
- Drik Barbosa;
- Maria Gadú;
- Ellen Oléria;
- Majur;
- Céu;
- Luedji Luna;
- Xênia França;
- Tiê;
- Roberta Campos;
- Mc Soffia;
- Anavitória;
- e tantas outras.
Hoje é dia de homenageá-las. Avante, mulheres! Todo o nosso respeito e admiração. E obrigada por trazerem sua força e brilho para a nossa música popular brasileira!
15 músicas da MPB para refletir sobre o Dia da Mulher
Em homenagem à força e à luta feminina, separamos uma playlist com canções empoderadas, que não nos deixam esquecer da importância dessa causa e do ser mulher em nossa sociedade!
Mas antes de dar o play, confira mais sobre cada canção escolhida:
1 – Pagu – Rita Lee e Zélia Duncan
Composta por essas duas mulheres incríveis, para homenagear outra mulher incrível: Pagu – jornalista, escritora, desenhista, poeta, professora, revolucionária, presa política.
A letra fala sobre a força da mulher e a opressão que ela sofre, na luta pela igualdade de direitos e pela quebra dos padrões impostos pela sociedade.
Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira
Sabe o que é ser carvão
Eu sou pau pra toda obra
Deus dá asas a minha cobra
Hum hum hum hum
Minha força não é bruta (adoro essa frase)
Não sou freira, nem sou puta
Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem
2 – Maria de Vila Matilde – Elza Soares (Douglas Germano)
A canção faz parte do disco Mulher do Fim do Mundo, lançado pela força da natureza, Elza Soares, em 2015 e que conta com várias músicas que falam sobre a luta da mulher.
Nesta faixa, Elza narra a vida de uma mulher que cansou de silenciar sobre a violência física que sofre do companheiro e seu relacionamento abusivo.
Cadê meu celular? Eu vou ligar prum oito zero
Vou entregar teu nome e explicar meu endereço
Aqui você não entra mais
Eu digo que não te conheço
E jogo água fervendo se você se aventurar
Eu solto o cachorro
E, apontando pra você
Eu grito péguix guix guix guix
Eu quero ver você pular, você correr
Na frente dos vizinhos
‘Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim
3 – Triste Louca ou Má – Francisco El Hombre (Juliana Strassacapa/Mateo Piraces Ugarte/Sebastian Piraces Ugarte/Rafael Gomes da Silva/Andrei Kozyreff)
Composição conjunta da banda e lindamente interpretada por Juliana Strassacapa, tornou-se um hino feminista e fala sobre os padrões e estereótipos associados às mulheres e a importância da libertação da mulher ao entender que é o seu próprio lar.
Triste, louca ou má
Será qualificada
Ela quem recusar
Seguir receita tal
A receita cultural
Do marido, da família
Cuida, cuida da rotina
Só mesmo, rejeita
Bem conhecida receita
Quem não sem dores
Aceita que tudo deve mudar
Que um homem não te define
Sua casa não te define
Sua carne não te define
Você é seu próprio lar
4 – Todas as Mulheres do Mundo – Rita Lee
Rita Lee sempre quebrou padrões. Além de ser a primeira mulher a tomar conta da cena do Rock’n Roll brasileiro, antes somente dominada por homens, Rita é a primeira a colocar em suas letras assuntos tão importantes do universo feminino como a sexualidade, a opressão, a menstruação, a menopausa e tantas outras questões.
Nesta canção, Rita cita o nome de várias mulheres que fizeram história, como ela, e que não aceitaram abaixar a cabeça para os padrões e as opressões da sociedade, fazendo uma menção a mulheres de todos os tipos, livres de rótulos, estereótipos e de idealizações masculinas.
Mulheres que querem poder ser e fazer o que quiserem, ocupar todos os espaços. No refrão, Rita homenageia outra mulher revolucionária e à frente de seu tempo, que sofreu muito por conta disso: a atriz Leila Diniz.
Garotas de Ipanema, minas de Minas
Loiras, morenas, messalinas
Santas sinistras, ministras malvadas
Imeldas, Evitas, Beneditas estupradas
Toda mulher quer ser amada
Toda mulher quer ser feliz
Toda mulher se faz de coitada
Toda mulher é meio Leila Diniz
5 – Desconstruindo Amélia – Pitty
A baiana Pitty que quebrou padrões ao tornar-se uma das vozes referência do Rock brasileiro, assim como Rita Lee, segue nos desconstruindo com essa canção que fala sobre uma mulher que resolveu mudar as coisas e quebrar os padrões de uma sociedade machista. E desconstruindo, também, a antiga e submissa Amélia, da canção que Ataulfo Alves e Mário Lago escreveram em 1942.
Disfarça e segue em frente
Todo dia até cansar
Uooh
E eis que de repente ela resolve então mudar
Vira a mesa
Assume o jogo
Faz questão de se cuidar
Uooh
Nem serva, nem objeto
Já não quer ser o outro
Hoje ela é o também
6 – Menopower – Rita Lee
Rita Lee marcará forte presença nesta playlist – e não é à toa! Nesta canção, Rita fala de menstruação, menopausa e contracepção com a naturalidade que essas pautas -consideradas tabus – devem ser tratadas.
Vestida para matar em pleno climatério
A velha senhora só vai ficar mocinha no cemitério
Chega de derramamento de sangue
Cinquentona adolescente
Quem disse que útero é mangue
Progesterona urgente
Menopower pra quem foge às regras
Menomale, quando roça e esfrega
Menopower pra quem nunca se entrega
Melancólicas, vocês são piegas
7 – Respeita – Ana Cañas
Ativista declarada da causa feminista, Ana Cañas canta por respeito, liberdade, igualdade e individualidade da mulher.
8 – As Loucas – Rita Lee
Mais uma vez ela. Aqui, Rita canta sobre a hipocrisia de as mulheres serem chamadas de loucas quando isso convêm. Ao mesmo tempo em que se assume louca, com muito orgulho.
9 – Velha e Louca – Mallu Magalhães
Falando em louca, Mallu Magalhães passou o batom vermelho e, com a maturidade, deixou de ligar pro julgamento dos outros. Podem falar o que quiserem, que ninguém vai tirar seu riso frouxo, porque ela agora segue o seu próprio nariz. Isso sim é ser mulher!
10 – Desinibida – Tulipa Ruiz
Outra mulher livre, de bem com a vida e cheia de personalidade é Desinibida, de Tulipa Ruiz.
11 – Lança Perfume – Rita Lee
Em 1980, nenhuma mulher cantava tão abertamente sobre sexualidade e o prazer feminino. Mas Rita não é qualquer mulher, Rita é Rita!
12 – 1º de Julho – Cássia Eller
Composta por Renato Russo, especialmente para Cássia Eller, quando a cantora estava grávida de seu filho, Chicão.
A letra fala sobre a potência de ser mãe e ao mesmo tempo filha, fera, bicho, anjo, irmã, deusa, menina. Mas principalmente, de ser sua e de mais ninguém. A potência e o aprendizado de ser mulher.
13 – Luz Del Fuego – Rita Lee
E, pra terminar, vamos mais uma vez de Rita Lee! Nesta canção ela homenageia Luz Del Fuego, uma dançarina, atriz e escritora que já em 1949 era feminista e lutava pelos direitos e pela emancipação das mulheres. Foi morta brutalmente em 1967, aos 50 anos de idade, por pescadores que invadiram a Ilha do Sol, reduto naturista onde ela morava, e saquearam a sua casa.
14 – Dona de Mim – Iza
A música inspiradora de Iza fala de força, amor próprio, auto aceitação, empoderamento e determinação da mulher, principalmente da mulher negra. Traz visibilidade questões como o racismo e o machismo e traz à tona as opressões de gênero, raça e classe no Brasil.
Já me perdi tentando me encontrar
Já fui embora querendo nem voltar
Penso duas vezes antes de falar
Porque a vida é louca, mano, a vida é louca
Sempre fiquei quieta, agora vou falar
Se você tem boca, aprende a usar
Sei do meu valor e a cotação é dólar
Porque a vida é louca, mano, a vida é louca
Me perdi pelo caminho
Mas não paro, não
Já chorei mares e rios
Mas não afogo, não
Sempre dou o meu jeitinho
É bruto, mas é com carinho
Porque Deus me fez assim
Dona de mim
15 – Menina Pretinha – MC Soffia
Na época, MC Soffia tinha apenas 11 anos, entretanto a pouca idade não a impediu de cantar sobre a realidade de ser uma menina negra no Brasil:
“Devolva minhas bonecas / Quero brincar com elas / Minhas bonecas pretas / O que fizeram com elas?”.
Com o lançamento de Menina Pretinha, a artista mostrou a consciência que tinha da sociedade ao seu redor e provou que não há limite etário para se falar do empoderamento das mulheres negras.
“Faço música de força e resistência. Quero ajudar as meninas negras para que elas se amem e se aceitem como são’’, disse a MC.
Menina pretinha
Exótica não é linda
Você não é bonitinha
Você é uma rainha
Devolva minhas bonecas
Quero brincar com elas
Minhas bonecas pretas
O que fizeram com elas?
Vou me divertir enquanto sou pequena
Barbie é legal, mas eu prefiro a Makena africana
Como história de griô, sou negra
E tenho orgulho da minha cor
Africana
Como história de griô
Sou negra
E tenho orgulho da minha cor