Dia do Poeta: 12 músicas que homenageiam a Literatura Brasileira

Hoje, dia 20 de outubro, é celebrado o Dia do Poeta no Brasil. Entenda mais sobre a data e veja uma lista com 12 canções da MPB que homenageiam a Literatura Brasileira.

Entenda mais sobre o Dia do Poeta | Foto: Freepik

Amor é Pra Quem Ama

O poeta mineiro João Guimarães Rosa escreveu em seu romance Grande Sertão Veredas, uma das mais significativas obras da literatura brasileira, publicada em 1956:

“Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.

Anos depois, em 2011, o cantor e compositor pernambucano Lenine e seu parceiro Ivan Santos compuseram a canção Amor é Pra Quem Ama, inspirada nos versos do poeta, para o disco Chão.

Dia do Poeta

O principal propósito desta data é incentivar a leitura, a escrita e a publicação de obras literárias e poéticas nacionais. O dia foi escolhido porque – em 20 de outubro de 1976, em São Paulo – surgia o Movimento Poético Nacional, na casa do jornalista, romancista, advogado e pintor brasileiro Paulo Menotti Del Picchia.

Os poetas da música brasileira

E quantos e quantos nomes da nossa música popular brasileira não são grandes poetas? 

Que possuem o dom de transformar em música, palavras que nos tocam, emocionam e despertam inúmeras sensações em nós como amor, alegria, saudade, nostalgia, tristeza, calma, euforia, arrepios, soluços, sorrisos, lágrimas, vontade de sair dançando por aí… que nos fazem lembrar de um amor, de um amigo, de um lugar, de nós mesmos, da nossa infância, juventude… que nos conectam a gente e com o mundo a nossa volta.

Música é poesia e traz poesia para a nossa vida. Nem cabe citar aqui os poetas da nossa MPB, pois eles são muitos, de diversos estilos, de inúmeras gerações, que escreveram grandes clássicos da música popular brasileira.

Mas, nos resta agradecer, por sua sensibilidade, genialidade e amor. Por colocarem poesia, em forma de música, em nossas vidas, todos os dias.

Viva o Dia do Poeta! Viva a poesia, ela vai salvar o mundo!

Dia do Poeta: 12 músicas que homenageiam a Literatura Brasileira

1 – Amor é Pra Quem Ama –  Lenine (Lenine e Ivan Santos)

A canção Amor é Pra Quem Ama – de Lenine e Ivan Santos, lançada no disco Chão, de Lenine, em 2011 – tem como mote uma citação de Grande Sertão Veredas, clássico da Literatura Brasileira, escrito por Guimarães Rosa, que parte do sertão de Minas Gerais para analisar questões universais que atravessam a alma humana, como o amor, o sofrimento, a violência, a força e a alegria.

A música traz uma das falas mais famosas de Riobaldo, personagem do livro:

Amor é pra quem vive

Amor que não prescreve

Eterno

Terno

Pleno

Insano

Luz do sol da noite escura

“Qualquer amor já é

Um pouquinho de saúde

Um descanso na loucura”

2 – Alegre Menina –  Djavan (Dorival Caymmi e Jorge Amado)

A canção Alegre Menina – composta por Dorival Caymmi Jorge Amado – foi inspirada no livro Gabriela, Cravo e Canela, do escritor baiano. A versão mais conhecida da música foi gravada por Djavan para a trilha sonora da novela Gabriela, exibida pela TV Globo em 1975.

Publicado em 1958, em Gabriela, Cravo e Canela, Jorge Amado narra a história de romance vivido entre o sírio Nacib e Gabriela em meados dos anos 1920, época em que a cidade de Ilhéus, na Bahia, lutava para se modernizar.

O que fizeste sultão de minha alegre menina

Só desejava campina, colher as flores do mato

Só desejava um espelho de vidro prá se mirar

Só desejava do sol calor para bem viver

Só desejava o luar de prata prá repousar

Só desejava o amor dos homens prá bem amar

3 – Modinha para Gabriela –  Gal Costa (Dorival Caymmi)

Também inspirada pelo romance de Jorge AmadoGabriela, Cravo e Canela, a canção Modinha para Gabriela – de Dorival Caymmi – capta pelo menos duas das facetas da personagem título: um lado confessional e recluso, carregado de certo tom de timidez, próprio ao silêncio do retirante, e outro despojado, da Gabriela das festas, autêntica e brincalhona, que deixa transparecer toda sua sensualidade e alegria.

A música também faz parte da trilha sonora da novela de 1975, como canção tema, interpretada divinamente por Gal Costa.

Eu nasci assim eu cresci assim

E sou mesmo assim

Vou ser sempre assim Gabriela

Sempre Gabriela

4 – Vambora – Adriana Calcanhotto

A música Vambora – lançada por Adriana Calcanhotto no seu disco Marítimo, de 1998 – traz menções aos livros de poesias Dentro da Noite Veloz, de Ferreira Gullar, e A Cinza das Horas, de Manuel Bandeira.

Lançado em 1975, Dentro da Noite Veloz é um dos livros de poemas de Ferreira Gullar com maior engajamento político. A obra contém poemas clássicos da carreira de Gullar como Não Há Vagas e Homem Comum, e denuncia a realidade de dureza e de desigualdade vivida no Brasil.

Já A Cinza das Horas é o livro de estreia de Manuel Bandeira, e aborda as dificuldades da vida humana. Bandeira escreveu a obra enquanto realizava um tratamento em um sanatório e  expõe um estado de espírito “cinza”, diante das dores, do desamparo e da solidão que nos atravessam em nossa existência.

Ainda tem o seu perfume pela casa

Ainda tem você na sala

Porque meu coração dispara

Quando tem o seu cheiro

Dentro de um livro

Dentro da noite veloz

Ainda tem o seu perfume pela casa

Ainda tem você na sala

Porque meu coração dispara

Quando tem o seu cheiro

Dentro de um livro

Na cinza das horas

5 – Funeral de um Lavrador – Chico Buarque (Chico Buarque e João Cabral de Melo Neto)

Composta em 1966 para a peça baseada no livro Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, a canção Funeral de um Lavrador – de Chico Buarque (que escreveu a música quando tinha apenas 21 anos!) – traz um trecho integral do texto que a inspira, falando sobre o sofrimento enfrentado por um retirante nordestino em busca de uma vida com menos miséria na capital pernambucana. A canção foi gravada por Nara Leão, no mesmo ano.

É uma cova grande pra tua carne pouca

Mas a terra dada, não se abre a boca

É a conta menor que tiraste em vida

É a parte que te cabe deste latifúndio

É a terra que querias ver dividida

Estarás mais ancho que estavas no mundo

Mas a terra dada, não se abre a boca

6 – Motivo –  Fagner (Fagner e Cecília Meirelles)

Em seu disco Eu Canto, de 1978, o cearense Raimundo Fagner musicou o belo poema Motivo, presente no livro Viagem, da escritora carioca Cecília Meireles, lançado no final dos anos 30.

Eu canto, porque o instante existe

E a minha vida está completa

Não sou alegre nem sou triste, sou poeta

7 – A Hora da Estrela – Pato Fu (John Ulhoa)

A Hora da Estrela é o último trabalho da escritora Clarice Lispector, publicado em 1977. Narra a trajetória de Macabéa, datilógrafa alagoana recém-chegada ao Rio de Janeiro. Enquanto a personagem central da história se despede, cumprindo seu destino sem reclamar, o livro traz à tona questões filosóficas e existenciais da autora.

Fernanda Takai, que também é escritora, sempre admirou Clarice e seu companheiro de banda e de vida, John Ulhôa, compôs esta canção inspirada em A Hora da Estrela.

Na música – lançada em 2007, no disco Daqui Pro Futuro – assume-se a perspectiva da protagonista, que se mantém de fato alienada em relação a seu destino e que está pronta para mudar sua vida para sempre.

 

Pra mudar a sua vida pra sempre

Já imagina

Como tudo vai ser tão diferente

E aquele lugar lá na frente

Vai ser seu

Mais um minuto

E tudo o que sonhou vai ser verdade

Não há no mundo

Quem não entenda a sua felicidade

Que possa dizer com certeza

Que o lugar é seu

Que é de quem nasceu pra brilhar

Uh, a hora da estrela vai chegar

Uh, agora ninguém vai duvidar

Não hoje, não mais

Nem nunca, jamais

Ela está pronta

Pra mudar a sua vida pra sempre

 

8 – A Terceira Margem do Rio – Milton Nascimento (Caetano Veloso e Milton Nascimento)

Caetano Veloso conseguiu captar as palavras chave de A Terceira Margem do Rio, famoso conto de Guimarães Rosa, e colocá-las brilhantemente na canção feita em parceria com Milton Nascimento e lançada em 1990 – no disco TXAI, de Milton – e no ano seguinte no álbum Circuladô, de Caetano.

Margem da palavra

Entre as escuras duas

Margens da palavra

Clareira, luz madura

Rosa da palavra

Puro silêncio, nosso pai

9 – Capitu – Luiz Tatit e Ná Ozzetti (Luiz Tatit)

Composta por Luiz Tatit – musicólogo e teórico da canção brasileira – e lançada por Ná Ozzetti, em 1999, e pelo próprio Tatit no ano seguinte, a letra de Capitu lança um novo olhar sobre a personagem do clássico Dom Casmurro, lançado por Machado de Assis, em 1899. A composição mescla a modernidade dos tempos em que a canção foi escrita com o contexto vivido nos tempos do romance machadiano.

Capitu

A ressaca dos mares

A sereia do sul

Captando os olhares

Nosso totem tabu

A mulher em milhares

Capitu

10 – Tieta – Luiz Caldas 

Luiz Caldas compôs Tieta especialmente para a trilha da novela homônima, que foi ao ar pela TV Globo entre os anos de 1989 e 1990 e era baseada no romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado, lançado em 1977. A canção tornou-se o tema de abertura da produção global.

O livro narra a trajetória de uma jovem e livre pastoreira de cabras em Mangue Seco e seus relacionamentos com diversos amantes nas dunas da região do interior da Bahia. Sua irmã, a carola Perpétua, denuncia ao pai as aventuras de Tieta, e a liberdade da moça escandaliza a pequena Sant’Ana do Agreste. Depois de levar uma surra de cajado, Tieta é escorraçada de casa pelo pai.

Ela passa um tempo perambulando por localidades próximas, prostituindo-se para sobreviver, e então segue para São Paulo, onde torna-se cafetina. Envia dinheiro à família, mas ninguém conhece seu paradeiro. Quando a correspondência é interrompida, Perpétua conclui que a irmã está morta. Mas após mais de 25 anos da partida, Tieta regressa rica e bem sucedida, para escandalizar ainda mais os costumes da conservadora cidade.

Tieta não foi feita

Da costela de Adão

É mulher diabo

Minha própria tentação

Tieta é a serpente

Que encantava o paraíso

Ela veio ao mundo

Pra virar nosso juízo

11 – Luz de Tieta – Caetano Veloso

Já em 1996, Caetano Veloso compôs a canção Luz de Tieta, para o filme Tieta do Agreste, também baseado no romance de Jorge Amado. A trilha sonora completa do longa foi composta especialmente por Caetano.

Eta, eta, eta, eta

É a lua, é o sol é a luz de Tieta, eta, eta, eta

12 – Sítio do Picapau Amarelo – Gilberto Gil

Na canção composta em 1977, Gilberto Gil descreve com beleza um dos mais famosos clássicos da literatura infantil brasileira: o Sítio do Picapau Amarelo, série de livros de Monteiro Lobato, escritos entre os anos de 1920 e 1947. A canção entrou para a trilha sonora do seriado inspirado na obra de Lobato.

Marmelada de banana

Bananada de goiaba

Goiabada de marmelo

Sítio do Pica-Pau Amarelo

Sítio do Pica-Pau Amarelo

Boneca de pano é gente

Sabugo de milho é gente

O sol nascente é tão belo

Sítio do Pica-Pau Amarelo

Sítio do Pica-Pau Amarelo

Por: Lívia Nolla

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