Às vésperas do Carnaval, o RADAR ENTREVISTA já entra no clima de alalaô. E ninguém melhor que ele para dar o ponta pé inicial. Diogo Nogueira ama a festa momesca, foi ninado no berço do samba, é filho de bamba, namora uma rainha de bateria, tá com um disco novo reverenciando o gênero musical mais popular do país e ainda vai comandar um baile no próximo dia 8 de fevereiro, no Vivo Rio.
O artista esteve nos estúdios da NOVABRASIL no Rio de Janeiro e conversou com as jornalistas Fabiana Ferraz e Fabiane Pereira (apresentadora do Vozes da Vez, programa que vai ao ar toda segunda, às 22h).
Mais do que música e dança, o samba é também um sistema de organização do mundo. Em torno do samba as pessoas cantam, dançam, comem, bebem, amam, brincam, festejam, rezam, louvam os ancestrais, constroem laços de identidade e redes de proteção social. É da fonte da cultura comunitária do samba que surge “Sagrado”, o novo trabalho de Diogo Nogueira. Pelas oito faixas do álbum, circulam heranças dos batuques ancestrais que, saídos das praias africanas, se redefinem nos terreiros, esquinas, morros e calçadas do Brasil para celebrar a vida como experiência de alegria e liberdade.
A primeira faixa do álbum – “Herança Nacional (Quero Ver Geral)”, composição de Junior Dom – abre os trabalhos no terreiro para que o samba baixe como filho da África e pai do Brasil, ressaltando a alegria, a ligação com o sagrado, o compromisso ancestral e o sentido de luta e resistência que envolve os batuques e rodas. A música ganhou um clipe.
Já a música que encerra o volume 1 deste trabalho é “Meu Samba Anda Por Aí”, parceria entre João Nogueira e Paulo Valdez (filho da Divina Elizeth Cardoso). Ao fechar o álbum, aponta para o recomeço e o encontro com a ancestralidade. A voz do pai, João Nogueira, abre a canção em rara gravação caseira e se encontra com a voz do filho, Diogo, para afirmar que só é ancestral aquilo que é contemporâneo e só está morto aquele que não é mais lembrado. Enquanto houver memória, lembrança e rito, a vida permanece.