Se ao ouvir falar em jazz e piano você automaticamente pensa em músicos de figurinos clássicos e cores sóbrias, pode esquecer essa persona. E ninguém melhor para acabar com essa imagem pré-concebida do que o pianista carioca – Jonathan Ferr, o convidado do Vitrine da semana.
No papo, o artista falou sobre seu interesse pelo piano desde a infância até se firmar como precursor do urban jazz no Brasil e um dos maiores nomes do jazz contemporâneo.
Confira:
Jonathan Ferr
Jonathan Ferr é a personificação da quebra de paradigmas: estética, essencial e, claro, musicalmente falando. Nascido e criado em Madureira, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro que é considerado o berço do samba – e também do baile charme -, o artista contrariou as expectativas, firmando-se como precursor do urban jazz no Brasil.
O gênero é um braço do jazz com uma pegada mais pop, que mistura elementos de hip hop, R&B e outros ritmos, resultando em um jazz mais urbano e popular.
Colorido, super descolado, cheio de referências à cultura brasileira nas suas músicas e adepto do afrofuturismo (movimento que mescla tradições africanas com ficção científica e fantasia para rever o passado negro e criar novas narrativas), Ferr é um artista completo e multifacetado: além de pianista, ele dirige os próprios clipes, e eventualmente atua e escreve.
O primeiro álbum veio em 2019, “Trilogia do Amor”, acompanhado de uma websérie. Neste trabalho especialmente, o objetivo de Ferr é a democratização do gênero musical instrumental, apresentando o jazz como acessível a todas as camadas sociais, longe dos estereótipos eruditos.
“Cura”, o segundo álbum, em 2021, chegou ainda com uma proposta de música-medicina, bastante inspirado pelo momento da pandemia de Covid-19. Com nove faixas, além de Ferr no piano, o disco conta com participações especiais da filósofa Viviane Mosé, do ator e cantor Serjão Loroza e do violoncelista Jaques Morelenbaum.
Em 2023, veio o mais recente álbum, “Liberdade”, com a proposta de ‘samplear’ a si mesmo – ou seja, as faixas são músicas inéditas, a partir de samples das canções de seu álbum anterior, “Cura”. Com ele, o artista trouxe a reflexão acerca do tema que dá título ao projeto: tanto no sentido literal, quanto nas misturas musicais que propõe, além de, claro, permear o debate acerca da polêmica de liberdade criativa em torno dos samples.
Ferr já se apresentou em alguns dos principais festivais e casas de jazz ao redor do mundo.
“A cultura já está na favela, acontecendo. Sempre esteve.”
Durante a conversa com Lívia Nolla, Jonathan Ferr reflete sobre democratização do jazz e a importância de levar o gênero musical para lugares em que ele teoricamente não adentra. O artista perpassa por sua própria trajetória com o jazz, desde seu interesse quando criança pelo piano.
Ferr também fala sobre sua conexão com a astrologia, espiritualidade, o afrotururismo e a música como forma de cura. Com estética única, o artista reflete sobre a composição de seus três álbuns, a moda e o audiovisual.
O processo de samplear as próprias músicas e adicionar letras as suas composições também é tema do papo cheio de liberdade.
Sobre o ‘Vitrine’
O Vitrine chega na grade da novabrasil para celebrar os novos talentos da música brasileira. Nomes expoentes da nossa música ganharão espaço e destaque na programação da rádio.
Apresentado por Lívia Nolla, pesquisadora musical e garimpeira de carteirinha, é no Vitrine que os ouvintes vão conhecer os artistas e os sons que estão se destacando na cena musical.
Confira a playlist oficial do programa: