A doação de sangue é um gesto de empatia que salva vidas — e que ainda precisa ser reforçado entre os brasileiros. No país, apenas 1,5% da população doa sangue regularmente, segundo dados do Ministério da Saúde. O índice está dentro do mínimo recomendado pela OMS, mas não é suficiente para garantir estoques seguros em períodos críticos, como feriados prolongados ou grandes emergências.
“Não existe substituto para o sangue humano. Ele não pode ser fabricado em laboratório nem vendido em farmácias. Por isso, a solidariedade de quem doa é essencial para que possamos continuar salvando vidas todos os dias”, afirma o hematologista Dr. Fabio Lino, diretor do Serviço de Hemoterapia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).
Um gesto que multiplica a vida
Cada doação pode beneficiar até quatro pacientes. Isso acontece porque o sangue é fracionado em componentes diferentes:
• hemácias – usadas em casos de anemia ou cirurgias
• plaquetas – fundamentais para pacientes com leucemia ou doenças hematológicas
• plasma – utilizado em queimaduras e distúrbios de coagulação
• crioprecipitado – essencial para hemofílicos
Esse fracionamento permite que uma única bolsa de sangue atenda a várias necessidades distintas, ampliando o impacto da doação.
Campanhas e mitos que ainda persistem
Campanhas de doação de sangue têm ajudado a conscientizar a população e desmentir mitos. Entre os mais comuns estão:
• doar sangue engorda ou emagrece: falso
• doar engrossa ou afina o sangue: falso
• doar uma vez obriga a doar sempre: falso
• doar faz mal para a saúde: falso
“O corpo repõe o volume de sangue em até 24 horas. Todo o material é descartável e individual, o que elimina riscos de contaminação. Doar é seguro, rápido e pode ser feito de forma voluntária, sem obrigatoriedade de continuidade”, reforça o Dr. Fabio.
Foco nos doadores raros
Alguns grupos sanguíneos são mais raros e especialmente importantes. O tipo O negativo, por exemplo, é considerado doador universal e pode ser usado em qualquer paciente. Mas menos de 10% da população brasileira possui esse tipo. Pessoas com Rh negativo, em geral, são menos frequentes — o que aumenta a importância de sua doação contínua.

Criar uma cultura de doação frequente
Segundo o especialista, campanhas eficazes devem ir além do apelo pontual. “É preciso investir em educação, mostrar como o sangue é utilizado e quem são os pacientes beneficiados. Quando a pessoa entende o impacto real da doação, ela se torna um ‘doador de repetição’, que comparece com frequência, não apenas em campanhas ou emergências.”
O objetivo é simples: ampliar o número de doadores regulares para manter os estoques em níveis seguros durante todo o ano. Porque no final das contas, doar sangue é um dos gestos mais simples — e poderosos — que alguém pode fazer por outro ser humano.


