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Duas mães, um bebê: método permite que casais de mulheres compartilhem a gestação

Casais de mulheres têm recorrido a um procedimento que permite a participação ativa de ambas na chegada do filho. Conhecido como método ROPA (Recepção de Óvulos da Parceira), ele combina a doação de óvulos de uma parceira com a gestação pela outra. “O método ROPA é uma das técnicas mais emocionantes e simbólicas da medicina reprodutiva atual”, afirma a médica Stephanie Majer, especialista em reprodução assistida.

Como funciona o método

O processo começa pela escolha do doador de sêmen, que pode vir de bancos nacionais ou internacionais, seguindo critérios de saúde e anonimato. As duas parceiras passam por exames hormonais, infectológicos e ultrassonografias.

Uma delas é estimulada com hormônios para coletar vários óvulos, que são fertilizados em laboratório com o sêmen selecionado. Os embriões formados são cultivados e, depois, transferidos para o útero da parceira que será a gestante.

Segundo Majer, o avanço da fertilização in vitro foi decisivo para a segurança e o sucesso do tratamento. “Esse tipo de tratamento só é possível graças à evolução das técnicas de fertilização in vitro (FIV), que permitem separar com precisão as etapas de fecundação e gestação, mantendo a segurança do procedimento e elevadas taxas de sucesso.”

Além do DNA: o papel da epigenética

Mesmo sem compartilhar o DNA com o bebê, a mulher que gesta influencia seu desenvolvimento. “Um dos aspectos mais emocionantes do método ROPA é o papel da epigenética — o conjunto de mecanismos que regula a expressão dos genes”, explica a médica. “Isso significa que, mesmo sem compartilhar o DNA com o bebê, a mulher que vivencia a gestação influencia diretamente o desenvolvimento dessa nova vida.”

Fatores como hormônios, alimentação, laços afetivos e o ambiente uterino interferem na forma como os genes herdados se manifestam. “O útero não é apenas um órgão para crescimento do bebê, mas um verdadeiro cenário de comunicação biológica e emocional entre mãe e filho”, diz Majer. “A maternidade vai além da genética. A mulher que gesta também deixa suas marcas — físicas, emocionais e celulares — na criança que carrega.”

Foto: Divulgação.

Caminhos possíveis e regras no Brasil

O método ROPA é uma entre várias alternativas para casais de mulheres que desejam ter filhos. Entre as opções estão:

  • · inseminação intrauterina com sêmen de doador;
  • · fertilização in vitro convencional, com apenas uma das parceiras;
  • · adoção, quando houver desejo e condições legais.

No Brasil, a resolução 2.294/2021 do Conselho Federal de Medicina autoriza o uso de reprodução assistida por casais homoafetivos, com consentimento informado e registro dos dados do doador conforme exigências da Anvisa.

Para a especialista, a decisão deve ser informada e cercada de apoio. “O mais importante é que a decisão seja feita com orientação médica adequada, apoio emocional e conhecimento sobre os aspectos éticos, jurídicos e financeiros envolvidos em cada escolha.”

Majer destaca que a medicina reprodutiva acompanha as mudanças da sociedade. “Mais do que uma técnica, o método ROPA representa uma nova forma de exercer a maternidade: compartilhada, simbólica e profundamente conectada com o desejo de gerar vida a dois.”

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