A cantora Alcione voltou com a turnê gratuita dos 50 anos de carreira nas lonas, arenas e areninhas cariocas. O show de retorno aconteceu na Arena Carioca Dicró, na Penha, na Zona Norte do Rio. O espaço, que celebra 11 anos, foi presenteado com a presença da cantora.
A turnê é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura junto com a produção da cantora.
Dona de uma voz inconfundível, 42 discos e um Grammy Latino (Melhor Álbum de Samba/Pagode, 2003), Alcione reúne clássicos que estão na boca do povo.
Porém, antes do show, a musa do samba e enredo da Estação Primeira de Mangueira no carnaval de 2024 concedeu uma entrevista ao repórter Sérgio Leão, da Novabrasil Rio de Janeiro. Confira:
SÉRGIO: Alcione, a Mangueira além de colocar você como enredo no próximo carnaval, vem com uma proposta bem bacana, ao te mencionar como uma voz do futuro. Os jovens precisam saber ainda mais quem é Alcione, não é mesmo?!
ALCIONE:
“Um grande privilégio, Sérgio! Primeiro ser mangueirense, segundo desfilar na mangueira trazendo bastante coisa para os jovens, e eu quero muito isso. E tem muito trabalho no meio disso… muito amor, muita alegria. Isso tudo que envolve a Mangueira também envolve muito o que eu sou. Vai ser bonito com toda certeza. Vamos lá muito gente! Olha a mangueira ae!”
SÉRGIO: 50 anos de carreira! Alcione, deve passar um filme na sua cabeça de tantos momentos sejam eles bons ou ruins, não é mesmo? Mas eu adorei em ver essa iniciatiava de vários shows gratuitos! É um baita presente para o povo que sempre te amou, né?
ALCIONE:
“Eu me sinto gratificada! Me sinto abençoada! E responsável também… responsável por esse povo por essa postura que eu tenho diante do meu público. E dou graças a Deus por tudo isso! Tudo isso construiu minha vida e a minha carreira.”
SÉRGIO: Marrom, eu estive com Roberto Carlos e perguntei isso a ele, e queria ouvir de você também! Nesses 50 anos de carreira, lembra da primeira vez quando se ouviu no rádio? E qual a importância desse veículo para o cantor?
ALCIONE:
“O rádio sempre foi muito importante e de uma grande relevância na vida do cantor. A primeira vez que eu me ouvir eu disse ‘isso aí sou eu’ (risos). E eu me ouvir sabe aonde? Foi numa rádio de São Paulo… a primeira rádio que me disseram Alcione, tá tocando sua musica no rádio.
Ahh.. lembrei, Ney Costa.. é Band! Aí eu disse: ‘meu Deus essa da aí sou eu!’ No inicio é estranho e depois a gente acostuma e é maravilhoso!”
SÉRGIO: Alcione, no mundo da musica a gente vê vários casos de cantores ajudando cantores. E eu vejo o quanto você impulsiona os novos talentos do samba. E no passado, quem foi aquele que confiou no seu talento?
“Olha Sérgio, eu fui uma pessoa que tive esse espaço. Jair Rodrigues me conheceu lá em São Paulo na boate Blow-Up e falou: ‘oh nega, você precisa cantar mais’. E nisso eu fui para Europa ficar dois anos e ele falou novamente: ‘quando tu voltar no Brasil me procure’.
Ai esse era Jair Rodrigues, meu padrinho. E assim que eu retornei fui procurar Jair e foi ele que me apresentou a Roberto Menescal, meu primeiro diretor musical e gravei meu primeiro disco.”
SÉRGIO: Marrom, todo cantor tem aquele clássico que não pode ficar de fora do repertório. Diante de tantos sucessos, tem aquele que não pode deixar de ser cantado?
“Eu acho que Não Deixa o Samba Morrer foi e é definitivo pra mim. Quando eu ouvir essa musica pela primeira vez eu estava trabalhando na noite, a menina chegou e me disse assim: ‘Alcione, vou cantar um samba aqui pra ti, para você mostrar para o seu produtor, que o meu acha que essa musica não é comercial’. Porque naquela época tinha essa história (risos).
E aí ela cantou… quando eu não puder pisar mais na avenida… quando eu cantei para Menescal ele disse: ‘essa da aí é mortal!’. E com isso fiquei 22 semanas em primeiro lugar.”