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Especial: 10 curiosidades sobre Ney Matogrosso 

Hoje, um dos maiores, mais completos e talentosos artistas do Brasil completa 84 anos de vida. Para celebrar, site da Novabrasil traz uma lista com 10 curiosidades sobre Ney Matogrosso, lenda viva da nossa música.

1 – Considerado a terceira maior voz brasileira de todos os tempos

Uma das mais belas vozes do mundo, Ney Matogrosso já foi considerado – em uma lista elaborada pela revista Rolling Stone Brasil, em 2012como a terceira maior voz da música popular brasileira de todos os tempos, ficando atrás somente de Tim Maia e Elis Regina. Realmente, essa ordem aqui não importa, os três são gigantes.

A presença e performance de palco brilhantes e marcantes de Ney, a sua voz precisa – doce e ao mesmo tempo cortante – e sua versatilidade inigualável, fazem do artista uma referência mundial no que diz respeito à música, estética artística e comportamento, deixando-nos hipnotizados por seu talento a cada vez que sobe em um palco, até nos dias atuais, aos 84 anos.

2 – Lançou quase 40 álbuns em seus mais de 50 anos de carreira

Praticamente um showman, Ney é um artista múltiplo: cantor, compositor, bailarino, ator e diretor.

Com mais de 50 anos de carreira, lançou 37 álbuns solo: o primeiro em 1975 – “Água do Céu-Pássaro” – e o mais recente agora em 2025, em parceria com a banda Hecto – “Canções Para Um Novo Mundo”.

Antes disso, lançou 3 álbuns como integrante da banda Secos & Molhados, um em 1973, outro em 1974, e outro já depois do fim da banda, em 1980, mas gravado durante um histórico show ao vivo no Maracanãzinho, em 1974.

Ney é considerado um dos intérpretes brasileiros mais importantes e produtivos no cenário artístico e já gravou canções de grandes nomes de nossa música como Chico Buarque, Milton Nascimento, Cartola, Tom Jobim, Rita Lee, Caetano Veloso, Noel Rosa e Gilberto Gil, colocando a sua personalidade em tudo o que grava.

3 – Seu nome de registro é Ney de Souza Pereira

Ney Matogrosso nasceu Ney de Souza Pereira, na cidade de  Mato Grosso do Sul, em Bela Vista, que na época pertencia ao estado do Mato Grosso e hoje pertence ao território do Mato Grosso do Sul (que conseguiu a emancipação em 1979, 38 anos depois que Ney nasceu).

Quando foi escolher seu nome artístico, Ney adotou o “Matogrosso”, que já era o sobrenome do seu pai. Ele conta sobre isso na sua autobiografia “Vira-Lata de Raça: Memórias”, de 2018:

“O sobrenomeMatogrosso, na verdade, foi criado pelo meu avô paterno, Fausto. No casamento dele com a minha avó, Elisabeth, a vida da família passou a prosperar, então ele resolveu adotar esse sobrenome, que meu pai registrou nas filhas. Os filhos só ficaram com o Pereira. Foi meu querido amigo Paulinho Mendonça, compositor de ‘Sangue Latino’, do Secos & Molhados, que fez eu me atentar para o sobrenome Matogrosso, ao perguntar o nome do meu pai. Até então, quando trabalhava como ator de teatro, usava somente Ney. A decisão de adotar o Matogrosso como meu nome artístico foi uma tentativa simbólica de resgatar algo que me foi negado pelo meu pai, uma escolha forte e consciente que evocou não somente meus familiares, mas também a Região Centro-Oeste do Brasil, de onde eu vim, Bela Vista, uma pequena cidade no Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai”. 

Ney Matogrosso na juventude | Imagem: Reprodução

4 – Serviu o exército, vendeu artesanato e foi ator antes de tornar-se cantor

Ney Matogrosso sempre foi artista, desde criança. Muito sensível, já gostava de cantar, dançar, atuar e também pintava muito bem. Por conta de uma relação muito conturbada com seu pai, militar, que não aceitava que ele fosse artista e nem a sua sensibilidade, Ney saiu de casa aos 17 anos e serviu a Aeronáutica para poder se manter (e também para de certa forma enfrentar as questões de sua relação com o pai). 

Depois, mudou-se para Brasília, onde trabalhou no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base do Distrito Federal e estudou teatro.

Foi, inclusive, convidado para participar de um festival universitário de Brasília, onde chegou a formar um quarteto vocal. Depois do festival, atuou dançando e cantando em um programa de televisão da época.

Em 1966 mudou-se para o Rio de Janeiro decidido a ser ator. Nessa época, trabalhou com confecção e vendas de roupas e artesanato para se manter. Fazia figurinos belíssimos, como mostra a sua cinebiografia, lançada em maio de 2025, “Homem com H”.

5 – Entrou para o Secos & Molhados apresentado pela amiga Luhli, cantora e compositora de sucessos como O Vira”, Fala” e Bandoleiro”

Quando já morava no Rio, foi apresentado pela amiga, a cantora e compositora Luhli para os músicos João Ricardo e Gérson Conrad, que procuravam uma voz masculina aguda para compor um conjunto musical que estava formando e que já tinha quase todas as canções compostas especialmente para uma voz como a de Ney Matogrosso.

Foi aí que Ney ingressou para o icônico grupo Secos & Molhados, do qual fez parte por dois anos e com quem lançou dois discos de muito sucesso. Uma das bandas mais importantes da história do nosso país, os Secos & Molhados trouxeram algo completamente inovador, apesar de ter influências tanto do rock’n roll quanto da MPB – principalmente da Tropicália – do pop psicodélico, do folk e de elementos rítmicos da música latina. Apesar do curto período de duração, a banda transformou-se em um fenômeno de público e crítica.

Luhli, a amiga que os apresentou, é compositora de dois grandes sucessos da banda: “O Vira” e “Fala” (ambas em parceria com João Ricardo). Ela também compôs um grande hit na voz de Ney, já em carreira solo: “Bandoleiro” (junto com sua parceira na época, Lucinda).

6 – Ney é responsável pelo visual dos Secos & Molhados

Criativa e experimental, os Secos & Molhados possibilitaram uma reinvenção da música pop nacional e sua estética musical e visual trouxe algo que nunca existiu igual na música brasileira, nem antes, nem depois.

Com seu visual andrógeno – uma novidade para o Brasil da época – suas maquiagens e figurinos super modernos (que vieram antes das maquiagens da banda norte-americana Kiss!), a performance da banda impressionava além da qualidade vocal e musical, mas também na atitude no palco.

Eles foram um dos primeiros a trazer o estilo chamado glam rock pro Brasil – muito comum na Inglaterra e popularizado por David Bowie – marcado por roupas extravagantes, pela androginia e por performances teatrais com muitos trajes futuristas, esbanjando energia sexual.

A cinebiografia de Ney Matogrosso mostra que ele foi o responsável por essa estética visual do grupo. Os outros integrantes no início não queriam ousar nas roupas e maquiagens, receosos dos julgamentos alheios. No fim se renderam às ideias de Ney, que queria ser muito mais do que um intérprete qualquer e que nunca se preocupou e não ser quem quis para não ser julgado pelos outros. 

Muito pelo contrário, foi sua autenticidade e irreverência que fizeram de Ney Matogrosso um dos artistas mais autênticos do país.

Em suas apresentações solo, o artista continuou usando e abusando das maquiagens cênicas e dos figurinos modernos e super ousados e assim é até hoje, um artista muito à frente de qualquer tempo. 

Em seu antológico primeiro espetáculo em carreira solo, ele aparecia na abertura vestindo em uma capa de papelão cru, pintado, com pêlos de macaco, chifres e pulseiras de dentes de boi. O show apresentava uma sonoridade moderna, com músicas interligadas por sons de floresta.

7 – A perseguição da Ditadura Militar o fez ousar (e vender!) ainda mais

O show do seu segundo álbum “Bandido”, de 1976, é considerado um dos espetáculos mais ousados e performáticos da carreira de Ney Matogrosso.

Desde o tempo dos Secos & Molhados, o artista já era bastante perseguido e ameaçado pela censura da Ditadura Militar, por conta das suas performances. 

A cinebiografia de Ney mostra ele recebendo a “visita” de censores em seu camarim depois de um show  da turnê de “Bandido“, que pedem que o artista diminua o número de vezes que ele faz movimentos com a pélvis durante a performance, considerando seus gestos “libidinosos”. Ney responde que é de propósito, que seu espetáculo é um show de Teatro de Revista.

Já em 1978, quando Ney lançou o álbum “Feitiço”, ele aparecia na capa com o peito nu na capa do disco e a censura considerou o encarte “escandaloso” e “provocante”, mandando recolher todos os discos imediatamente e depois passando a vendê-los em um saco preto. Curiosamente, isso fez o álbum vender mais do que com a capa original!

Transgressor e revolucionário, Ney Matogrosso sempre apresentou no palco comportamentos, figurinos, canções e coreografias que expunham a sua masculinidade e sexualidade de forma livre e ousada, como um contraponto à repressão dos tempos de chumbo. Com seus posicionamentos e sua estética artística, Ney influenciou toda uma geração de artistas.

8 – Ney não queria gravar um de seus maiores sucessos, Homem com H””

De autoria do cantor, compositor e poeta paraibano, Antônio Barros, “Homem com H” já havia sido gravada pela “Orquestra Som Bateau” e pelo grupo “Os Três do Nordeste“, em 1974, e até mesmo pelo próprio Antônio Barros, em 1980, antes de chegar nas mãos – ou melhor, na voz – de Ney Matogrosso. 

Nessa época em que Antônio Barros compôs a canção (a gente conta a história toda por trás de “Homem com H” nesta matéria especial), a banda “Secos & Molhados” estava surgindo no cenário nacional.

O compositor conta que quando viu Ney pela primeira vez, achou que ele tinha que cantar essa música.Então, mandou “Homem com H” para o produtor musical do artista na época, Marcos Mazzola. 

Alguns anos depois, quando Mazzola mostrou a canção para Ney Matogrosso – já consolidado em carreira solo – o cantor conta que em um primeiro momento estranhou, porque nunca tinha cantado um forró e não era um representante da cultura nordestina. A cinebiografia de Ney (que inclusive levou o nome de “Homem com H”!) mostra que o intérprete se sentia invadindo um território que não era seu.

Apesar do posicionamento de Ney Matogrosso, Mazzola ainda tentou insistir, porque acreditava muito que ele deveria gravar “Homem com H”. O produtor disse: “Deixa eu fazer pelo menos a base da  música, se você não gostar, a gente não grava. Você é quem vai pro palco, não sou eu, você que é o artista.”. 

Mazzola insistiu tanto, que Ney topou gravar e disse que, quando a música estivesse pronta, se ele não gostasse, não entraria para o álbum que ele estava gravando naquele momento e que seria lançado em 1981, com o nome de “Ney Matogrosso”.

“Mas quando eu cantei, eu já vi que eu podia brincar com aquela história. Que aquilo dali tinha um duplo sentido.”, conta Ney.

Mazzola revela que na hora que eles estavam gravando, começou a ver que o Ney sorria e olhava para ele, e que achou que o cantor estava se convencendo de que gravar aquela música era uma boa ideia.

Até um dia, o cantor e compositor Gonzaguinha – que era da mesma gravadora de Ney Matogrosso na época, a Ariola – foi ao estúdio em que eles estavam gravando o álbum e escutou a gravação de “Homem com H”.

Quando Ney contou que não estava certo de que incluiria a canção no disco, Gonzaguinha na hora falou: “Ney, você não está percebendo que você é a única pessoa que pode cantar isso e a música ter uma graça diferente, né? Porque, qualquer pessoa que cante isso… é isso. Mas com você é uma outra conotação, é uma coisa engraçada!”.

Foi o empurrão  que faltava para convencer Ney Matogrosso a gravar “Homem com H”! E era isso mesmo: a letra da música se encaixa perfeitamente com a performance do Ney.

Eu cantar isso era transgressor naquele momento. Eu transgredia uma mentalidade: as pessoas achavam que eu não era homem, e ele me dá uma música onde eu afirmo que sou homem. Agora, o fato de eu afirmar também era um deboche, porque eu também nunca nunca me submeti a dizer ah, é ou não é’, isso nunca me disse nada, isso nunca me atrapalhou.”, reflete o artista.

Na hora em que a música chegou às rádios, em uma semana, ela tornou-se um hit nacional. Este LP, de 1981, foi o mais vendido da carreira de Ney Matogrosso.

9 – Ney foi responsável por alavancar ainda mais a carreira do Barão Vermelho

Em 1983, no seu álbum “Pois É”, um já mais do que consagrado Ney Matogrosso fez questão de gravar a música “Pro Dia Nascer Feliz“, composição dos jovens Cazuza e Frejat

Os dois faziam parte de uma ainda pouco conhecida banda chamada Barão Vermelho, que já tinha lançado um primeiro álbum no ano anterior, mas ainda não tinha atingido um grande sucesso.

Ney era muito amigo de Cazuza – com quem já tinha tido um intenso e apaixonado relacionamento amoroso e de quem foi muito amigo até o fim da vida – e quando escutou a canção disse que queria muito gravá-la, mesmo ela já estando destinada para entrar no segundo álbum da banda.

A versão de Ney de “Pro Dia Nascer Feliz” levou o Barão Vermelho a ter o destaque que merecia e a repercussão foi tanta, que eles foram convidados para compor a trilha sonora do filme “Bete Balanço”, dirigido por Lael Rodrigues, em 1984, ano em que o grupo lançou o seu terceiro disco, “Maior Abandonado”, atingindo sucesso absoluto.

Uma curiosidade extra: para brincar com Cazuza, durante os shows, Ney trocava o refrão “Pro dia nascer feliz” por “Fodia pra ser feliz” e o público nem percebia. Para a cinebiografia “Homem com H”, Ney gravou uma versão com essa frase (porque ele não tem registro disso em álbum) para a cena em que apresenta a música em um show que Cazuza está assistindo.

Ney Matogrosso e Cazuza | Imagem: Reprodução

10 – Ney Matogrosso também dirigiu espetáculos de outros artistas

Quando a gente fala que ele é múltiplo, é porque ele é realmente múltiplo!

Ney também é coreógrafo, iluminador e dançarino, e atuou como diretor geral de seus espetáculos musicais e de outros artistas.

Alguns exemplos icônicos: ele dirigiu o espetáculo “Ideologia”, última turnê de Cazuza, de 1988.Inclusive, quando estava na reta final para o lançamento do show, Cazuza mostrou a música “O Tempo Não Pára” para Ney, dizendo se não sabia se ela deveria entrar no show, porque o repertório já estava fechado. 

Ney Matogrosso não só disse que a música tinha que entrar no show, como ela deveria ser a música que fechava o show: “Nós temos que encerrar o show com isso, porque você encerrando o show com isso, tem uma porta aberta para o que você vier a falar daqui pra frente”, disse Ney para o amigo e grande amor.

Eledirigiu também o espetáculo “Sou Eu”, da cantora Simone, em 1992. Em 2013, dirigiu e fez a iluminação do show Coração Inevitável, da cantora Ana Cañas.

No início de sua carreira no Rio de Janeiro, Ney dirigiu as luzes de espetáculos de nomes como Chico Buarque, Cazuza, Nana Caymmi e Nelson Gonçalves.

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