Um dos maiores nomes da música popular brasileira de todos os tempos, hoje, nos desafiamos a realizar a tarefa praticamente impossível de selecionar 10 músicas de Chico Buarque.
Sobre Chico Buarque
Músico, cantor, compositor, dramaturgo e escritor, a vasta contribuição de Chico Buarque de Hollandapara a nossa cultura é notável e expressiva e sua obra é uma das maiores riquezas nacionais.
Sua discografia conta com aproximadamente oitenta discos, entre solos, em parceria com outros músicos e compactos. Chico escreveu trilhas para teatro e cinema, é autor de livros premiados e de peças teatrais históricas. Foi gravado por grande parte dos mais importantes nomes da música brasileira, além de ter parcerias de sucesso com outros grandes nomes como Edu Lobo, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom JobimeVinicius de Moraes.
Nascido no Rio de Janeiro, em uma família igualmente notável, o artista é filho do historiador, escritor, sociólogo, jornalista e crítico literário Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista e intelectual Maria Amélia Cesário Alvim. É também irmão das cantoras e compositorasMiúcha, Ana de Hollanda e Cristina Buarque e tio de Bebel Gilberto.
Desde criança Chico já demonstrava interesse pela música e admiração pelos cantores do rádio. A casa de sua família era recheada de livros e frequentada desde cedo por grandes nomes da música brasileira como João Gilberto, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Tom Jobim e Alaíde Costa.
Foi o disco “Chega de Saudade”, de João Gilberto (que mais tarde viria a se tornar seu cunhado), que alterou definitivamente a relação de Chico Buarque com a música.
Sua primeira composição foi o samba “Canção dos Olhos”,aos 15 anos de idade. Apaixonado por literatura – nacional e estrangeira – e leitor voraz, produziu suas primeiras crônicas para o jornal da escola. Aos 18 anos, escreveu o seu primeiro conto.
Em 1964, Chico Buarque apresentou-se pela primeira vez em um show na escola em que estudava e, no mesmo ano, escreveu a música “Tem Mais Samba”, feita sob encomenda para o musical “Balanço de Orfeu”, o que o artista considera o marco zero de sua carreira.
Em 1965, lançou o seu primeiro compacto, com as canções “Sonho De Um Carnaval” – sua primeira música inscrita em um festival: o I Festival Nacional de Música Popular Brasileira – e “Pedro Pedreiro”, em que Chico já dava uma prévia do modo como viria a trabalhar suas composições daqui em diante: versos com rigoroso trabalho estilístico e morfológico, com letras que contam das coisas cotidianas, mas também com viés político e de reflexão social, ainda com influências da bossa nova, mas com algo novo, que trouxesse mais da sua impressão digital.
Ainda em 1965, Chico Buarque musicou a peça “Morte e Vida Severina”, baseada no livro de João Cabral de Melo Neto. No ano seguinte, tornou-se conhecido do grande público brasileiro quando ganhou o II Festival Nacional de Música Popular Brasileira, com a canção “A Banda”, interpretada por ele e Nara Leão. A música empatou com “Disparada”, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, interpretada magistralmente por Jair Rodrigues.

“A Banda“ foi um sucesso imediato e vendeu mais de 100 mil cópias em uma semana, sendo traduzida para vários idiomas. Millôr Fernandes classificou Chico, aos 22 anos, como unanimidade nacional.
Ainda em 1966, o artista lançou o seu primeiro disco. No ano seguinte, apresentou – ao lado do grupo vocal MPB4 – a clássica canção “Roda Viva”, no III Festival Nacional de Música Popular Brasileira, ficando em terceiro lugar.
Chico escreveu também a peça “Roda Vida”,que estreou no ano seguinte, dirigida por José Celso Martinez Corrêa. A obra tornou-se um grande símbolo da resistência contra a ditadura militar e teve uma de suas sessões invadidas pelo Comando de Caça aos Comunistas, que depredou as instalações do Teatro e espancou atores e técnicos da montagem.
Dias após a decretação do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968, Chico Buarque foi detido e levado ao Ministério do Exército para prestar depoimento sobre a sua participação na “Passeata dos Cem Mil” – manifestação popular contra a ditadura, organizada pelo movimento estudantil – e também sobre as cenas exibidas na peça “Roda Viva”, consideradas subversivas.
Em tempos duros de repressão, Chico passou a ser muito perseguido pela censura e resolveu se auto exilar na Itália, no início de 1969. Quando retornou ao Brasil, em 1970, compôs a histórica canção “Apesar de Você”, uma resposta crítica ao regime militar, disfarçado como uma briga entre namorados. Surpreendentemente, a música passa pela censura prévia e se torna uma espécie de hino da resistência à ditadura.
O antológico disco “Construção”, de 1971, que conta com o imenso sucesso da faixa-título, consagrou Chico Buarque como um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização no país.
Com uma obra rica e variada, o cantor tem atravessado os anos mantendo-se como um exemplo de coerência política e estética, recebendo o respeito e admiração do público e da crítica.
Chico Buarque também compôs trilhas para filmes como “Quando o Carnaval Chegar” e “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, adaptou canções para os musicais “O Homem De La Mancha”e “Os Saltimbancos”, escreveu peças como “Calabar, o Elogio da Traição”, “Gota D’Água”, “Ópera do Malandro” e “O Grande Circo Místico”, compôs canções para peças como “O Corsário do Rei’ e “Cambaio”, e escreveu livros premiados: “Estorvo e Benjamim” – que ganharam adaptações para o cinema – “Budapeste”, “Leite Derramado” e “Essa Gente”.
Saiba mais sobre a vida e a obra de Chico Buarque acessandoo Acervo MPB, áudio-biografia exclusiva Novabrasil, que narra detalhes sobre a vida e a obra desse gigante da nossa nossa música.
Top 10 músicas de Chico Buarque
- A Banda (1966)
- Roda Viva (1967)
- Apesar de Você (1970)
Saiba tudo sobre a história da música.
- Construção (1971)
Saiba tudo sobre a história da música.
- Cotidiano (1971)
- Cálice (parceria com Gilberto Gil, censurada em 1973 e lançada em 1978)
Saiba tudo sobre a história da música.
- O Que Será (À Flor da Pele, 1976)
- Olhos nos Olhos (1976)
- Geni e o Zepelim (1979)
- João e Maria (parceria com Sivuca, 1977)



