Zeca Pagodinho é um dos maiores sambistas de todos os tempos e um dos maiores nomes da música popular brasileira. Tudo o que eletoca vira ouro! Sejam composições próprias em parceria com outros artistas, sejam músicas de outros compositores que ele resolveu defender como intérprete ao longo de sua carreira.
Vamos relembrar seus 20 músicas de Zeca Pagodinho que viraram patrimônio cultural
Sobre Zeca Pagodinho
Zeca Pagodinho começou sua carreira nas rodas de samba dos bairros de Irajá, onde nasceu, e Del Castilho, onde cresceu, no subúrbio do Rio de Janeiro. Morou em vários bairros do Rio, mas sempre teve uma relação muito especial com Xerém (distrito de Duque de Caxias), onde tem um sítio e uma escola de música para crianças da região, e uma forte relação com a comunidade.
No início dos anos 80, teve sua primeira música – “Amargura”, em parceria com o flautista Claudio Camunguelo, gravada no segundo disco do grupo Fundo de Quintal. A aproximação com o grupo, levou Zeca para perto de Beth Carvalho, grande Madrinha do Samba, que tornou-se também sua madrinha e gravou o primeiro grande sucesso de Zeca Pagodinho em parceria com Arlindo Cruz e Beto Sem Braço: “Camarão que Dorme a Onda Leva”, em 1983.
Em 1985, com o pagode se preparando para estourar no Brasil, Zeca participou da coletânea “Raça Brasileira”, com suas canções “Mal de Amor” (parceria com Mauro Diniz e Beto Sem Braço), “Garrafeiro” (parceria com Mauro Diniz), “A Vaca” (parceria com Alcino Correia “Ratinho”) e o grande hit “Bagaço da Laranja” (parceria com Arlindo Cruz, Pedrinho da Flor e Baiano).

No ano seguinte, o artista lançou seu primeiro disco solo, em que interpreta grandes sucessos como “Coração em Desalinho” (de Monarco e Alcino Correia “Ratinho”), “Judia de Mim” (sua parceria com Wilson Moreira) e “Brincadeira tem Hora” (parceria com Beto Sem Braço), atingindo a marca de um milhão de cópias vendidas e já consagrando-se com um dos maiores sambistas da história do Brasil.
Nos anos seguintes, Zeca Pagodinho lançou inúmeros outros grandes sucessos em sua voz, transformando para sempre a história do samba e influenciando uma geração que veio depois dele.
O artista é considerado, por especialistas e estudiosos da história do samba, como um dos mais prodigiosos versadores de partido-alto de sua geração, dado sua intensa participação em rodas de samba do bloco Cacique de Ramos no início de sua carreira.
Como intérprete, Pagodinho é reverenciado no universo do samba por conseguir perpassar com fidelidade a emoção e o sentido das canções que interpreta, sempre aliando o lirismo ao estilo livre e desregrado.
Ao longo de sua carreira, é notável sua passagem de compositor de sambas para também um intérprete de outros compositores de gerações mais novas e também de gerações passadas, tendo regravado diversas canções de compositores que considera suas referências, como Monarco e Noel Rosa.
Em 2021 – com 40 anos de carreira, mais de 25 discos gravados e quatro Grammys Latinos – Zeca Pagodinho foi empossado Imortal da recentemente criada Academia Brasileira de Cultura, por sua contribuição para a música e a cultura popular brasileira.
Seu álbum mais recente é o ao vivo “Zeca Pagodinho – 40 anos”, de 2024, que traz sucessos de toda a sua carreira.
Listamos abaixo 20 músicas na voz de Zeca Pagodinho – composições suas ou de parceiros – que viraram patrimônio nacional!
20 músicas de Zeca Pagodinho que viraram patrimônio cultural
- 1 – Deixa a Vida Me Levar (de Serginho Meriti e Eri do Cais)
A canção “Deixa a vida me levar” é um dos maiores sucessos da carreira de Zeca Pagodinho e um dos maiores sambas da nossa história.
Composta pelo cantor e compositor Serginho do Meriti e seu parceiro Eri do Cais, a música foi gravada por Zeca em 2002, no álbum que levou o mesmo nome da canção: “Deixa a Vida Me Levar”.
Sempre que vai gravar um novo álbum, Zeca Pagodinho reúne diversos compositores que gosta em sua casa em Xerém, para em um encontro regado à cerveja e comida boa, que ele chama de “Bate Bola”.
Neste encontro, ele, seus produtores e arranjadores ficam com um gravadorzinho ligado e vão pedindo que os compositores mostrem suas obras, para que Zeca selecione aquelas pelas quais ele se apaixonou para gravar em seu próximo disco.
Na ocasião da gravação desse disco, estavam em sua casa o músico, maestro e produtor pernambucano Rildo Hora (que produziu diversos discos de Zeca Pagodinho e de outros grande nomes do samba como Beth Carvalho e Fundo de Quintal), e também o arranjador, produtor musical e violonista carioca Paulão Sete Cordas, além de diversos compositores e músicos conhecidos e amigos de Zeca, entre eles Serginho Meriti.
Foi quando um parceiro de Meriti sugeriu que ele mostrasse para o Zeca Pagodinho a sua composição “Deixa a Vida me Levar”. Quando Meriti começou a tocar e cantar a música, todos foram ao delírio na mesma hora, e Zeca falou: “Eu vou fazer uma farra com essa música!”. Todos no encontro saíram cantando a música, de tanto que amaram!
Serginho Meriti conta que compôs “Deixa a Vida me Levar” no município em que ele se criou, em São João do Meriti, na Baixada Fluminense, município do Rio de Janeiro: “Um dia eu fui na casa da minha mãe, peguei o violão e fiz esse música. É a história da minha vida, a história da vida do brasileiro, que não desiste nunca. Eu já passei por muita coisa nessa vida, mas – aos trancos e barrancos – estamos aí.”.
E a história do Serginho é a história de tantos e tantos brasileiros. De origem humilde, o compositor ainda declara: “Um cara que nem eu, semianalfabeto, pego o violão e faço uma música que é conhecida pelo mundo todo.”.
Zeca Pagodinho diz que se sente um instrumento da música, um representante: “Eu simplesmente gravo aquilo que o meu coração manda. O Serginho é um gênio, em tudo o que ele faz.”.
A música agradou tanto Zeca e a todo mundo, que ele resolveu colocá-la como o carro chefe do álbum e dar o nome do disco lançado em 2002 de “Deixa a Vida me Levar”, por se tratar da música mais forte do álbum.O arranjo, a introdução e os comentários melódicos da canção são criação do Paulão de Sete Cordas.
Zeca Pagodinho conta que o processo de gravação dos seus discos são sempre iguais: ele leva vários amigos e também regado à cerveja e comida, enquanto os músicos vão se revezando para gravar as bases. E que quando ele vai gravar a voz, “o botequim pára”.
Acontece que no dia de gravar “Deixa a Vida me Levar” a história foi diferente. Rildo Hora, produtor musical do álbum, conta que tinham umas 50 pessoas lá fora esperando o Zeca gravar, entre músicos e amigos que foram para acompanhar a gravação e que o sambista, que geralmente coloca umas oito ou nove pessoas para gravar o coro dos seus álbuns, quis chamar todo mundo para entoar o coro de “Deixa a Vida me Levar”.
A música é uma celebração à vida mesmo, apesar de todas as dificuldades. Uma canção que traz fé, otimismo e leveza, sentimentos universais, mesmo em um povo que tem tantos sofrimentos, como o brasileiro. Então, nada melhor do que o povo cantando isso a plenos pulmões!
A música foi a mais executada do ano de 2002 e concorreu ao Grammy Latino de Melhor Canção em Língua Portuguesa. O disco – o mais vendido da carreira de Zeca Pagodinho – levou o Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Samba/Pagode.
“Deixa a Vida me Levar” também ganhou como Melhor Música do Prêmio da Música Brasileira e acabou se tornando o hino do penta-campeonato brasileiro de futebol naquele ano de 2002, quando o Felipão era o técnico da seleção.
Uma canção conhecida de crianças a idosos, virou um hino eterno e universal!
- 2 – Verdade (de Nelson Rufino e Carlinhos Santana)
Foi na voz de Zeca Pagodinho que estourou o maior sucesso da vida de Nelson Rufino: “Verdade”, uma parceria com seu filho, Carlinhos Santana.
Rufino conta que a inspiração para a composição da música veio do nada, durante um almoço com um amigo, em um julho frio na cidade de Salvador, enquanto tomavam um vinho. Segundo ele, “o santo baixou” e ele pediu papel e lápis para escrever toda a letra que foi vindo como uma inspiração divina. O garçom lhe entregou um guardanapo e disse: “toma o guardanapo que é grande”.
E ele continua: “Eu não me lembro como veio a inspiração para o refrão, costumo dizer que foi o homem lá de cima, em quem eu tenho tanta fé”. O filho de Nelson Rufino, Carlinhos Santana, deu uma lapidada na música, mexeu na concordância verbal, e entrou como compositor.
Pouco tempo depois, Zeca Pagodinho – ao visitar a Bahia – terra que ele adora, convidou Nelson Rufino para beber com ele na beira da piscina do hotel em que estava hospedado. Mas Zeca tinha um compromisso a seguir, seria homenageado em um almoço no Pelourinho, e pediu licença a Nelson para ir tomar um banho.
Foi então que Rufino começou a brincar que estava lutando capoeira com a filha de Zeca Pagodinho, e – enquanto fazia os movimentos da capoeira – cantarolava a música que havia composto há pouco com seu filho: “Descobri que te amo demais….”.
Zeca voltou correndo do banho, com uma filmadora na mão, e falou para Nelson Rufino: “Não pare de cantar!”. Foi assim que Zeca Pagodinho conheceu aquele que seria um dos maiores sucessos de sua carreira. Ele gravou a canção em seu disco “Deixa Clarear”, de 1996.
Como diz Nelson Rufino: “É muito simples dizer ‘eu te amo’. Agora, descobrir que ama… Aí você descobre sem querer a vida. A força que o amor tem na vida e a força que a vida tem no amor”.
- 3 – Camarão que Dorme a Onda Leva (parceria comArlindo Cruz e Beto Sem Braço)
- 4 – Mal de Amor (parceria com Mauro Diniz e Beto Sem Braço)
- 5 – Garrafeiro (parceria com Mauro Diniz)
- 6 – A Vaca (parceria com Alcino Correia “Ratinho”)
- 7 – Bagaço da Laranja (parceria com Arlindo Cruz, Pedrinho da Flor e Baiano)
- 8 – Coração em Desalinho (de Monarco e Alcino Correia “Ratinho”)
- 9 – Judia de Mim (sua parceria com Wilson Moreira)
- 10 – Brincadeira tem Hora (parceria com Beto Sem Braço)
- 11 – Vou Botar teu Nome na Macumba (parceria dele comDudu Nobre)
- 12 – Vacilão (de Zé Roberto)
- 13 – Jura (de J. B. da Silva “Sinhô”)
- 14 – Ogum (de Claudemir e Marquinho PQD)
- 15 – Caviar (de Luiz Grande, Barbeirinho do Jacarezinho e Marquinhos Diniz)
- 16 – Faixa Amarela (parceria de Zeca com Jessé Pai, Luis Carlos e Beto Gago)
- 17 – Mais Feliz (Paulinho Rezende e Toninho Geraes)
- 18 – Quando a Gira Girou (Serginho Meriti e Claudinho Guimarães)
- 19 – Água da Minha Sede (João Eduardo De Salles Nobre e Roque Augusto Ferreira)
- 20 – Maneiras (Sylvio Da Silva)



