Hoje, dia 25 de julho, é celebrado o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Saiba mais sobre a data e confira uma lista especial, com70 cantoras negras da música popular brasileira.
O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
A população negra é maioria no Brasil, mais precisamente 56,7%, segundo dados do Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE no segundo trimestre de 2024. De acordo com a Associação de Mulheres Afro, na América Latina e no Caribe, mais de 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes.
Porém, tanto no Brasil quanto fora dele, essa parcela populacional também é a que mais sofre com a pobreza: entre os mais pobres, três em cada quatro são pessoas negras, ainda segundo o IBGE.
Os dados sobre violência e desigualdade, de acordo com o Mapa da Violência, demonstram essa e outras realidades que atingem massivamente a população negra, com destaque à condição da mulher negra.
As mulheres negras estão no topo da cadeia de vulnerabilidade. Quando há uma violência contra a mulher, a vítima é negra em mais da metade dos casos. Os dados reforçam o impacto do machismo e do sexismo em relação às mulheres negras e a aniquilação de seus corpos e suas vidas. De acordo com o mapa da violência, a vitimização entre as mulheres negras no Brasil cresceu 54,2%, enquanto o homicídio das brancas caiu 9,8%.
Os dados mostram que o feminicídio tem cor. As mulheres negras são discriminadas em diversos setores. No mercado de trabalho, estão expostas a condições precárias de emprego, baixa remuneração, diferença desigual de salários, exploração da mão de obra e assédio moral e sexual, em razão da herança cultural racista e escravocrata.
O racismo e o modelo de desenvolvimento social e econômico no Brasil impactam profundamente a vida das mulheres negras. A consequência são mortes de mulheres que poderiam ter sido evitadas: por falta de acesso à assistência de saúde pública e adequada, falta de procedimentos no combate à violência contra a mulher pelo machismo patriarcal, pelas manifestações de discriminação por raça, etnia e/ou nacionalidade, de gênero e/ou orientação sexual, intolerância religiosa, etc.
Em 1992, um grupo decidiu que era preciso se organizar de alguma forma para reverter esses dados e que uma solução só poderia surgir da própria união entre mulheres negras. Assim, organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, onde levaram ao evento, discussões sobre os diversos problemas e alternativas de como resolvê-los.
A partir desse encontro, nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas. A Rede, junto à Organização das Nações Unidas (ONU) lutou para o reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
O 25 de julho não é apenas uma data de celebração, é uma data em que as mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais refletem e fortalecem as organizações voltadas às mulheres negras e suas diversas lutas.
No Brasil, em 2 de junho de 2014, foi instituído por meio da Lei nº 12.987, o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando uma das principais mulheres, símbolo de resistência e importantíssima liderança na luta contra a escravização.
Tereza de Benguela liderou o Quilombo de Quaritetê, no Mato Grosso, após a morte do seu marido. Tereza instituiu normas para o funcionamento do quilombo e liderou a luta contra os portugueses. Foi assassinada em 1770.
No dia de hoje, em diversos locais da América Latina, acontecem eventos que marcam a data, extremamente importantes para celebrar a resistência das mulheres negras e fortalecer a emancipação e autonomia diante das lutas cotidianas contra a opressão de gênero e étnico-racial.
A valorização da identidade negra e da cultura afro-brasileira são fundamentais para dar visibilidade e respeito às mulheres negras, além de considerar os elementos da interseccionalidade como raça, classe e gênero.
No cenário atual, as desigualdades de gênero e raça têm ganhado visibilidade e o combate ao racismo e sexismo tem sido objeto de reivindicação de movimentos sociais comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Neste dia 25 de julho, diversos coletivos e movimentos de mulheres negras lutam juntas por mais direitos, por educação, saúde, assistência social, moradia digna e trabalho decente; pelo fim de todas as formas de violência racista e machista e lgbtfóbica; pelo fim do genocídio da juventude negra e periférica; contra a intolerância religiosa, por respeito e preservação das religiões de matrizes africanas; pelo reconhecimento da titulação de terra das comunidades quilombolas, entre outras coisas.
A Novabrasil é uma rádio especializada em música popular brasileira e focada na brasilidade. E pelo fato de a música popular brasileira ter sido completamente moldada e esculpida pela cultura negra e afro-brasileira (já dizia Sandra Sá: “MPB: Música Preta Brasileira”!) nós preparamos uma playlist especial para que vocês escutem algumas das grandes mulheres negras que fizeram e fazem história na nossa música e na nossa história.
70 cantoras negras da música brasileira
1 – Agnes Nunes – Menina Mulher
2 – Alaíde Costa – Canção do Amor Sem Fim (Alaíde Costa e Vinicius de Moraes)
3 – Alcione – A Loba (Paulinho Rezende e Juninho Peralva)
4 – Ana Cacimba – Ciranda pra Janaína (Kiki Dinucci e Jonathan Silva)
5 – Anelis Assumpção – Devaneios (Anelis Assumpção e Russo Passapusso)
6 – Aracy de Almeida – Camisa Amarela (Ary Barroso)
7 – Aracy Cortes – Denguinho (Aracy Cortes e Cesar Cruz)
8 – Bebé – Saltos de Realidade (Bebé Salvego, Bruno Rocha e Sérgio Machado Plim)
9 – Bela Maria – Difícil Lembrar, né? (Bela Maria e Italo Souza)
10 – Bia Ferreira – Só Você me Faz Sentir
11 – Bruna Black – Continue
12 – Carmen Costa – Só Vendo Que Beleza (Marambaia) (Henricão/Rubens Campos)
13 – Cátia de França – Quem Vai Quem Vem
14 – Clara Nunes – O Canto das Três Raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro)
15 – Clementina de Jesus – Marinheiro Só (Tradicional/Adpt. Adpt. Caetano Veloso)
16 – Daúde – Canto de Ossanha (Baden Powell/Vinicius de Moraes)
17 – Dona Ivone Lara – Nasci Pra Sonhar e Cantar – (Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho)
18 – Dona Onete – Jamburana
19 – Dolores Duran – A Noite do Meu Bem
20 – Drik Barbosa – Herança
21 – Eliana Pittman – Pra lá e Pra Cá (Eliana Pittman e Pinduca)
22 – Elisa Lucinda – Aviso da Lua que Menstrua
23 – Elizeth Cardoso – Canção de Amor (Chocolate e Elano de Paula)
24 – Ellen Oléria – Afrofuturo
25 – Elza Soares – Mulher do Fim do Mundo (Alice Coutinho e Rômulo Fróes)
26 – Fabiana Cozza – O Samba é Meu Dom (Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro)
27 – Gaby Amarantos – Não Vou te Deixar (Gaby Amarantos e Per Hakan Gessle)
28 – Héloa – A Vida É (Héloa e Yuri Queiroga)
29 – Iara Rennó – Já Era
30 – Iza – Meu Talismã (IZA / Pablo Bispo / Ruxell / Sérgio Santos)
31 – Jadsa – Big Bang
32 – Josyara – Rota de Colisão
33 – Jovelina Pérola Negra – Feirinha da Pavuna
34 – Joyce Alane – Leão
35 – Juçara Marçal – Sem Cais (Juçara Marçal, Negro Leo e Kiko Dinucci)
36 – Jup do Bairro – Corpo Sem Juízo
37 – Karol Conká – Kaça
38 – Késia – Intimidade de Amigos
39 – Lady Zu – A Noite Vai Chegar (Paulinho Camargo)
40 – Larissa Luz – Bonecas Pretas (Larissa Luz e Pedro Ita)
41 – Leci Brandão – Zé do Caroço
42 – Letícia Fialho – Corpo e Canção (Letícia Fialho e Luara Lehart)
43 – Lia de Itamaracá – Eu Sou Lia Minha Ciranda Preta Cirandeira (Paulinho da Viola, Capiba e E. Saude Neres)
44 – Linn da Quebrada – Bixa Preta
45 – Liniker – Veludo Marrom
46 – Luciana Mello – Simples Desejo (Jair Oliveira e Daniel Carlomagno)
47 – Ludmilla – Nasci Pra Vencer
48 – Luedji Luna – Banho de Folhas (Luedji Luna e Emilie Lapa)
49 – Lunna Vitrolira – Aquenda
50 – Mahmundi – Leve (Mahmundi e Roberto Barrucho)
51 – Majur – Seja o que Quiser
52 – Mariene de Castro – Abre Caminho (Mariene de Castro, Roque Ferreira e J. Velloso)
53 – Margareth Menezes – Preciso
54 – Mart’nália – Benditas (Mart’nália e Zélia Duncan)
55 – MC Sofia – Viajar
56 – Marvvila – Pode Escrever (Bruno Gabryel e Rodrigo Oliveira)
57 – MC Tha – Comigo Ninguém Pode
58 – Melly – Azul
59 – Negra Li – Ninguém Pode Me Impedir – (Negra Li/Marquinho ”O Sócio”/Marcello Red/Paul Ralphes/Cutti)
60 – Paula Lima – Deguste (Paula Lima, Jenni Mosello, Elana Dara e Duani)
61 – Preta Gil – A Coisa Tá Preta
62 – Rachel Reis – Noite Adentro
63 – Sandra Sá – Demônio Colorido (escute o Acervo MPB Sandra Sá)
64 – Tássia Reis – Preta D+
65 – Teresa Cristina – Morada Divida (Teresa Cristina e Arlindo Cruz)
66 – Thalma de Freitas – Thalma Freitas (Kassin)
67 – Urias – Tanto Faz (Urias, Rodrigo Gorky, Rafael Stefanini e Zebu)
68 – Vanessa da Mata – Amado (Vanessa da Mata / Marcelo Jeneci)
69 – Xênia França – Minha História
70 – Zezé Motta – Senhora Liberdade (Wilson Moreira e Nei Lopes)
Fontes:
http://blog.mds.gov.br/redesuas/
www.sinesp.org.br



