Especial: As 13 melhores músicas de Luiz Gonzaga

Gonzagão é uma das maiores lendas da música popular brasileira e um dos nomes mais importantes da história do país, por sua contribuição memorável para a nossa cultura. Hoje, fizemos a difícil tarefa de escolher apenas 13 entre as melhores músicas de Luiz Gonzaga.

Sobre Luiz Gonzaga

O artista sintetizou como ninguém os ritmos nordestinos, por meio de uma releitura da cultura popular, que resultou na criação do Baião. O gênero musical atingiu o auge do sucesso nas décadas de 40 e 50, levando – para sempre – a cultura musical nordestina ao Brasil inteiro e também ao mundo. 

Por isso, o cantor, compositor e instrumentista pernambucano ficou conhecido como o Rei do Baião. Além do baião, ele também apresentou ao mundo todo o xote, o xaxado e o forró pé de serra.

Luiz Gonzaga tocava sanfona, zabumba e triângulo e classificava esse como o conjunto básico dos cantores de baião. A sanfona tem a função harmônica e melódica, a zabumba forma a base rítmica – marcando o tempo – e o triângulo, o contratempo.

O Rei do Baião influenciou uma geração inteira de artistas da música popular brasileira, é referência nos principais movimentos musicais da história do nosso país e – com sua sanfona e sua simpatia – tornou-se um grande herói do povo nordestino. 

Em suas composições, apresentou o sertão nordestino ao mundo, descrevendo as injustiças, a fome, a seca e a pobreza daquela região, mas também a alegria, a dedicação ao trabalho, a bravura, a beleza e a coragem do povo nordestino

Contando sobre o amor de um povo por sua terra (e a saudade que esse povo sente ao ter que deixá-la para tentar uma vida com mais oportunidades e menos aridez), Luiz Gonzaga conta também histórias de amor, sempre aliadas a importantes críticas sociais.

Como ele mesmo declarou em uma entrevista, pouco antes de sua morte: “Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor”.

Entenda mais sobre a história de Luiz Gonzaga
Luiz Gonzaga, o Rei do Baião | Foto: Reprodução

Em 50 anos de carreira, Gonzagão gravou mais de 50 discos e compôs mais de 500 canções. Segundo ele mesmo, seu sucesso se deu ao fato de ter sido sempre muito pobre e, por isso, tudo o que fazia tinha sempre um destinatário: a pobreza. 

“Eu trato o pobre bem, eu trato o pobre com amor. As histórias que eu conto sobre os pobres são todas com respeito, originalidade. E o nordestino era tão pobre e ainda o é. O povo nordestino, sendo um povo espirituoso, cheio de graça, não tinha quem cultivasse a sua graça. Então, a graça dele era uma graça sem graça. Aí, eu comecei a decantar o nordestino com respeito, com amor, com a alma.”

Hoje, tivemos a difícil tarefa de listar 10 entre as melhores músicas de Luiz Gonzaga.

Para saber mais sobre a história de Gonzagão, acesse o nosso Acervo MPB Especial Luiz Gonzaga, uma verdadeira enciclopédia da nossa música, em formato de áudio-biografia, que conta a história da vida e da obra de grandes nomes da música brasileira. Original Novabrasil.

As 13 melhores músicas de Luiz Gonzaga

  • 1 – Asa Branca (parceria com Humberto Teixeira, 1947) 

Lançada em disco pelo sanfoneiro em 1947, “Asa Branca” é o maior sucesso da vida de Luiz Gonzaga e grande hino do nordeste brasileiro,  inspirada no repertório de tradição oral nordestina. 

Regravada por uma infinidade de nomes da MPB, foi a primeira parceria com o poeta e advogado cearense Humberto Teixeira: os dois começaram a compor a música no dia em que se conheceram, em meados de 1940, embora só a tenham lançado em 47.

  • 2 –  No Meu Pé de Serra (parceria com Humberto Teixeira, 1947) 

Outra das primeiras parcerias com Humberto Teixeira, a canção “No Meu Pé de Serra”, também lançada por Luiz Gonzaga em 1947, é bastante nostálgica e faz referência à saudade da vida no sertão, trazendo uma alusão a um coração deixado lá no “pé de serra”. 

A canção retrata uma visão romântica da vida no sertão, onde o trabalho é duro, mas ali se tinha tudo o que quisesse, com especial destaque para o xote de toda quinta-feira, em que se gruda numa cabocla, enquanto o fole começa… e parece não parar! 

No livro  “O Fole roncou – uma história do Forró”, dos jornalistas Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues, há um diálogo entre os dois compositores, que conta um pouco mais da história da canção:

Luiz Gonzaga já tentava há tempos arranjar um letrista constante para as melodias que carregava na memória: “Eu quero cantar as coisas da minha terra e preciso de alguém que me ajude a decantar a vida da minha gente”, dizia o sanfoneiro.

No primeiro encontro com Humberto Teixeira, o sanfoneiro pediu: “Eu tenho um tema aqui pra você botar uma letrinha: No Meu Pé de Serra”. Na mesma hora, Humberto pôs uma folha de papel em cima do joelho e escreveu uma letra. 

Gonzaga leu e gostou. Teixeira advertiu: “Mas essa não é a letra definitiva!”, e Gonzagão respondeu: “Peraí, nessa você não vai bulir mais não! A letra é essa!”. Humberto Teixeira insistiu e – pouco depois – mandou para o seu futuro grande parceiro a letra original de “No Meu Pé de Serra”, desenvolvendo uma temática que se tornaria recorrente em suas canções: a dor da ausência.

  • 3 – Baião (parceria com Humberto Teixeira, 1946) 

Antes disso, em 1946, o conjunto “Quatro Ases e um Coringa”, acompanhado pela sanfona de Luiz Gonzaga, gravou a música “Baião” – que leva o nome do gênero musical que os dois compositores – Gonzagão e Humberto Teixeiraajudaram a criar e a consolidar no Brasil inteiro.

Ao lado de Luiz Gonzaga, Teixeira teve uma grande contribuição para o sucesso do Baião, que mudou para sempre a cara da música brasileira, fazendo-o ficar conhecido como o “Doutor do Baião”, ao lado do eterno “Rei do Baião”.

  • 4 – Pagode Russo (parceria com João Silva, 1947)

Também em 1947, lança o sucesso Pagode Russo, com João Silva, outro grande parceiro, com quem compõe mais de 30 canções. Nós contamos a história curiosa dessa música nesta matéria especial, vale a pena conferir!

  • 5 – Qui Nem Jiló (parceria com Humberto Teixeira, 1950) 

Qui Nem Jiló é mais uma parceria de sucesso com Humberto Teixeira, outro dos maiores sucessos de toda a carreira de Gonzagão, que se tornou praticamente um hino nacional do Nordeste. 

O que é fantástico nessa música é a capacidade de incluir o fruto jiló em forma de poesia. Na canção, a amargura do fruto é comparada às dores de uma saudade. E os compositores trazem um remédio interessante para “amenizar” essa saudade: cantar!

  • 6 – Assum Preto (parceria com Humberto Teixeira, 1950) 

Do mesmo ano – 1950 – é “Assum Preto”, outra parceria de muito sucesso com  Humberto Teixeira, em que os compositores retratam a beleza de uma paisagem bucólica, comum no sertão após as chuvas, pois quando há estação chuvosa na região pode-se ver o reverdecimento da mata. 

Esse fato traz alegria e esperança para o sertanejo. No entanto, a beleza do sol do mês de abril e das flores não pode ser apreciada por Assum Preto, um pássaro típico da região nordeste, porque ele não pode vê-la, já que é cego.

Era comum que naquela região – não se sabe se por ignorância ou por maldade, como a letra da música diz – que fazendeiros ou pequenos agricultores furassem os olhos das aves e as cegassem, para que seu canto se tornasse um canto de dor, e – por isso – um canto mais belo. 

Daí vem mais uma contradição da música: o pássaro tem asas, o que lhe dá o direito à liberdade, ser livre para voar. Mas como ele não vê, não enxerga, não pode voar, e por isso vive preso, tornando-se um animal domesticado.

  • 7 – Vem Morena (parceria com Zé Dantas, 1950)

Com outro pernambucano, Zé Dantas, um estudante de medicina, músico por vocação e apaixonado pela cultura nordestina, Gonzagão também firmou uma parceria de sucesso, com quem compôs 46 canções.

Uma delas é o estrondoso sucesso “Vem Morena”, lançadoem 1950.

  • 8 – Sabiá (parceria com Zé Dantas, 1951)

Em 1951, Luiz Gonzaga lançou outro grande clássico: a canção “Sabiá”, também parceria com Zé Dantas, depois regravada com sucesso por vários nomes da MPB como Elba Ramalho, Clara NuneseAlceu Valença.

  • 9 – Respeita Januário (parceria com Humberto Teixeira, 1952)

Em 1946, depois de receber a visita de sua mãe no Rio de Janeiro – onde morava desde 1939 – Luiz Gonzaga voltou para a sua cidade natal – Exu, no sertão de Pernambuco – pela primeira vez, para se reencontrar com a família depois de 16 anos. O reencontro com o pai é narrado na clássica canção Respeita Januário, parceria com Humberto Teixeira, lançada em 1952.

Januário fez fama nas redondezas da cidade de Exu, tocando e consertando sanfonas. Foi com o pai que Luiz Gonzaga aprendeu os primeiros acordes do instrumento com o qual seria consagrado no Brasil inteiro. 

Com menos de 18 anos, Gonzagão se desentendeu com sua família e resolveu sair de casa. O artista conta isso em uma releitura de 1979, para a canção que já havia sido lançada em 1950: “Esse negócio de matar gente no sertão já foi trabalho mais maneiro. Menos pra eu. Quis matá um home, me lasquei. Levei uma surra tão danada, uma surra caprichada por meu pai e minha mãe, que arribei de casa. Dezoito anos incompletos, 1930. Ingressei nas Forças. Revolução como diabo, tiro como diabo, nunca dei nenhum. Eu queria ser era artista…” 

Depois de quase 10 anos servindo o exército, Luiz Gonzaga não voltou pra casa e resolveu morar no Rio de Janeiro para tentar a carreira artística.

  • 10 – O Xote das Meninas (parceria com Zé Dantas, 1953)

Em 1953, o artista lançou outro grande sucesso de sua carreira: “O Xote das Meninas”, também em parceria com Zé Dantas. Outro grande hino, a canção foi regravada com sucesso por nomes como Marisa Monte, Elba Ramalho  eGilberto Gil.

  • 11 – A Vida do Viajante (parceria com Hervé Cordovil, 1953)

No mesmo ano, foi a vez de lançar o clássico “A Vida do Viajante”, em parceria com Hervé Cordovil. Anos depois, em 1980, a música virou título da turnê que Luiz Gonzaga fez pelo Brasil ao lado de seu filhoGonzaguinha.

http://youtube.com/watch?v=2G2mDtQWQrk

  • 12 – São João na Roça (parceria com Zé Dantas, 1958) 

Em 1958, Luiz Gonzaga lançou o álbum “São João na Roça”, com grandes clássicos seus, famosos até hoje nas Festas de São João, entre elas, a canção título (parceria com Zé Dantas) e “Olha Pro Céu” (parceria com José Fernandes).

  • 13 – Olha Pro Céu  (parceria com José Fernandes, 1958)

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