No coração da Mooca, onde funcionou a antiga Hospedaria do Brás, o Arsenal da Esperança mantém as portas abertas para quem mais precisa. Todos os dias, cerca de 1.200 pessoas encontram ali comida, banho, cama e, sobretudo, a chance de recomeçar.
“É uma pequena cidade dentro da cidade”, define o padre Simone Bernardi, diretor da instituição. “Uma casa que dá uma esperança concreta a quem estaria na rua se esta porta não estivesse aberta.” No Natal, esse cuidado cotidiano ganha um gesto a mais: a arte.
Quando o teatro também alimenta
O Espetáculo de Natal do Arsenal da Esperança chega à terceira edição como resultado de um percurso de oficinas artísticas realizadas ao longo do ano. Mais do que uma apresentação, a peça nasce do convívio e da construção coletiva entre voluntários, ex-acolhidos e artistas.
“O teatro alimenta não só o corpo, mas o interior da pessoa”, explica o padre. “Ele desperta a beleza que existe em cada um, cria encontros e laços. Isso também é espírito de Natal.”
A história de Zé Mulão
No centro da encenação está Zé Mulão, um homem em situação de rua que puxa uma carroça nada comum: nela, há livros, objetos e memórias. Desacreditado da humanidade, ele vai reencontrando a esperança a cada encontro pelo caminho.
“É a história de um homem bom que volta a acreditar”, resume Bernardi. “Assim como existem problemas, também existem soluções. A esperança é possível.”
Arte como reconstrução da dignidade
Para o Arsenal, a arte é ferramenta de cuidado profundo. “O sofrimento cria um entulho sobre o coração da pessoa”, diz o padre. “A arte vai tirando pedra por pedra e mostrando o rosto verdadeiro, que é belo e luminoso.”
Esse trabalho paciente se soma ao esforço diário da casa, que consome, por dia, cerca de 300 quilos de arroz e quase 100 quilos de feijão para garantir refeições dignas a quem passa por ali.
Serviço
O espetáculo “Zé Mulão e a esperança de Natal” acontece quinta, sexta e sábado (18 a 20 de dezembro), sempre às 20h, no Arsenal da Esperança (Rua Dr. Almeida Lima, 900), próximo ao Metrô Bresser-Mooca.
A entrada é solidária, com a doação de 2 kg de alimentos não perecíveis, que ajudam a manter o trabalho da instituição.
“Cada pessoa que vem é convidada a descobrir esse lugar bonito no coração de São Paulo”, convida o padre Simone.



