O Centro Cultural Fiesp apresenta, a partir do dia 24 de maio (terça-feira, às 19 horas), a exposição “Terra Terreno Território” da fotógrafa e artista visual Dani Sandrini. Com visitação gratuita e acessibilidade, a exposição conta com piso tátil, audioguia, 14 obras com audiodescrição e nove obras táteis.
A mostra é composta por 57 obras de temática indígena, na qual a artista utiliza duas técnicas de impressão fotográfica do século XIX para propor uma reflexão sobre como é ser indígena em grandes cidades, no século XXI.
“Terra Terreno Território”: Imagens foram captadas em aldeias indígenas da Grande São Paulo e no contexto urbano
As imagens foram captadas, durante o ano de 2019, em aldeias indígenas da Grande São Paulo, onde predomina a etnia Guarani, e também no contexto urbano, que abriga aproximadamente 53 etnias. Terra Terreno Território apresenta dois agrupamentos fotográficos.
No primeiro a impressão é feita em papéis sensibilizados com o pigmento extraído do fruto jenipapo (o mesmo que indígenas usam nas pinturas corporais). E no segundo, diretamente em folhas de plantas como taioba, helicônia, cará-moela e outras. Os processos – chamados de antotipia e fitotipia, respectivamente – se dão artesanalmente, através da ação da luz solar, em tempos que vão de três dias a cinco semanas de exposição.
As obras de Dani Sandrini – em tamanhos que variam entre 20×30 a 60x90cm – trazem uma temporalidade inversa à prática fotográfica vigente, da rapidez do click e da imagem virtual.
“O tempo de exposição longo convida à desaceleração para observar o entorno com outro tempo e sob outra perspectiva. Como a natureza, onde tudo se transforma, esses processos produzem imagens vivas, uma referência a permanente transformação da cultura indígena, que não ficou congelada 520 anos atrás”, reflete a artista.
As fotografias e o paralelo com o apagamento
A delicadeza do processo orgânico traz também uma consequente fragilidade para as fotografias com a passagem do tempo.
“Dependendo da incidência de luz natural diretamente na imagem, por exemplo, pode levá-la ao apagamento”, explica a artista.
A concepção de Sandrini considera a possibilidade acima como um paralelo ao apagamento histórico que a cultura indígena vem sofrendo em nosso país.
Ela diz que:
“a proposta favorece também a discussão acerca da fotografia com seu caráter de memória e documento como algo imutável, ampliando seus contornos e podendo se vincular ao documental de forma bem mais subjetiva. A certeza é a transformação. A foto não congela o tempo. Os suportes que aqui abrigam as fotografias geram outros significados”, reflete.
Com Terra Terreno Território a fotógrafa alerta para a necessidade de compreender a cultura indígena para além dos clichês que achatam a diversidade do termo.
“A intenção é exatamente oposta: é desachatar, lembrar que muitos indígenas vivem do nosso lado e nem nos damos conta. Já se perguntaram o porquê de essa história ter sido apagada?”, comenta Dani.
Durante o projeto, ela fotografou pessoas de diversas etnias, oriundas de várias regiões do país, ora posando para um retrato ora em suas rotinas, suas atividades, seus eventos, rituais ou celebrações.
Sobre Dani Sandrini
Fotógrafa e artista visual vivendo em São Paulo, Dani Sandrini desenvolve projetos documentais e artísticos, desde 2014, apesar de ser fotógrafa comercial, desde 1998.
A depender do projeto e suas singularidades, sua fotografia é colocada nas telas ou papéis, mas também pode conter outros elementos que adicionam significados à imagem final, bem como camadas extras de subjetividade.
Pesquisa o entrelaçamento de materiais e suportes com a imagem fotográfica e a ação do tempo sobre a mesma. Dani tem experiência em processos fotográficos alternativos e desenvolve projetos utilizando impressão por transferência, fotografia estenopeica, cianotipia, antotipia e fitotipia.
Exposição: Terra Terreno Território
Temporada: 24 de maio a 15 de outubro de 2023
Horário: terça a domingo, das 10h às 20h
Visitação gratuita. Classificação: Livre.
Acessibilidade: a exposição conta com piso tátil, audioguia, 9 obras táteis e 14 obras com audiodescrição.
Centro Cultural Fiesp: Avenida Paulista, 1313 – São Paulo/SP. Em frente à estação Trianon-MASP do Metrô.