No dia 19 de outubro, o filme “Meu Nome é Gal” chega nos cinemas de todo Brasil. A cinebiografia promete oferecer uma visão profunda da vida e da carreira de uma das maiores cantoras do país: Gal Costa, a eterna musa da tropicália.
O Movimento Tropicalista foi um movimento cultural de vanguarda que aconteceu no Brasil nos anos de 1967 e 1968, um dos mais importantes da história da música brasileira.
Nesta matéria, saiba como Gal Costa se tornou um dos símbolos do Tropicalismo:
Quando Gal Costa conheceu Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia?
Em 1963, Gal Costa conheceu Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé. Juntos fizeram o show ‘Nós, Por Exemplo’, para inaugurar o teatro Vila Velha, de Salvador, com um repertório de canções da Bossa Nova.
No mesmo ano, fizeram juntos mais um espetáculo: Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova, que tinha a intenção de inserir o grupo baiano em um plano histórico que passava pelo passado musical da MPB, depois por alguma renovação da Bossa Nova, chegando em algo que seria a sua continuação, representada por eles mesmos.
Eles se consideravam descendentes do movimento liderado por Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes, mas – ao mesmo tempo – precursores de um novo movimento que viria inovar a música brasileira de uma forma jamais vista.
Gal Costa na Tropicália
Em seguida, Gal deixou a Bahia para investir na carreira de cantora na cidade do Rio De Janeiro, e em 1967, lançou o seu primeiro LP: “Domingo”, ao lado de seu amigo e parceiro por toda uma vida – Caetano Veloso – que também estreava em seu primeiro disco. Deste álbum, se destaca a canção “Coração Vagabundo”, de Caetano.
Nesta época, Gal iniciou junto com outros grandes nomes da música popular brasileira o Movimento Tropicalista: uma ação de contracultura, que transcende tudo o que já havia em termos de produção artística no brasil.
A Tropicália contempla e internacionaliza a música, o cinema, as artes plásticas, o teatro e toda a arte brasileira.
O movimento surgiu sob a influência das correntes artísticas da vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira, misturando manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais, para criar algo inovador, que interviesse na cena de indústria cultural e de cultura de massas da época. E que representasse uma mudança de parâmetros, que atendesse também aos anseios da juventude da época.
Entre os principais artistas que ganharam destaque no movimento tropicalista estão:
- Caetano Veloso;
- Gilberto Gil;
- Torquato Neto;
- Capinam;
- Tom Zé;
- Nara Leão;
- Jorge Ben Jor;
- Os Mutantes (Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias)
- e Rogério Duprat.
Tropicália ou Panis at Circense
No ano de 68, Gal lançou – ao lado de seus companheiros de movimento tropicalista – o álbum Tropicália ou Panis at Circense.
Entre as canções mais marcantes estão “Baby”, de Caetano Veloso, que Gal canta sozinha no disco e que se tornou um hino tropicalista – trazendo vários elementos da cultura pop, da cultura de massa e de consumo da época.
“Baby” é uma das músicas mais importantes da carreira da cantora e Tropicália foi eleito o segundo melhor disco de música brasileira da história, pela revista Rolling Stone.
A partir desse momento, Gal passou a sentir a necessidade de desbravar novos territórios, além do canto suave da Bossa Nova, que a acompanhava desde o início da carreira, ela queria expressar a sua arte e o que sentia de uma forma mais agressiva, experimental e revolucionária, com influências do que vinha escutando de fora do país, como a voz rasgada de Janis Joplin, que foi uma grande inspiração para Gal Costa.
O impacto de “Divino Maravilhoso”
Ainda em 1968, Gal participou do quarto festival da Record, defendendo a canção “Divino Maravilhoso”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Esta apresentação representou um marco na transição de postura de Gal, refletida no palco, na voz, nas atitudes, nas canções escolhidas para interpretar e nas roupas que vestia.
“Divino Maravilhoso” foi um grito de liberdade, não só para Gal, mas para o povo brasileiro, em uma época de sofrimento por conta dos duros tempos de repressão.
No auge da Ditadura Militar e com a recente instauração do Ato Institucional Número 5, a restrição das liberdades democráticas, de expressão e das criações literárias, fez o Movimento Tropicalista sofrer forte censura e perseguição. Caetano e Gil – já grandes ídolos de uma geração e líderes do movimento – foram presos e, depois, obrigados a se exilarem em Londres.
Como Gal Costa se tornou a Musa da Tropicália?
Gal se tornou, então – quase que forçadamente – um símbolo de resistência artística depois da partida de seus amigos e parceiros para o exílio.
Nesta época, a cantora começou a trabalhar com novos parceiros como Jards Macalé, Waly Salomão e Lanny Gordin. Gal foi ficando cada vez mais audaciosa e recebeu a missão de manter acesa a chama do Tropicalismo no Brasil, se tornando a sua maior representante e passando a ser conhecida como musa da tropicália.
Em 1969, lançou seu primeiro álbum solo, em que se destacam, além de “Divino Maravilhoso” e “Baby”:
- “Que Pena”, de Jorge Ben Jor;
- “Não Identificado”, de Caetano Velos;
- e “Namorinho de Portão”, de Tom Zé.
A partir daí Gal passou a lançar, um em seguida do outro, álbuns transgressores e revolucionários. Ainda em 69, lançou o seu segundo disco solo, ‘Gal’, considerado um álbum psicodélico e um dos registros mais radicais da música popular brasileira, com canções como “Cinema Olympia” e Meu Nome é Gal.
Quer saber mais sobre a vida e obra de Gal Costa, a eterna Musa da Tropicália? Ouça o Acervo MPB quando e onde quiser:
O filme “Meu Nome é Gal”
Meu Nome é Gal apresenta a fascinante trajetória de Gal Costa, uma jovem tímida que desde cedo soube que a música seria seu destino. Aos 20 anos, ela toma a decisão de viajar rumo ao Rio de Janeiro para seguir sua paixão pela música.
A cinebiografia de Dandara Ferreira e Lô Politi estreia dia 19 de outubro e o elenco traz nomes como Sophie Charlotte, Rodrigo Lelis e Camila Márdila.
Veja o trailer: