Gilberto Gil é muito mais do que um cantor ou compositor: ele é uma referência cultural, um dos maiores símbolos da música popular brasileira e uma figura fundamental na história recente do país. Sua trajetória atravessa gerações e estilos,
sempre marcada pela ousadia, pela criatividade e pelo compromisso com a liberdade artística e social.
Nascido em Salvador, Gil foi desde cedo influenciado pelos sons do Nordeste – o baião de Luiz Gonzaga, o samba, os ritmos afro-brasileiros – que mais tarde se tornariam parte essencial da sua obra. Com seu violão, sua voz marcante e sua sensibilidade poética, ele construiu um repertório que passeia entre o regional e o universal, entre o popular e o sofisticado, sem nunca perder sua autenticidade.

Sua maior contribuição, no entanto, foi durante o movimento tropicalista, no final dos anos 1960. Ao lado de nomes como Caetano Veloso, Gal Costa, Os Mutantes e Tom Zé, Gil trouxe para a música brasileira uma proposta inovadora: misturar a tradição nacional com influências internacionais, como o rock, a música pop e até elementos da contracultura.
Essa fusão gerou um estilo provocador, contestador e revolucionário, que desafiava tanto os padrões conservadores da sociedade quanto a rigidez das tradições musicais. O Tropicalismo não foi apenas um movimento musical, mas também cultural e político, e Gilberto Gil esteve no centro dessa transformação.

Mesmo diante das dificuldades impostas pela ditadura militar, que o exilou em Londres, Gil não deixou de cantar nem de criar. Pelo contrário, essa experiência ampliou ainda mais sua visão de mundo, trazendo novas influências para sua obra e reforçando sua mensagem de liberdade e resistência. Ao retornar ao Brasil, consolidou-se como uma das vozes mais potentes da música popular, construindo uma carreira repleta de sucessos como Aquele Abraço, Expresso 2222, Andar com Fé e Refazenda.
Além da música, Gil também se destacou como um pensador e um agente público. Quando assumiu o cargo de Ministro da Cultura, entre 2003 e 2008, promoveu políticas de democratização do acesso à arte e à cultura, valorizando a diversidade e reconhecendo a importância das manifestações culturais populares e periféricas. Sua gestão foi marcada por projetos inovadores, como os Pontos de Cultura, que ampliaram a presença da cultura nos mais variados cantos do país.

Por tudo isso, Gilberto Gil é chamado de “grande mestre”. Ele representa a sabedoria de quem consegue dialogar com o passado e o futuro, unindo tradição e modernidade. Mestre porque ensinou, através de sua música, que o Brasil é múltiplo, plural e criativo. Mestre porque mostrou que a arte pode ser um instrumento de transformação social. Mestre porque sua obra é atemporal, atravessa fronteiras e continua inspirando músicos, intelectuais e o público em geral.
Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Novabrasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se já www.forumbrasildiverso.org



