Um estudo europeu de longa duração revelou que a gordura no fígado — condição que muitas vezes passa despercebida — pode dobrar o risco de mortalidade por doenças graves como câncer, infarto e AVC. A pesquisa, conduzida por cientistas suecos ao longo de 18 anos, acompanhou pacientes com diagnóstico da condição, tecnicamente chamada de doença hepática gordurosa não alcoólica, e constatou que os impactos vão muito além do fígado.
A informação foi destaque na programação da Novabrasil, que entrevistou o endocrinologista Dr. Renato Zilles, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia. Segundo o especialista, a gordura no fígado não é mais considerada um problema leve. “Hoje, já entendemos que se trata de uma doença metabólica crônica, associada a disfunções em vários órgãos”, explicou o médico.
Sintomas são raros, mas riscos são altos
Embora frequentemente associada à obesidade, a condição também pode afetar pessoas magras. O problema, de natureza silenciosa, geralmente é identificado por meio de exames de rotina, como análises de enzimas hepáticas ou ultrassonografia abdominal. “A pessoa não sente dor e não percebe alterações imediatas”, afirma Zilles.
O médico alertou ainda para uma mudança no perfil das causas de cirrose hepática. “Antes, o álcool e os vírus da hepatite eram os principais responsáveis. Hoje, mais da metade dos casos tem origem na gordura hepática”, destacou.
Prevenção envolve cuidados com o estilo de vida
A presença de gordura no fígado está frequentemente ligada a outras doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e colesterol alto, compondo um quadro que exige atenção multidisciplinar. Por isso, os especialistas recomendam medidas preventivas baseadas em mudanças no estilo de vida: alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos, sono de qualidade e acompanhamento médico constante.
Dr. Renato reforçou que cuidar da saúde de forma integral é a melhor maneira de prevenir a evolução da doença. “Quando a gente cuida do todo, a gente também protege o fígado”, concluiu.