Um dos maiores nomes da música pop brasileira, Guilherme Arantes está finalizando um novo álbum autoral de canções inéditas, o primeiro desde A desordem dos templários (2021), disco ambicioso que marcou sua última produção de estúdio há quatro anos.
Morando na Espanha, mas retornando anualmente ao Brasil para realizar shows, o artista paulistano de 72 anos tem compartilhado nas redes sociais o entusiasmo com o novo trabalho. A primeira faixa revelada do repertório foi anunciada por Nelson Motta, parceiro de longa data de Arantes, com quem já compôs sucessos desde 1986, quando lançaram juntos Calor e Coisas do Brasil.
Durante o processo de criação e gravação, Arantes manteve-se fiel a uma postura crítica em relação à indústria musical contemporânea, que ele classifica como marcada por uma “patologia social”. Em texto publicado no Facebook, o compositor refletiu sobre o caráter fugaz da novidade no mercado fonográfico: “Sei que um disco, qualquer que seja, até mesmo de grandes mestres, causa sensação por 15 dias. Depois disso, é página virada. Assim está a ‘realidade’, se é que é real. (…) É uma patologia social, um desastre”, escreveu, ao comparar a produção atual a uma “fábrica de salsicha”.
Gravando o novo disco com o mesmo rigor artístico que o consagrou, Arantes afirma buscar um compromisso genuíno com a arte. Para ele, produzir um álbum é hoje um gesto de resistência: “Fazer disco, com apuro e compromisso de arte, nobre profissão que em outras épocas tinha caráter diferenciado, virou um diletantismo doméstico, uma profissão muito mais de fé do que de realidade.” Entre reflexões e melodias, o artista reafirma sua crença na música como um ato de fé — e na criação como uma forma de permanecer vivo no tempo.



