Uma saliência no umbigo pode parecer inofensiva, mas em alguns casos é sinal de uma hérnia umbilical — quando parte do conteúdo do abdome, como gordura ou um pedaço do intestino, escapa por uma abertura na musculatura. O cirurgião do aparelho digestivo Antonio Couceiro Lopes explica que a condição é frequente em crianças e adultos e, embora geralmente benigna, pode exigir cirurgia para prevenir riscos sérios. “A hérnia pode não causar sintomas no início, mas se houver dor, vermelhidão ou náuseas, é preciso procurar atendimento imediatamente”, alerta.
Por que a hérnia aparece em crianças e adultos
Nos bebês, a hérnia umbilical ocorre porque o anel umbilical – a passagem natural do cordão durante a gestação – nem sempre se fecha totalmente após o nascimento. “É comum em prematuros ou em crianças com baixo peso. Na maioria das vezes, fecha sozinha até os 4 ou 5 anos de idade”, explica o médico.
Já nos adultos, o quadro costuma surgir devido ao enfraquecimento da parede abdominal provocado por aumento da pressão interna. Obesidade, gestações múltiplas, cirroses e esforços repetitivos estão entre as principais causas. “A pressão constante força estruturas internas a passarem por pequenos defeitos musculares, formando a hérnia”, diz Couceiro.
Sinais de alerta exigem atenção imediata
O sintoma mais comum é um “caroço” no umbigo que pode aumentar ao tossir, levantar peso ou chorar. Em muitos casos, ele desaparece ao deitar ou ao ser pressionado levemente. Porém, há sinais de complicação que indicam urgência médica: dor intensa, inchaço endurecido, vermelhidão, náuseas, vômitos e febre. “Esses sintomas podem indicar encarceramento ou estrangulamento da hérnia, quando há risco de necrose intestinal – uma emergência cirúrgica”, ressalta o cirurgião.

Quando operar e como é o tratamento
Nas crianças, o acompanhamento costuma ser suficiente, e a cirurgia só é indicada quando a hérnia persiste após os 4 ou 5 anos, é muito grande ou causa dor. Já nos adultos, a cirurgia é quase sempre necessária, pois a hérnia tende a aumentar com o tempo. O procedimento é simples, com alta no mesmo dia ou no seguinte, e pode ser feito com sutura simples ou com tela cirúrgica para reforçar a parede abdominal. “O tratamento cirúrgico é seguro, eficaz e previne complicações futuras”, afirma Couceiro.
A recomendação final do especialista é clara: qualquer alteração na região do umbigo deve ser avaliada por um médico. “A observação cuidadosa em crianças e o reparo cirúrgico em adultos são as melhores estratégias para garantir uma recuperação tranquila e evitar problemas maiores”, conclui.


