Se dependesse apenas do governo, o capitão jamais seria anistiado. Ele sempre foi desenhado como uma ameaça à democracia e à estabilidade política do Brasil. Um radical, dizem seus opositores. Está a soldo de uma potência estrangeira, dizem outros. O fato é que onde quer que apareça é reverenciado como um líder carismático. Louvado por uns e temido por outros. A patente de capitão lhe dá visibilidade, ainda que há muito tempo deixou a farda e os quartéis. Mesmo nos meios militares levanta controvérsias, uma vez que não esconde sua oposição à ingerência de qualquer potência estrangeira no Brasil.
Ninguém nega que o capitão é um perseguido político. Ele mesmo faz questão de defender em público, ainda que isto lhe custe forte oposição, ideias consideradas extremistas. Mas é claro que ele tem um objetivo, uma proposta para o Brasil se desenvolver com suas próprias forças.
Setores da direita temem que opte pela estatização da economia e impeça a privatização das empresas estatais. Ele sempre deixou isso claro ao afirmar que alguns setores, como o petrolífero e o de mineração, não podiam jamais cair nas mãos de multinacionais, entre elas “As Sete Irmãs” do petróleo. O Exército sempre se posicionou ao lado da chamada ala nacionalista, que é apoiada pela direita e esquerda das Forças Armadas.
O capitão está preso. Condenado a uma longa pena, acusado de ameaçar o Estado democrático de direito. Porém o presidente da República, pressionado pela queda de popularidade e oposição no Congresso Nacional, é empurrado a assinar uma anistia para centenas de presos, entre eles o capitão, que imediatamente volta à vida política. O capitão Luís Carlos Prestes, expulso do Exército durante o Estado Novo, a ditadura direitista de Vargas, apresenta-se como candidato a senador pelo estado do Rio de Janeiro.
A Constituição de 1946 garantia liberdade política e Prestes manteve a liderança do Partido Comunista Brasileiro desde 1943. O PCB elegeu vários deputados federais e até apresentou um candidato à presidência da República. Foi eleito, com apoio de Vargas, o general Dutra. O senador e capitão Luís Carlos Prestes atuou no Senado enquanto durou a liberdade do PCB. Chegou mesmo a votar um projeto que proibia a entrada de japoneses de qualquer idade e procedência no Brasil.



