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Heródoto Barbeiro: “Operário no poder”

A ditadura está de olho no líder operário. Ele atua em uma região industrial do país e, graças à aglomeração de milhares de operários, é um cenário perfeito para iniciar um movimento contra o governo militar. A radicalização política é acalmada com prisões e líderes operários atrás das grades, sofrendo torturas físicas e psicológicas. O aparelho repressor é cruel e vem sendo testado durante todo o tempo. Não há garantias constitucionais. Os julgamentos de acusados de traição à pátria são manipulados por promotores e juízes togados a serviço dos poderosos. Não dá para confiar na justiça e os advogados dos presos políticos vivem ameaçados pelo regime e seus asseclas.

O regime segue a linha adotada em todo o continente. As nações autoritárias trocam informações sobre líderes de oposição, especialmente os que tentam fundar sindicatos e organizar a classe dos trabalhadores. Muitos são exilados, mas mesmo no exterior participam clandestinamente de movimentos revolucionários. Só uma forte cooperação pode brecar as reuniões, publicações de jornais, livros e panfletos considerados subversivos. A censura é rígida. Os meios eletrônicos, como o rádio e a tevê, só divulgam o que vem da assessoria de imprensa do regime militar. Aparentemente, o governo não percebe que, apesar de toda repressão, o país está à beira de uma explosão social, que não se sabe onde vai parar.

Ninguém sabe dizer até onde a ditadura militar vai tolerar greves e manifestações que paralisam parte da produção industrial do país. O partido comunista tem o domínio desde o final da Segunda Guerra Mundial e não está disposto a abrir mão do poder. Nem mesmo com o envolvimento da Igreja católica, com seus padres, bispos e até o papa. O papa é polonês. Há uma convergência entre João Paulo II e o líder sindical Lech Walesa e o sindicato Solidariedade.

Ambos querem a democracia na Polônia, o fim da ditadura soviética e da Cortina de Ferro. Walesa lidera a primeira eleição democrática do país em 1990. Essa mudança na Polônia tem um efeito dominó. Acende movimentos nos países vizinhos da Europa Oriental e na própria Rússia, o coração da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Perseguições, prisões, são testemunhas da liderança e da força de Lech Walesa em não desistir – e a cada queda um incentivo para recomeçar. O regime desmonta e sobrevém a democracia. O reconhecimento se dá com a outorga a Lech do Prêmio Nobel da Paz de 1983.

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