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Heródoto Barbeiro: “Uma mulher no governo”

É impensável. É inaceitável. É contra a tradição do Brasil. Uma mulher ocupar o posto político mais importante está mais para o campo da ficção do que para a realidade do dia a dia da nação.

A sociedade brasileira é, por tradição, machista e misógina. O lugar reservado para as mulheres desde os tempos coloniais é casar, ter filhos para perpetuar a família e cuidar da casa.

Os negócios de qualquer espécie devem e precisam ser geridos pelos homens, uma vez que as mulheres não têm expertise para isso, dizem os arautos da masculinidade brasileira. Só mesmo um acidente de percurso poderia levar uma mulher a ocupar o governo do país.

A tradição diz que as mulheres devem procurar um bom partido para casar. Pouquíssimas têm acesso aos cursos universitários: de Direito a Engenharia, só classes masculinas. É dai que saem muitos jovens em busca de uma noiva, filha de um abastado comerciante, banqueiro, fazendeiro ou alto funcionário público.

Essa ascendência pode garantir um bom dote, um pecúlio que a noiva leva para o casamento, para bancar o início da vida do casal. Não há mulheres nos partidos políticos, nem mesmo nos mais radicais, como os republicanos, que querem mudanças profundas sociais, políticas e econômicas.

Nas reuniões partidárias, raramente se admitia uma mulher. Na galeria de ex-presidentes da legenda e políticos eleitos para a Câmara e o Senado, nenhuma foto feminina. Portanto, à primeira vista, está selado que elas não terão jamais o poder nas mãos.

O Brasil vive um período de ameaça de confronto social. De um lado, a elite detentora do poder econômico e político, e de outro, uma massa de miseráveis. A maior parte é de negros e seus descendentes.

O chefe do governo vive doente, e mais de uma vez viaja para tratamento de saúde no exterior. Cada vez que se ausenta passa o poder para sua herdeira. Isabel Cristina Leopoldina Augusta Gabriela Rafaela Gonzaga é a filha do imperador do Brasil, Pedro II. Este cada dia mais atacado pelo diabetes, procura tratamento na Europa e Isabel assume o trono com o título de Regente. Em pleno século 19, uma mulher assume o governo da maior nação da América do Sul e que tem grandes problemas para resolver.

Um deles é a crise provocada pela Guerra do Paraguai, que acabou em 1870. Outro é o crescimento dos movimentos republicanos e abolicionistas. Isabel contribui para o fim do escravismo e promulga a lei, aprovada no Parlamento, que acaba com o trabalho escravo em 1888.

Festas, procissões, fogos de artifícios, missas, te Deum, capoeira, lundu, aplausos, editoriais dos jornais exaltam a Redentora. Alguém no bastidor diz que ela assinou mais do que uma Lei Áurea. Assinou o fim do Império e o advento da República.

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