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História da música “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso

Hoje, vamos falar sobre um dos maiores clássicos da história da música popular de todos os tempos: a história da música “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso.

Responsável por inaugurar o gênero “samba-exaltação”, “Aquarela do Brasil” é praticamente um hino nacional brasileiro e uma das canções mais regravadas da história. Mas, primeiro, vamos saber um pouco mais sobre o seu compositor.

Quem foi Ary Barroso?

É impossível falar de música brasileira e não falar de Ary Barroso.

Autor recorrente no repertório de artistas como Carmen Miranda e Francisco Alves, o compositor deixou uma obra que atravessou o tempo e as fronteiras do Brasil, e – até hoje – é interpretado por grandes nomes da música nacional e internacional.

Nascido em Minas Gerais, em 1903, Ary Barroso começou a estudar piano ainda criança e, aos 12 anos, já trabalhava como pianista auxiliar no Cinema Ideal, em Ubá, sua cidade natal. Aos 15, compôs sua primeira canção: o cateretê “De Longe”.

Na juventude, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar Direito e a faculdade foi muito importante na consolidação da sua veia artística. Na cidade carioca, trabalhou como pianista no Cinema Íris e na sala de espera do Teatro Carlos Gomes

Passou a tocar em diversas orquestras e a dedicar-se mais seriamente à composição, fazendo parcerias com Lamartine Babo, seu contemporâneo na Faculdade de Direito, que veio a tornar-se outro importante nome da nossa música.

Em 1929, depois de formados, seu colega de faculdade e grande incentivador – o cantor e compositor da Era do Rádio, Mário Reis – gravou duas canções de Ary Barroso: “Vou à Penha” e “Vamos Deixar de Intimidade”, que se tornou o seu primeiro sucesso popular. 

Nos anos 1930, Ary escreveu as primeiras composições para o teatro musicado carioca. Foi aí que surgiu a antológica canção “Aquarela do Brasil”, sobre a qual conheceremos a história hoje.

Ary Barroso | Divulgação/Alesp

Em 1944, o compositor recebeu o diploma da Academia de Ciências e Arte Cinematográfica de Hollywood pela trilha sonora do longa-metragem “Você já foi à Bahia?”, de Walt Disney.

No mesmo ano, foi indicado ao Oscar de Melhor Canção Original, com a música “Rio de Janeiro”, do filme “Brasil”, produção americana dirigida por Joseph Santley.

A partir de 1943, Ary Barroso manteve durante vários anos o programa “A Hora do Calouro”, na Rádio Cruzeiro do Sul, do Rio de Janeiro, no qual revelou e incentivou novos talentos musicais. Também trabalhou como locutor esportivo.

Durante a década de 1940 e a década de 1950, compôs vários dos sucessos consagrados por Carmen Miranda no cinema. Foi o compositor mais gravado pela artista de prestígio internacional, com mais de 30 músicas. 

Ao todo, são conhecidas mais de 260 composições de autoria de Ary Barroso. Ele é autor de centenas de composições em estilos variados, como choro, xote, marcha, foxtrote e samba. 

Ary Barroso nos deixouem 1964, aos 60 anos, vítima de uma cirrose hepática, mas não sem antes deixar um imensurável legado para a música popular brasileira.

A história da música “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso

Brasil, meu Brasil brasileiro

Meu mulato inzoneiro

Vou cantar-te nos meus versos”

A ideia de Ary Barroso com “Aquarela do Brasil” era criar um samba que demonstrasse seu amor pela cultura brasileira, exaltando e valorizando – principalmente – o povo negro e as belezas naturais do nosso país. 

O compositor contava que a música surgiu quase como obra do destino: em uma determinada noite, ele não conseguiu sair para trabalhar devido a uma forte tempestade. Obrigado a ficar em casa, sentou-se ao piano, na companhia de sua esposa e de seu cunhado, e compôs a canção de uma só vez. 

“Senti, então, iluminar-me uma ideia: a de libertar o samba das tragédias da vida, do sensualismo das paixões incompreendidas, do cenário sensual já tão explorado. Fui sentindo toda a grandeza, o valor, a opulência da nossa terra, gigante pela própria natureza.”, explicou. 

E, assim, nasceu a canção que é considerada por muita gente como o segundo hino nacional do Brasil.

Responsável por inaugurar o gênero “samba-exaltação”, “Aquarela do Brasil” teve a primeira audição na voz da famosa cantora de samba-canção,Aracy Cortes. Em 1939, foi gravada em disco, pelo também muito famoso cantor Francisco Alves. 

Este movimento do “samba-exaltação”, por ser de natureza ufanista, era visto por vários como sendo favorável à ditadura de Getúlio Vargas, vigente na época, o que gerou críticas a Barroso e à sua obra. 

No entanto, a família do compositor nega que ele algum dia tenha sido favorável à política de Vargas, destacando o fato de que ele também escreveu “Salada Mista” (gravada em outubro de 1938 por Carmen Miranda), uma canção contrária ao nazi-fascismo do qual Vargas era simpatizante. 

Vale lembrar também que – antes de seu lançamento – o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) vetou o verso “terra do samba e do pandeiro”, por entender que era “depreciativo” para o Brasil. Ary Barroso teve de ir ao DIP para convencer os censores da preservação do verso. 

Muitos dizem que – inclusive – o verso “Brasil, pra mim…” exprime o quanto aquele que ele canta, era o Brasil onde Ary Barroso gostaria de viver, em contraste com o país onde realmente estava vivendo, nos anos opressores do governo de Getúlio Vargas.

Por conta dos termos pouco usuais no cotidiano usados por Ary Barroso – como “inzoneiro”, “merencória” e “trigueiro”, e da redundância nos versos “meu Brasil brasileiro” e “esse coqueiro que dá coco” – o sucesso de “Aquarela do Brasil” demorou a se perpetuar. 

Em 1940, a canção não conseguiu ficar entre as três primeiras colocadas no concurso de sambas carnavalescos, cujo júri era presidido porHeitor Villa-Lobos. Na época, Ary Barroso se defendeu, dizendo que estas expressões são “efeitos poéticos indissolúveis da composição”.

O sucesso só veio mesmo, após inclusão da música na trilha sonora do desenho “Alô, Amigos”, da Disney, em 1942, abrindo as portas dos Estados Unidos para Ary Barroso e transformando sua canção em sucesso internacional. 

Na animação, o Pato Donald faz uma viagem pela América Latina e acaba passando pelo Brasil, onde é recebido pelo Zé Carioca com muita cachaça e ao som de “Aquarela do Brasil”. 

A canção fez imenso sucesso lá fora, sendo a primeira música brasileira a atingir mais de um milhão de execuções nas rádios dos Estados Unidos. A versão em inglês, “Brazil” (com letra de Bob Russell), já foi gravada por nomes como Frank Sinatra, Bing Crosby e Paul Anka

“Aquarela do Brasil” tornou-se uma das mais populares músicas brasileiras de todos os tempos, regravada depois por diversos grandes nomes da MPB, como: Carmen Miranda, João Gilberto, Tom Jobim, Caetano Veloso,Tim Maia, Gal Costa, Erasmo CarloseElis Regina. 

É a segunda canção brasileira mais regravada de todos os tempos, com centenas de gravações mundo afora, ficando atrás somente de“Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, lançada em 1962.

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