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História da música “Argumento”, de Paulinho da Viola

Paulinho da Viola é – incontestavelmente -um dos maiores nomes da música popular brasileira de todos os tempos e uma das figuras mais importantes do nosso samba. Hoje, o artista carioca completa 83 anos e – para celebrar esta data especial – nós trouxemos a história de um dos seus maiores sucessos: a canção “Argumento“, que ele compôs justamente para falar sobre a descaracterização do samba.

A história de “Argumento”

Lançada no sétimo disco solo do sambista, “Paulinho da Viola”,de 1975, a canção “Argumento” surgiu em uma época em que Paulinho já era um artista consagrado e compositor de sambas importantíssimos da nossa história. 

Neste disco, Paulinho da Viola resolveu falar sobre algo que o incomodava naquele período: a descaracterização do samba em relação ao ritmo e ao instrumental.

Na canção “Argumento”, ele pede respeito ao samba e sua estrutura, alertando sobre as diversas manifestações que se definiam como um braço do gênero, e também para a falta de “um cavaco, um pandeiro e um tamborim” em algumas dessas músicas.

“Tá legal, eu aceito o argumento

Mas não me altere o samba tanto assim”

A canção nos fala sobre a importância de ter um olhar no futuro, no novo, mas  sempre respeitando quem veio antes e honrando quem construiu um caminho para que o samba tenha se tornado o que é. 

E isso é Paulinho da Viola: uma ponte entre a tradição e a modernidade. Como ele mesmo diz: “Não vivo no passado, o passado vive em mim”, e – honrando esse passado – o sambista cria sua música e sua obra original e também moderna.

Paulinho provocou, durante a sua trajetória, a interação de dois fenômenos culturais vistos como antagônicos: a estética sofisticada da classe média da zona sul do Rio de Janeiro dos anos 50 e 60, com a vibração pulsante dos subúrbios cariocas, resultando em uma nova forma que atravessa o tempo, abraçando a modernidade, sem alterar sua essência.

“Argumento” foi gravada por diversos nomes do nosso samba, como Beth Carvalho, Emílio SantiagoeTeresa Cristina.

Polêmica com Benito de Paula

Embora a crítica de “Argumento” não tivesse endereço exato, muitas polêmicas surgiram na época, dizendo que Paulinho tinha escrito a música para Benito Di Paula, que – dois anos antes – havia lançado a canção “Retalhos de Cetim”, um dos maiores sucessos de sua carreira, em que usa um piano para fazer samba: 

“Mas chegou, carnaval, e ela não desfilou….”

Paulinho falou que não escreveu o seu samba para Benito ou para ninguém específico, e que jamais faria isso com um colega. Ele disse que apenas questionava o papel do samba como gênero musical contestador daquela época. 

De fato, a música retrata também a censura sobre a imprensa, a poesia e as artes durante a ditadura militar. O poeta também usa a canção para fazer sua denúncia, criticando quem não fazia músicas com temáticas sociais ou políticas. Ainda sim, Benito escreveu uma outra música que pareceu ser uma resposta para Paulinho: “Não Me Importo Nada”.

Mais sobre Paulinho da Viola

Filho de um importante violonista de choro, o cantor, compositor e instrumentista carioca Paulo César Batista de Faria já nasceu em um ambiente muito musical e teve a oportunidade de conviver desde cedo com grandes chorões da época, como Pixinguinhae Jacob do Bandolim.

O aniversariante do dia começou a aprender a tocar violão sozinho, aos 15 anos e, na mesma época, passou a se envolver com o carnaval, organizando um bloco carnavalesco com um grupo de amigos. Logo, ficou conhecido como Paulinho da Viola e, desdeentão, vem construindo sua história no panteão da música popular brasileira.

Paulinho ingressou na Ala de Compositores da escola de samba União de Jacarepaguá, e lá – atuando como cavaquista – compôs um de seus primeiros sambas, “Pode Ser Ilusão”, em 1962.

Teve o poeta e compositor Hermínio Bello de Carvalho, como seu grande incentivador e um de seus primeiros parceiros. Por intermédio dele, conheceu outros grandes nomes da MPB comoCartola,Nelson Cavaquinho,CandeiaeZé Keti, que – mais tarde – também se tornaram seus parceiros.

ComZé Keti,Nelson Sargento,Elton Medeiros e outros músicos, formou o conjunto musical A Voz do Morro, com quem gravou o seu primeiro disco, contendo os seus primeiros sambas. Em seguida, também integraram juntos o espetáculo Rosa de Ouro.

Em 1965, Paulinho passou a integrar a Ala de Compositores da Portela, época em que compôs seu grande sucesso “Recado”, em parceria com o portelense Casquinha. Passou então a ser uma das grandes figuras da Portela, sua escola do coração.

Em 1966, o sambista ficou em terceiro lugar no Festival de Música Brasileira da TV Record, com “Canção para Maria”(parceria com Capinan) e lançou um álbum em parceria com Élton Medeiros, “Samba da Madrugada”.

Em 1968,  lançou seu primeiro disco solo, “Paulinho da Viola”. Daí pra frente, foi um sucesso atrás do outro, nos seus mais de 20 álbuns lançados ao longo de 60 anos de carreira. 

Em 1970, Paulinho da Viola ganhou projeção nacional com um de seus maiores sucessos até hoje: “Foi um Rio Que Passou em Minha Vida”, música que deu nome ao segundo álbum de sua carreira.

As composições de Paulinho da Viola também foram gravadas por grandes nomes da nossa música como Elizeth Cardoso, Martinho da Vila, Elza Soares,Jair Rodrigues e Marisa Monte.

Paulinho da Viola, com suas harmonias sofisticadas, sua batida única ao violão e sua voz suave, é um dos artistas que teve maior contribuição para a consolidação do samba e do choro no nosso país, sendo considerado um elo entre a tradição e a modernidade.

Paulinho provocou, durante a sua trajetória, ainteração de dois fenômenos culturais vistos como antagônicos: a estética sofisticada da classe média da zona sul do Rio de Janeiro dos anos 50 e 60, com a vibração pulsante dos subúrbios cariocas, resultando em uma nova forma que atravessa o tempo, abraçando a modernidade, sem alterar sua essência.

Seu trabalho mais recente é o álbum ao vivo “Paulinho da Viola 80 anos”, álbum comemorativo lançado em 2025, que documenta a turnê de seus 80 anos, com 25 faixas que revisitam sua consagrada carreira.

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