Após um final de semana da “Série Ouro” o antigo grupo de acesso, a Marquês de Sapucaí abriu os portões para a elite do carnaval, o conhecido “grupo especial”
Na noite deste domingo (02) e madrugada de segunda-feira (03) desfilaram pela passarela do samba; Unidos de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Unidos do Viradouro e Estação Primeira de Mangueira.
Alô, boi vermelho de Padre Miguel! Que desfile, hein, UPM!
A Unidos de Padre Miguel celebrou seu retorno ao carnaval carioca após 52 anos com o enredo “Egbé Iyá Nassô”, uma emocionante homenagem à trajetória de Iyá Nassô, Francisca da Silva, uma das figuras mais importantes na história do candomblé no Brasil.
O desfile destacou momentos essenciais da vida e da luta de Iyá Nassô, ressaltando sua contribuição fundamental para a cultura afro-brasileira e seu papel de liderança no movimento do candomblé, com ênfase no protagonismo feminino negro.
Ao longo do desfile, a escola revisitou a força das mulheres negras na construção da identidade nacional, celebrando o impacto dessas mulheres no contexto social e cultural do Brasil.

A bateria da Unidos de Padre Miguel, composta por 40 mulheres ritmistas, foi um dos maiores destaques, reforçando o tema de empoderamento feminino e a conexão com as raízes afro-brasileiras.
A escola encantou a Sapucaí com um samba vibrante e repleto de emoção. Um dos momentos mais impressionantes do desfile foi o abre-alas, composto por três carros acoplados que representaram o império de Oyó, simbolizando a grandiosidade da cultura africana.
Outro carro inovou ao soltar um cheiro de colônia, evocando o aroma de banhos de ervas, uma prática tradicional que faz parte da espiritualidade e dos rituais do candomblé.
A Unidos de Padre Miguel, com seu enredo rico e impactante, trouxe à passarela a força da tradição, da resistência e do protagonismo feminino negro.
E em seguida veio a Rainha de Ramos!
A Imperatriz Leopoldinense, está em busca de seu 10º título no carnaval de 2025 com o enredo “Ómi Tútú ao Olúfon – água fresca para o Senhor de Ifón”.
O enredo narra a jornada de Oxalá ao reino de Oyo, governado por Xangô. A história conta que Oxalá, desobedecendo aos conselhos de um babalaô para desistir da viagem e fazer oferendas a Exu, enfrenta uma série de desafios que culminam em sua prisão.
A Imperatriz Leopoldinense levou o público à loucura, fazendo com que cantassem do início ao fim do desfile.
Desde a comissão de frente até o último carro, a agremiação apresentou com grande emoção a trajetória de Oxalá, seus encontros e desencontros com Exu e os obstáculos que surgem devido à sua recusa em fazer as oferendas.

O desfile trouxe momentos marcantes, como o abre-alas, que prestou um tributo ao senhor de Ifón, e o segundo carro, que retratou a espera de Exu pela oferta que Oxalá não fez.
O último carro simbolizou a purificação de Oxalá, representando o momento de redenção. Na bateria, composta por 250 ritmistas, Oxalá foi simbolizado por um fardo de sal nas costas, uma alusão à provocação de Exu e ao fardo que Oxalá carrega em sua jornada.
A Imperatriz, com sua narrativa envolvente e visual deslumbrante, trouxe à Sapucaí um espetáculo de fé, resistência e redenção.
Alô, Niterói! Viradouro veio com tudo.
A atual campeã do carnaval carioca, a Viradouro, encantou a Sapucaí com o enredo “Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos”, que contou a história de Malunguinho, grande herói do século XIX e líder do Quilombo do Catucá, no Norte de Pernambuco.
A escola mergulhou na luta pela liberdade e resistência, destacando a importância histórica de Malunguinho e promovendo um forte diálogo entre as culturas afro e indígena.
O desfile foi uma verdadeira inovação tecnológica e visual, com efeitos holográficos que representaram a chave do cativeiro do catimbó, uma referência ao simbolismo da libertação.

A comissão de frente, por sua vez, surpreendeu o público ao utilizar drones que lançaram chapéus ao ar, criando uma coreografia impactante em meio a labaredas reais e fogo cenográfico, que reforçaram a atmosfera de luta e resistência.
A bateria da Viradouro, com impressionantes 282 ritmistas, percorreu a Sapucaí de forma vibrante e contagiante.
A rainha da bateria, Erika Januza, brilhou intensamente em uma fantasia dourada, que exalava fumaça, simbolizando o poder e a força de Malunguinho.
A Viradouro trouxe, com seu desfile, uma poderosa homenagem à resistência e à luta pela liberdade, levando para a avenida uma história de coragem, cultura e fé.
E fechando a noite: Mangueira.
A Mangueira, última escola a desfilar na Sapucaí, trouxe um enredo poderoso e celebratório sobre a contribuição dos povos bantos, de Angola, para a cultura, sociedade e religião do Rio de Janeiro.
Com o tema “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, a verde e rosa homenageou a riqueza da herança africana na cidade, com um olhar atento às lutas e vitórias dos descendentes bantos.
A comissão de frente, com uma proposta impactante, apresentou três momentos distintos: a alegria da vida na África, o sofrimento da escravidão e o renascimento dos negros no Rio de Janeiro.

Os dançarinos, chamados de “crias”, deram vida à história com passinhos e pipas em drones, que simbolizavam as comunidades cariocas e a herança banto que perdura nas ruas da cidade.
O samba da Mangueira, contagiante e empolgante, foi acompanhado por todo o público do começo ao fim, criando uma conexão profunda com a energia da escola.
A bateria, com seus ritmos vibrantes, transitou do funk à macumba, trazendo um mix de sonoridades que emocionou os presentes.
A ala “Palavra Plantada” foi um dos momentos mais marcantes, celebrando a forte influência banta na língua portuguesa do Rio de Janeiro e o famoso “pretuguês”.
Com figurinos que traziam espadas de Santa Bárbara e palavras como “bamba”, “bunda”, “pinga”, “cuíca” e “xodó”, a Mangueira fez uma poderosa homenagem à contribuição banta, reafirmando a importância dessa cultura para a construção da identidade carioca.