A recente ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos trouxe alívio a parte da população. Mas, como lembra o professor Paulo Feldman, da FIA Business School, a ausência de reajuste anual da tabela pelo índice da inflação faz com que assalariados paguem, na prática, mais impostos a cada ano. Ele compara: enquanto o superávit da arrecadação vem sobre a renda do trabalho, os mais ricos concentram ganhos em lucros, dividendos e aplicações financeiras, isentos no Brasil.
Classe média é mais afetada
Feldman destaca que, apesar da inflação projetada para 2025 ser relativamente baixa, entre 4,5% e 5%, a não correção afeta sobretudo a classe média, já que famílias com renda até R$ 5 mil ficaram isentas. O professor ressalta a distorção: ele próprio diz pagar cerca de 15% sobre seus rendimentos anuais, enquanto o 1% mais rico do país paga entre 5% e 8%.
Para ele, o debate sobre justiça tributária deveria priorizar a taxação dos super-ricos, algo travado pelo Congresso. “Não tem cabimento que os mais vulneráveis e a classe média paguem mais imposto que quem concentra renda”, conclui.



