O som inconfundível de Jackson do Pandeiro, o “Rei do Ritmo”, agora faz parte oficialmente do patrimônio cultural imaterial do Estado da Paraíba. O reconhecimento, aprovado pela Assembleia Legislativa e sancionado pelo governo estadual, é uma homenagem à genialidade e à contribuição do artista para a música e a identidade cultural brasileira.
Nascido José Gomes Filho, em 31 de agosto de 1919, em Alagoa Grande (PB), Jackson cresceu imerso nas tradições populares nordestinas, cercado pelo coco, o forró, o xote e o baião. Filho de uma tocadora de zabumba e cantora de coco, aprendeu desde cedo o valor da cadência, da improvisação e da música feita com o coração. Essa vivência moldou o artista que, décadas depois, transformaria a música popular brasileira com sua criatividade, técnica e alegria.
Chamado de “Rei do Ritmo” por sua capacidade única de misturar diferentes gêneros e reinventar o modo de cantar e tocar, Jackson do Pandeiro foi um divisor de águas na música nacional. Sua voz, sua divisão rítmica e seu balanço sincopado marcaram uma geração e inspiraram muitas outras.
Confira abaixo 3 grandes sucessos:
O título de patrimônio cultural imaterial da Paraíba é mais do que uma homenagem póstuma. É um gesto de preservação e valorização da memória cultural nordestina. O reconhecimento garante que a obra de Jackson seja mantida viva, incentivando pesquisas, eventos e políticas públicas voltadas à difusão de sua história e de sua importância para a cultura popular brasileira. Em Alagoa Grande, sua cidade natal, o Museu Jackson do Pandeiro já cumpre esse papel, reunindo instrumentos, figurinos, gravações e fotografias que ajudam a contar a trajetória de um dos maiores nomes da música brasileira. Com o novo título, espera-se que o espaço e outras iniciativas culturais ganhem ainda mais força e visibilidade.
Mais do que um músico talentoso, Jackson foi um cronista do povo. Suas letras retratam o cotidiano nordestino, o humor, a esperteza e a sabedoria popular. Ele cantava sobre a vida simples, o amor, o trabalho e as festas, transformando o que via e ouvia nas ruas em poesia ritmada. Sua música é um reflexo do Brasil real — diverso, criativo e resistente. Mesmo após sua morte, em 1982, seu legado continua a ecoar. O centenário de seu nascimento, celebrado em 2019, reacendeu o interesse por sua obra e mostrou que seu ritmo continua atual. Em 2022, Jackson foi tema do enredo da Unidos do Viradouro, que levou para o Carnaval do Rio de Janeiro o brilho, a energia e a alegria de sua música.
O reconhecimento de Jackson do Pandeiro como patrimônio cultural imaterial reforça o papel da Paraíba como berço de grandes nomes da cultura brasileira e reafirma o valor da música popular como expressão de identidade e resistência. Patrimônio imaterial é aquilo que não se pega, mas se sente — algo que vive nas tradições, nas festas, nos saberes e nos sons de um povo. E é justamente isso que Jackson representa: a alma vibrante do Nordeste, a batida do pandeiro que ecoa nas feiras, nas praças e nas festas juninas, lembrando que o ritmo é a linguagem mais autêntica do Brasil.

Com essa conquista, Jackson do Pandeiro entra definitivamente para o panteão dos grandes mestres da música brasileira, ao lado de nomes como Luiz Gonzaga, Marinês, Sivuca e Dominguinhos. Sua obra é um elo entre o passado e o futuro, entre o sertão e o mundo. A cada toque de pandeiro, sua arte reafirma a força da cultura popular e a importância de manter vivas as vozes que contaram, com ritmo e poesia, a história do nosso país.
Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Novabrasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se já www.forumbrasildiverso.org



