Herança marca o retorno de Jorge Aragão aos estúdios após 19 anos, desde E aí? (2006). No trabalho que acaba de ser lançado, o cantor volta a flertar com a música nordestina, território que já havia explorado no álbum Verão (1983), ao gravar xotes e toadas que destoavam do seu repertório tradicional.
Desta vez, Aragão mergulha em gêneros como xote e baião, propondo releituras de clássicos e duas composições inéditas próprias, mas o resultado não empolga como se esperava.
Com apenas sete faixas e 20 minutos de duração, Herança se situa na fronteira entre álbum e EP. O projeto reúne duas canções inéditas — Nos jardins da sedução, de lirismo delicado, e Rede velha, com toques sensuais — além de versões para cinco clássicos do cancioneiro nordestino.
Entre as regravações, há momentos de boa melancolia, como em Qui nem jiló, mas outras faixas perdem força, a exemplo de Numa sala de reboco, onde falta o vigor característico do forró, e Chupando gelo, que perde a irreverência do coco de duplo sentido popularizado pelo Trio Nordestino.
A escolha de Aragão por um repertório tão distante de seu samba tradicional torna o disco surpreendente, mas não necessariamente sedutor. Mesmo relembrando nomes como Luiz Gonzaga e Alceu Valença, o cantor carioca de ascendência amazonense não consegue imprimir a energia necessária para sustentar o clima festivo do forró. Assim, Herança acaba soando apático, destoando do histórico brilhante do artista.
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Capa do álbum ‘Herança’. Foto: Divulgação



