Jorge Aragão: o tratamento e a luta contra o câncer

“Quando eu entro numa máquina dessas de ficar muito tempo – mais de uma hora fazendo exame -, só a música que me abraça, que me envolve. É um cobertor.”. O desabafo é do cantor Jorge Aragão, que falou após voltar aos palcos depois de uma longa pausa para tratamento de um câncer.

O cantor se apresentou em Madureira, há uma semana, em seu primeiro show após o início do tratamento contra um linfoma não Hodgin – câncer no sistema linfático descoberto em julho deste ano. Ele já passou por sua segunda quimioterapia.

Jorge Aragão foi diagnosticado em julho com um câncer no sistema linfático| Foto: Reprodução/Instagram

O papel da música no tratamento de Jorge Aragão

Ainda sobre o papel da música no seu tratamento, Jorge Aragão falou sobre a sensação de voltar aos palcos:

“A gritaria que eu ouvia, a energia que subia, o pessoal ficou muito tempo gritando, numa cama de orações e energias boas, muito forte para mim. Me fez caminhar até a frente do palco. Ali eu não aguentei – eu estou vivo!”.

Os médicos de Jorge Aragão permitiram que ele continuasse se apresentando durante o tratamento, que deve levar 5 meses para ser concluído.

Em entrevista ao Fantástico neste domingo, ao tirar o gorro e mostrar a cabeça raspada, Aragão se emocionou. A jornalista Renata Ceribelli, que conduziu a entrevista, perguntou se aquele sentimento lhe fazia bem.

“Faz bem, faz bem. Esse sou eu. É um renascimento, Renata”, respondeu o cantor.

No final da entrevista, o artista ainda cantou à capela um trecho de sua nova música.

“Estou de cara com esse amor / surreal devastador / na real passei por nada igual, nem perto / digamos que eu venha a sofrer / faz parte, quero nem saber / nao sei se dá pra perceber / to tão feliz, chega a doer.”, diz a letra.

Outras personalidades brasileiras já receberam o mesmo diagnóstico

O linfoma não Hodgin, doença que acometeu o cantor, outras figuras conhecidas também já receberam o mesmo diagnóstico. É o caso dos atores Reynaldo Gianecchini, Edson Celulari e Michael C. Hall, da ex-presidente Dilma Rousseff e da dramaturga Gloria Perez.

Entre os sintomas, estão inchaços nos gânglios linfáticos na região do pescoço, virilha e axila, febre, dor de barriga ou no corpo, perda de peso, aumento do volume do tórax e do abdômen, tosse e falta de ar.

Jorge Aragão

O veterano sambista carioca começou a tocar violão e arriscar suas primeiras composições aos 14 anos, quando escutava Jovem Guarda no rádio de casa e aprendeu a tocar algumas canções da época em um violão emprestado.

Por já saber fazer alguns solos de guitarra, foi chamado para ser guitarrista solo de um conjunto que ensaiava em Honório Gurgel e tocava em bailes. Depois, fez parte da Ala de Compositores do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos.

Até que Jorge Aragão foi para a aeronáutica, servir na base aérea no bairro de Santa Cruz, e lá, conheceu Jotabê, que tornou-se seu grande parceiro. Ali, ele conta que os dois compuseram juntos várias canções que não eram sambas, até que um dia – entre essas composições – surgiu o clássico “Malandro“, um dos primeiros sambas de Jorge.

O sucesso de ‘Malandro’

Isso era meados dos anos 60. Os anos foram passando, Jorge Aragão seguiu sua vida, passou a se apresentar com seu violão na noite carioca, mas ainda estava muito longe de ganhar dinheiro com música.

Foi quando um dia, 10 anos depois, estava com seu violão na calçada de casa e seu vizinho – o Alcir Portela, que era capitão do time do Vasco na época – pediu pra que ele mostrasse algumas músicas suas ao violão.

Jorge mostrou várias canções, entre elas, Malandro. Alcir gostou muito do que ouviu e apresentou Jorge a Neocy – que depois foi integrante do Fundo de Quintal junto com Aragão.

O sambista o levou até a Tapecar, uma gravadora importante na época, apresentou Jorge Aragão como seu “canarinho” e falou que ele tinha ótimas composições.

Os executivos gostaram muito de Malandro e mandaram o samba imediatamente para Elza Soares, que estava no auge na época e quis incluir a canção em seu disco Lição de Vida, de 1976. Malandro é a faixa que abre o álbum de Elza. A belíssima gravação de Elza Soares projetou o nome de Jorge Aragão para o Brasil inteiro.

Os sucessos de Jorge Aragão

Em seguida, o sambista passou a integrar o Fundo de Quintal, participando do primeiro disco do grupo, de 1980, e sendo um de seus principais compositores e letristas.

Logo depois – em 1981 – seguiu para a carreira solo, lançando o seu primeiro disco, Jorge Aragão, que traz várias outras parcerias com Jotabê.

Com mais de 20 discos lançados, Jorge Aragão tem entre os seus maiores sucessos a canção “Coisinha do Pai” (parceria com Almir Guineto e Luiz Carlos), uma homenagem para sua filha Vânia, consagrada na gravação de Beth Carvalho de 1979 e que ganhou uma gravação inédita em 1997 para acordar o robô Soujorner, em missão da Mars Pathfinder, em Marte.

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