No último mês, a Lambada brasileira voltou a ocupar os holofotes internacionais porque a estrela pop colombiana Karol G resolveu incluir passos de lambada na coreografia de seu recém-lançado hit “Papasito”, do álbum “Tropicoqueta“, que chegou às plataformas musicais no dia 20 de junho.
Mas não é de hoje que este gênero musical brasileiro – que também é uma dança – vem ganhando projeção no mundo inteiro.
Tudo sobre a Lambada
Com origens nos anos 70, na Região Norte do Brasil, mais especificamente no estado do Pará, a Lambada tem, como base, o carimbó e a guitarrada e foi influenciada também por ritmos como a cúmbia e o merengue.
O gênero musical surgiu no cenário fonográfico brasileiro, inicialmente, por meio do músico e compositor de carimbó Pinduca, com a gravação da faixa instrumental “Lambada (Sambão)”, no disco “No embalo do Carimbó e Sirimbó Volume 5”, de 1976.
Depois, em 1978, foi lançado “Lambada das Quebradas“, do guitarrista paraense Mestre Vieira, primeiro álbum com músicas exclusivamente do gênero.
Durante a década de 80, o estilo se popularizou para fora Estado do Pará e impulsionou o sucesso de novos artistas, como Carlos Santos, Beto Barbosa, Aldo Sena, Oseas, Beto Douglas, Teixeira de Manaus, Alípio Martins, Nonato do Cavaquinho, Solano, Gerônimo, entre outros.
No fim dos anos 80, a lambada tornou-se mundialmente reconhecida através do grupo franco-brasileiro Kaoma, criado por empresários franceses.
Foi esse o período de maior ascensão da Lambada. Com uma gigantesca estrutura de marketing e músicos populares, o grupo lançou, em 1989, a lambada na Europa e em outros continentes.
O boom aconteceu quando eles gravaram uma versão da música “Llorando Se Fue”, de Ulisses e Gonzalo Hermosa, lançada pelo grupo boliviano Los Kjarkas em 1981.
Adaptada ao ritmo, essa canção ganhou uma versão em português, composta pela cantora mineira Márcia Ferreira em parceria com José Ari e lançada por Márcia em 1986, com o nome de “Chorando Se Foi“.
Em 1989, o grupo Kaoma lançou uma versão da canção no seu álbum “Worldbeat”, tornando-se o maior hit da Lambada. Esse mesmo álbum, conta também com a música “Dançando Lambada”, outro grande hit do gênero, composição de Zé Maria.
Em um primeiro momento os produtores da banda não creditaram a música aos compositores da versão em português e depois sofreram um processo indenizatório por conta disso.
A versão da banda Kaoma atingiu o primeiro lugar nas paradas da Áustria, do Brasil, da França, da Noruega, da Suécia e da Suíça quase simultaneamente. Também atingiu um sucesso relativamente alto em países de língua inglesa (um fato muito raro para canções brasileiras), tendo atingido a 5ª posição na Austrália, a 4ª no Reino Unido e a 46ª nos Estados Unidos.
No mundo inteiro, a Lambada tornou-se um grande sucesso e, em pouco tempo, estava presente em shows, filmes, programas de auditório e novelas. Músicos do brasil e do mundo passaram a compôr e lançar
Dançando Lambada
Já a dança Lambada teve sua origem a partir de uma variação do carimbó, que passou a ser dançado por duplas abraçadas ao invés de duplas soltas.
O carimbó é tanto gênero musical quanto dança típica do estado do Pará , Região Norte do Brasil, cujas origens remetem ao século XVIII. Sua constituição agrega influências caboclas, africanas, indígenas e portuguesas, e é um dos principais gêneros constitutivos da lambada.
Na forma tradicional, musicalmente, o carimbó é acompanhado por tambores de tronco de árvores, flauta ou sax, maracas, banjo amazônico e voz. Já a dança, tem influências da fricção étnica dos povos que construíram a Amazônia, por isso, há elementos herdados das danças indígenas como o toré, a movimentação pélvica das danças africanas e movimentos de giros das danças de corte europeias.
Assim como o forró, a Lambada tem, na polca, sua referência principal para o passo básico, somando-se o balão apagado, o pião e outras figuras do maxixe. Usa, normalmente, as cabeças dos tempos e o meio do tempo par: se começarmos a dançar no “um”, para as trocas de peso, pisa-se no “um”, no “dois” e no “e” – que é chamado de contratempo.
A mistura do carimbó com a música metálica e eletrônica do Caribe caíram no gosto popular e se disseminaram, em um primeiro momento, na Região Nordeste do Brasil e depois no país inteiro, ganhando também proporções internacionais.
Tudo isso aconteceu na época do auge do carnaval baiano e do Axé Music (saiba tudo sobre o gênero nesta matéria especial) que apresentou a lambada ao Brasil.
A necessidade do espetáculo fez com que os dançarinos criassem coreografias cada vez mais ousadas, com giros e acrobacias. Mesmo depois do gênero musical Lambada sair dessa fase de evidência – sem nunca sair de cena, como bem vimos agora com Karol G, ou quando a cantora Jennifer Lopez readaptou o sucesso “Chorando se Foi” para um single em ritmo eletrônico chamado “On the Floor” – a dança segue viva nos salões e lambaterias.



