Ser doce e intensa, entre o cuidado e a rebeldia: esse é o caminho que Ludom constrói para apresentar seu segundo disco, “Ludom”, disponível em todas as plataformas digitais. Sete anos após seu disco de estreia (Liberte Esse Banzo, 2018), a cantora, compositora, produtora musical e historiadora chega ao novo trabalho traduzindo em canções de abordagem pop todo o percurso feito por ela e por sua música na última década, quando se firmou como um nome fora do Brasil. Entre a bagagem que acumulou em turnês no Canadá, Chile, Colômbia e Estados Unidos, e o desejo de se projetar ainda mais nacionalmente, Ludom está pronta para se jogar no mundo, sem medo de ser quem é.

“Ludom”, que tem produção coletiva de Felipe Rodarte, Ilarindo, Ludom, Rodrigo Ferrera e Theo Zagrae , direção artística de Constança Scofield, e participação especial de Bia Ferreira, reúne 11 faixas, em composições solo ou em parceria. O disco reflete a caminhada da artista entre a conquista da licenciatura e bacharelado em História na UERJ e suas participações em festivais nacionais e internacionais – como MIMO, SIM São Paulo, Brasil Summerfest (EUA) e B.L.A.C (Canadá) –, além de turnês no Chile, Colômbia, Estados Unidos e França. As referências da MPB, do afrobeat do Fela Kuti e do mantra do Mulatu Astatke se misturam ao rap, hiphop e gospel, e se condensam em um som afro-diaspórico e refinado, mas ainda assim pop.
“O que tem me movido na escuta dos sons é a intenção de cada um deles: os grooves de baixo, guitarras, distorções, e a letra. Quando comecei a escrever o álbum, eu quis falar sobre algo mais sensível, emocional, que tivesse textura e profundidade”, compartilha.
O som complexo e inspirado é carregado pelas letras, que abordam temas como fim de relacionamento, esgotamento mental, questões existenciais e injustiças sociais. Todas as faixas são composições de Ludom, seja em solo ou ao lado de nomes como Kwesi Foli e Davidson Ilarindo; tudo é muito sincero, e é na sinceridade que suas raízes tornam-se profundas e sustentam seu florescimento: “esse disco nasceu num momento em que eu estava lidando com o fim de ciclos pessoais e profissionais, e precisei aprender a ser franca comigo mesma”, reflete. Entre suas fraquezas e franquezas, está a sua vulnerabilidade, bandeira que carrega não só o seu disco, mas o seu processo artístico.
“Falar de vulnerabilidade, pra mim é uma forma de resistência. Porque o mundo espera da mulher negra uma força quase inumana, e eu quis falar das brechas”, a artista explica. Nas frestas dessa janela, são vistas falhas e cansaços, mas também potências, amor, ancestralidade, política e reinvenção. Tudo faz parte do processo de existir com sensibilidade, em um tempo em que a humanidade é deixada de lado sob um pretexto de força intocável e de neutralidade quanto a injustiças.
DE LUCIANE DOM A LUDOM
Conhecida anteriormente como Luciane Dom, Ludom batiza o seu segundo disco com o nome que adotou para sua trajetória artística a partir agora, e não por acaso: “Ludom” marca seu renascimento – uma mulher mais firme, vivida, e ousada; que sabe o que e como dizer; que já viajou muito e pousa onde quer. “Agora tudo cabe. Ludom é essa síntese: mais direta, mais presente do meu eu”, a artista defende.
Em meio a esse processo, então, Ludom chama o público para se conectar a suas melodias, e costurar sua própria história a suas letras; um convite para olhar para dentro e para fora com mais cuidado e calma. Ela reforça: “Esse é o momento em que eu deixo de pedir licença pra existir e simplesmente existo, com tudo o que sou”. Sem o que os outros pensam; agora é a hora de olhar para o que se sente – e se deixar sentir.



