Imagine um mundo onde qualquer entrevista de emprego pode ser hackeada em tempo real por uma IA que lê a tela, escuta a conversa e entrega as respostas prontinhas antes mesmo do candidato pensar. Bem-vindo ao universo da Cluely, a startup que botou US$ 15 milhões no bolso da Andreessen Horowitz e causou polêmica já no slogan: cheat on everything.
Sabe aquele frio na barriga antes do “me conte sobre você”? A IA já está suando no seu lugar. Só que agora a discussão muda de lado. RH que investiu pesado em inteligência artificial pra filtrar currículo, rodar teste online e detectar mentira em vídeo, vai precisar mesmo é de detector de truque. Porque o que antes era só “colar” virou parte do jogo, patrocinado pelo próprio mercado de tecnologia.
E aí, vamos voltar com as entrevistas presenciais, olho no olho, cheiro de café, papel na mesa, celular no armário? Ou seguimos acreditando que IA de um lado vai derrotar IA do outro e, no fim, vence quem programa melhor o robô?
O Cluely deixa a pergunta no ar: se todo mundo pode colar, o que ainda vale ser avaliado? Para o candidato, vale se perguntar se a vitória é sua ou da máquina. Para a empresa, fica o aviso: não adianta querer parecer moderna usando IA se não percebe que o truque agora é recíproco.
No fim, talvez o mais humano na seleção seja voltar pro presencial, suar a camisa de verdade e lembrar que, quando a tecnologia equaliza tudo, só a autenticidade diferencia alguém. Se é pra inovar, melhor já preparar o detector de cola — ou o cafezinho.
