Mansur: “Três temas foram destaques absolutos no SXSW 2025: IA, saúde mental e longevidade”

Imagine um futuro onde você pode viver até os 120 anos, com um chip neural que te lembra de beber água, uma IA que escreve seus e-mails e um mercado de trabalho que virou uma zona de recreação para robôs. Parece incrível? Ou seria um roteiro de ficção distópica?

O avanço da biotecnologia e da IA está acelerando nossa expectativa de vida. Com startups como a Glidance, vencedora da categoria HealthTech no SXSW Pitch 2025, desenvolvendo soluções para envelhecimento ativo, não é irreal pensar que ultrapassaremos os 120 anos com relativa facilidade. Mas, se o corpo vai bem, e a mente?

Saúde mental foi um dos grandes temas do evento. Se já estamos lutando contra burnout, ansiedade e depressão numa sociedade hiperconectada, como será quando tivermos que lidar com décadas extras de existência e redefinir o que significa “trabalho” em um mundo dominado pela IA?

Com ferramentas como a Polygraf AI, campeã da categoria Future of Work no SXSW 2025, a automatização de decisões complexas está em pleno vapor. Isso significa que muitos dos empregos que conhecemos hoje estão sendo transformados ou simplesmente desaparecendo.

E o que acontece com a identidade de uma pessoa quando seu emprego, que historicamente dava sentido à vida, é substituído por uma IA que faz tudo mais rápido e melhor? Teremos mais tempo livre, mas teremos dinheiro para aproveitar? Além disso, não sabemos lidar com tanto tempo livre.

As estatísticas mostram que a solidão e a falta de propósito estão se tornando epidemias silenciosas. No SXSW, especialistas discutiram como a IA pode ser usada para criar novas formas de conexão social e significado, desde assistentes pessoais que atuam como coaches de vida até algoritmos que ajudam a descobrir novos hobbies e paixões.

Enquanto a IA promete nos libertar do trabalho repetitivo e aumentar nossa longevidade, ela também pode intensificar os desafios psicológicos. Redes neurais treinadas para otimizar nossa produtividade também alimentam nosso vício por aprovação e dopamina digital.

No SXSW 2025, uma das sessões mais comentadas foi sobre o “paradoxo do bem-estar digital”: como a tecnologia que nos conecta também pode nos isolar e impactar negativamente nossa saúde mental. Se vamos viver até os 120 anos, a grande questão não é apenas “como?”, mas “para quê?”.

No SXSW 2025, ficou claro que a resposta passa por redesenhar nossa relação com o trabalho, redefinir o que significa comunidade e usar a tecnologia para ampliar o bem-estar e não apenas a produtividade.

Talvez o futuro não seja sobre encontrar um emprego que sobreviva à IA, mas encontrar um motivo para viver por mais 60 anos sem enlouquecer no caminho. E, para mim, a resposta está em algo que a tecnologia nunca vai substituir: família, um bom café, uma risada espontânea ou uma conversa que faz esquecer o tempo. Sejamos otimistas: talvez viver mais signifique aprender a viver melhor.

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