O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 14,25% ao ano, e a expectativa no mercado financeiro é de um dia de correção. A Bolsa deve apresentar queda, enquanto o dólar pode fechar em alta. A análise foi feita pelo especialista Alisson Correa, entrevistado na manhã desta quinta-feira (20), no Jornal Novabrasil, com apresentação de Heródoto Barbeiro.
“No mercado, dizemos que sobe no boato e cai no fato”, explicou Correa. Segundo ele, o mercado já havia precificado o aumento da Selic, mas agora os investidores aproveitam para realizar lucros, gerando um ajuste nos preços.
Juros altos atraem capital estrangeiro especulativo
Com a Selic elevada, o Brasil se torna um dos países com maior taxa de juros real do mundo. Isso atrai investidores internacionais que buscam retornos rápidos na renda fixa. “Temos uma entrada forte de capital estrangeiro, mas não é um dinheiro de qualidade, é puramente especulativo”, destacou Correa.
Esse fluxo financeiro pode ser retirado do país rapidamente caso haja mudanças na economia global. “Ao menor sinal de instabilidade, esse capital sai do Brasil e volta para mercados mais seguros”, alertou o especialista.
Comparação com outros países e impacto no crédito
A decisão do Banco Central brasileiro contrasta com as políticas adotadas em outras economias. “Tivemos reuniões dos principais bancos centrais do mundo, e o Brasil foi o único a elevar a taxa de juros”, afirmou Correa. Enquanto Estados Unidos, China, Japão e Reino Unido mantiveram suas taxas estáveis, a Suíça foi o único país a reduzi-las.
Para o consumidor, a Selic alta significa crédito mais caro. “O acesso ao dinheiro fica muito difícil, o que prejudica principalmente aqueles que precisam de empréstimos para manter negócios ou pagar dívidas”, explicou Correa. A previsão é que a taxa chegue a 15% até o fim do ano, o que pode impactar ainda mais a economia.
O que esperar do mercado nos próximos dias?
Apesar do ajuste momentâneo, a tendência do mercado financeiro dependerá do cenário político e econômico. “O Brasil continua sem um plano fiscal validado pelo mercado, o que gera incertezas”, destacou Correa.
A recomendação para investidores é ter cautela e acompanhar de perto os próximos desdobramentos da economia global e das decisões do Banco Central.