“Moraes é frevo” reúne canções de Moraes Moreira com arranjos de maestros das ruas de Pernambuco

Colegas na banda que acompanha Marisa Monte na turnê “Portas”, o guitarrista Davi Moraes e o baterista Pupillo nos últimos meses passaram boa parte do tempo de estrada, hotéis e aeroportos papeando — muitas vezes sobre música. Nessas conversas, um assunto era constante: Moraes Moreira. Em especial, a relação do compositor, novo e eterno baiano, com Pernambuco, refletida em grande medida em sua produção de frevos. Dessas conversas surge o álbum “Moraes é frevo” (Muzak Music) — idealizado por Pupillo, Davi e pelo produtor Marcelo Soares.

“Veio a ideia: vamos fazer um disco de frevo com cantores convidados e com os arranjos de sopro feitos pelos arranjadores de Pernambuco que Moraes tanto amava e que amavam ele”, explica Davi, filho do compositor. “Meu pai esteve muito próximo deles, mas produziu muitos de seus frevos na época de seu grande encontro com (o produtor e arranjador) Lincoln Olivetti. Ou seja, ele não chegou a gravar com essa escola de arranjadores de Recife”, explica.

Davi Moraes e Pupillo l Foto de Pablo Savalla

 

A escola a que Davi se refere aparece em “Moraes é frevo” em diferentes gerações, nas figuras dos maestros Duda, Nilsinho Amarante, Spok e Henrique Albino, que dividem os arranjos do álbum que traz dez faixas. Representantes de Pernambuco também estão presentes na lista de cantores. Lenine, Otto e Uana sustentam o sotaque do estado, cujas fronteiras se ampliam na direção do restante do time de convidados: Céu, Agnes Nunes, Maria Rita, Moreno Veloso, Luiz Caldas e Criolo.

A relação de Moraes com o frevo e com Pernambuco tem raízes fundas. O carnaval baiano do trio elétrico, invenção de Dodô e Osmar, nasce baseado no frevo relido pelo olhar de Salvador. E Moraes, quando pôs letra no frevo “Pombo correio” (já na época um sucesso do carnaval em sua versão instrumental), tornou-se o primeiro cantor dos trios, ajudando a redefinir a folia baiana.

Em “Moraes é frevo”, a faixa foi reinterpretada por Otto. Já Criolo dá nova roupagem à “Preta pretinha”, no único arranjo do disco assinado por Spok — como músico, ele esteve presente em todas as faixas. A versão partiu de uma gravação pouco conhecida da canção, em ritmo de frevo, feita pelos Novos Baianos. A roupa do frevo caiu à perfeição na parceria de Moraes e Galvão. “Criolo tem uma voz que podia ser dos Novos Baianos. Tem um timbre entre Paulinho (Boca de Cantor) e meu pai”, comenta Davi.

Já disponível em todas as plataformas digitais, o álbum tem capa assinada por Magoo Felix e sintetiza essa relação Bahia-Pernambuco que se dá em Moraes.

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